A Educação Integral é um conceito de educação que entende a importância de trabalhar o desenvolvimento das pessoas como seres únicos e complexos, em suas diferentes dimensões – física, emocional, intelectual, social e cultural.
Ainda que uma parte essencial da Educação Integral possa acontecer na escola, ela não está restrita ao ambiente escolar. Pelo contrário, toda e qualquer experiência que sirva de aprendizado pode ser incluída no processo da Educação Integral.
Como nós somos educados e aprendemos durante toda a vida, uma Educação Integral precisa considerar a escola, a família, a comunidade e todos os ambientes em que a pessoa circula como potenciais oportunidades para uma aprendizagem valiosa.
Assim se torna possível desenvolver indivíduos com autonomia, pensamento crítico, iniciativa, colaboração e responsabilidade, tanto com os demais quanto consigo.
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Diferença entre Educação Integral e Ensino em Tempo Integral
A Educação Integral não implica, necessariamente, em aumento da carga horária dos alunos na escola, ainda que esse seja um desejo e um ideal. Uma instituição pode optar pela Educação Integral e ainda assim oferecer uma proposta educativa segmentada em turnos da manhã, tarde e noite, por exemplo.
O contrário também acontece: um aluno que passa o dia todo na escola pode não estar sendo desenvolvido integralmente se não houver uma proposta educacional que o veja como um ser humano com muitas dimensões, inserido em uma comunidade com desafios reais, questões próprias da idade etc.
Assim, Educação Integral se relaciona com o tempo no sentido de que é preciso haver mais tempo para a formação humana, mas crer que é apenas na escola que se dá essa formação e que, por isso, a carga horária deve ser aumentada, é um equívoco. Muitas vezes, inclusive, é fora da escola que se dão grandes marcos da formação de um ser humano.
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Pontos-chave da Educação Integral
De acordo com o Centro de Referência em Educação Integral, instituição que promove e compartilha informações sobre o tema no Brasil, existem alguns princípios que norteiam a Educação Integral. Saiba mais sobre cada um deles a seguir.
O estudante é o centro de tudo
Todo o processo educativo, incluindo o que será estudado, que atividades serão realizadas e em que ambientes esse aprendizado vai ocorrer deve ser definido a partir das necessidades, interesses e demandas dos pequenos.
As crianças e jovens deixam de ser vistos como “folhas em branco” e passam a ser considerados pelo que, de fato, são: seres capazes, multipotenciais, com direitos e uma voz, que precisa ser ouvida e respeitada.
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A aprendizagem permanente e o currículo integrado
Esse princípio diz respeito ao fato de que podemos aprender em todas as situações e ambientes, tanto na escola quanto fora dela. Fala também sobre a importância de articular os conteúdos vistos e trabalhados na escola com aqueles encontrados fora dela, nas relações com a comunidade.
Inclusão
A Educação Integral propõe não apenas o respeito mas a valorização de todas as diferenças existentes na sociedade, sejam elas representadas por deficiências, condição econômica, origem geográfica, orientação sexual, crença, origem étnica e muito mais.
A educação integral propõe reconhecer a existência e abolir qualquer tipo de barreira (política, cultural, atitudinal e arquitetônica) para que todos os espaços sejam inclusivos, mas a proposta vai além de garantir o acesso. Especificamente no que diz respeito à escola, a ideia é defender também a chamada permanência qualificada desses alunos em turmas comuns da rede regular.
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Gestão democrática
Esse princípio fala sobre o envolvimento efetivo de todas as partes interessadas nos projetos, estratégias e práticas educativas, desde o planejamento até a avaliação dos resultados. Aqui a participação dos alunos, ainda que sejam crianças pequenas, é fundamental. É esse envolvimento que garante que o processo educativo seja verdadeiramente voltado para os interesses e necessidades dos alunos.
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Ampliação do tempo
O desenvolvimento e a formação humana acontecem durante toda a vida, e ainda que não estejam restritos ao espaço e às experiências escolares, a escola é o seu principal articulador.
Com isso, a Educação Integral entende que pode ser necessário ampliar a jornada escolar para integrar diferentes espaços e tempos de aprendizagem, diversificando o máximo possível as interações a que um indivíduo tem acesso.
Ambiência
O local onde as aprendizagens vão ocorrer deve ser propício para promover trocas, construção coletiva, participação, engajamento, criatividade e diálogo. Aqui estão inseridas não apenas as salas de aula convencionais mas todos os espaços da escola e também fora dela.
Território e intersetorialidade
Segundo a Educação Integral, o território influencia diretamente na aprendizagem no que diz respeito:
- ao contexto: identidades, cultura, condições de vida e história;
- à participação: mobilização das pessoas e real envolvimento nos projetos educativos;
- ao conhecimento: saberes e recursos voltados para novos aprendizados;
- e à intersetorialidade: garantia de condições dignas de vida e direitos para que os alunos possam aprender.
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Motivos para apoiar a Educação Integral
Como você pode ver, os motivos para apoiar a adoção de estratégias e projetos de Educação Integral são muitos. Acreditamos que o principal deles é incentivar e difundir uma visão sobre os indivíduos como seres que aprendem durante toda a vida, em todos os ambientes, e com diferentes “professores”, que muitas vezes são os próprios pais, os amigos e vizinhos. Sendo assim, a responsabilidade pela formação humana das crianças e dos jovens é de todos, e não apenas dos seus cuidadores e dos professores nas escolas.
O foco na formação da autonomia, no desenvolvimento da capacidade de tomar decisões conscientes e bem fundamentadas é determinante para que crianças e jovens possam crescer e se desenvolver com confiança, identificando que passos precisam dar para conquistar seus objetivos.