“Meu filho não quer dormir, ou dorme demais.” “Estou com insônia ou com sono atrasado.” Se você ou sua família não enfrentam problemas para dormir durante o isolamento social, Acom certeza você conhece alguém que passa por isso e já disse alguma dessas coisas. A pandemia nos fez adaptar nossas rotinas e nos trouxe perdas ou inseguranças sobre o nosso futuro. Com isso, a falta de sono, ou mesmo o sono desregulado, é bem comum.
De acordo com a psicanalista e pedagoga Melanie Salgado, as pessoas podem sentir alteração até nos sonhos. “O excesso de sonhos estranhos e que são lembrados com mais frequência são verificados entre os pacientes. Além disso, as pessoas tendem a sentir mais agitação noturna, e, nas crianças, pode acontecer a perda do controle da bexiga e a ida mais frequente para a cama dos pais”, enumera.
Aliadas às emoções do período, algumas mudanças contribuem para os distúrbios do sono durante a pandemia. A quebra de rotina, falta de socialização, a diminuição dos elementos e cenários no dia a dia, tudo isso pode alterar o seu descanso. Modificações na alimentação e o excesso de telas (o aumento do uso do celular ou mesmo a intensificação do computador no home office) também estão entre os fatores listados.
Meu filho não quer dormir. E agora?
Se você sente que o seu sono ou de seus filhos mudou durante a quarentena, estabelecer uma rotina pode ser a melhor saída, porque a previsibilidade é importante. Mas, atenção, nada de querer fazer grandes reformas comportamentais neste momento. “A quarentena é uma oportunidade para sermos mais disciplinadores, repetindo bons comportamentos. Por estarmos mais em casa, temos mais chance de nos percebermos e observarmos mais as crianças”, explica a especialista. Porém, grandes revoluções de comportamento ou tomadas de decisão não são bem-vindas. “Todo mundo está mais cansado, então o ideal é investir nos pequenos hábitos e na sua repetição”, ressalta.
Que tal transformar a leitura em aliada?
Os livros podem ser grandes aliados na melhoria do sono. Não apenas para os adultos, mas também para os pequenos. Melanie reforça que incluir os livros na rotina noturna dos filhos pode ser muito benéfico. “Antes do jantar ou antes do banho, dependendo das atividades da família, vocês podem escolher juntos o livro que será lido antes de dormir”, indica.
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Além disso, é importante investir um tempo maior para a leitura, que deve ser uma atividade desaceleradora e prazerosa. “Os pais têm que ser pacientes e dedicados nesse momento. Interprete as falas, convide a criança a ‘ler’ com você, fazendo perguntas durante a história para dormir. Não leia de forma automática, como quem lê o relatório da empresa”, recomenda. Para ela, muitos pais acabam perdendo a chance de se debruçar sobre um livro por noite, porque, ao invés disso, a criança fica insatisfeita com a leitura. “Com isso, acabam lendo cinco livros, ou repetindo a mesma leitura várias vezes”.
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Veja outras dicas que podem contribuir na melhoria do sono
Se você está passando por problemas como “meu filho não quer dormir” ou “meu filho dorme demais”, temos algumas dicas para você. Lembre-se de que elas podem ser aplicadas não só na rotina dos pequenos mas na dos adultos também. Confira:
- Planejar e executar uma rotina: a previsibilidade garante tranquilidade e cooperação na hora das atividades. Por isso, atente-se para possíveis sonecas durante o dia que podem atrapalhar o sono noturno;
- Alimentação: defina horários, consuma alimentos leves à noite e, além disso, procure jantar não muito próximo da hora de dormir. Também busque ingerir mais líquidos durante o dia para que não haja compensação no período noturno;
- Iluminação: durante o dia, invista na iluminação natural pelo maior tempo e intensidade possível. À noite, mantenha luz indireta, menos barulho e distância das telas pelo menos uma hora antes de dormir;
- Para os pais, atenção aos aspectos emocionais: ansiedade, insegurança, estresse, bem como o medo são sentidos pelas crianças e podem desestabilizar o sono de toda a família. Por isso, equilibrar trabalho e vida pessoal, além de não se entregar à ansiedade sobre o futuro, é essencial quando se está com crianças na quarentena.
Para a psicanalista, com pequenos ajustes na rotina e inclusão de atividades práticas (que vão além da distração com as telas), os resultados tendem a ser mais positivos. “É essencial que a casa seja um espaço em que haja escuta para todos falarem sobre o que pensam e sentem. Assim, a família passará por esse período de forma saudável e tranquila”, finaliza.
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