Palavras de origem indígena fazem parte da cultura brasileira!

Você nem deve perceber a quantidade de palavras indígenas que usamos diariamente. São milhares de palavras de origem Tupi e de outras línguas indígenas que falamos para nos comunicar, mas dificilmente sabemos de onde elas vêm e qual o real significado.

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As palavras de origem indígena fazem parte do nosso cotidiano e foram incorporadas ao português brasileiro. Seria impossível que isso não acontecesse, pois o Brasil é o lar de vários povos originários. Nesse contexto, a influência das línguas indígenas na língua portuguesa fica bem clara.

A colonização foi responsável por muitas transformações dolorosas no país e diversos povos indígenas e suas línguas foram desaparecendo. Entretanto, a língua portuguesa ainda absorveu fortemente a linguagem e algumas palavras dos povos indígenas.

Se você ainda desconhece a grande quantidade de palavras que usamos todos os dias sem saber que são de origem indígena, vamos mudar isso e conferir agora mesmo a importância de conhecer mais sobre essa diversidade cultural e as palavras indígenas que adotamos em nosso vocabulário.

A importância de conhecermos a origem das palavras indígenas

Quais são as palavras de origem indígena que usamos no português

O uso de termos indígenas no nosso dia a dia não é novidade. Nós sabemos que a cultura brasileira tem referências diversas. Como habitantes nativos do país, os indígenas têm uma influência muito forte não apenas nas palavras, mas também na culinária, nos costumes e tradições.

Entender o passado é importante para que se identifique de onde surgiram tantas diferenças. Apesar de falarmos a língua portuguesa, existiam inúmeras línguas faladas pelos indígenas. Uma parte delas eram oriundas do tupi, considerada uma língua “tronco”.

A partir desse tronco é que surgiu o tupinambá, que foi escolhido pelos portugueses como uma das bases da nossa língua — uma vez que serviria para que os colonizadores pudessem se comunicar com os nativos. Por outro lado, essa escolha também foi responsável pelo apagamento de outras línguas indígenas que eram faladas em diversos povos.

Compreender esse contexto nos ajuda a pensar na valorização das diferenças. Nem tudo diz respeito à nossa bolha, e ter um olhar mais aguçado nos permite entender a diversidade cultural em que estamos inseridos. Por mais que você nem pense ou reflita sobre o assunto, o Brasil é um país que tem uma estrutura indígena bem forte.

Dessa maneira, conhecer sobre o passado nos ajuda a observar o presente e aprender sobre a nossa cultura. Desenvolver a empatia e perceber o próximo abre caminho para observar as origens e as heranças do nosso país — e a linguagem é uma das formas de fazer isso.

Lista de palavras de origem indígena e seus significados

Mesmo sem ter a menor noção da origem, você deve utilizar tantas palavras indígenas no seu dia a dia que terá até um susto com algumas delas. A maioria dessas palavras são substantivos, mas também encontramos adjetivos e verbos.

É difícil calcular toda a contribuição linguística dos indígenas para o português brasileiro, mas é estimado que só do Tupi ainda usamos cerca de 10.000 palavras. No entanto, além do Tupi ainda temos várias outras línguas, e essa é só uma dos milhares de dialetos.

Dito isso, vamos a uma lista de palavras de origem indígena que foram incorporadas ao português, que você deve usar no cotidiano e nem sabe da origem delas. Veja a primeiro a lista de palavras que têm relação com alimentos:

  • Abacaxi (ïwaka’ti): ï’wa “fruta” mais “ka’ti” e significa algo que recende.
  • Açaí (ïwasa’i): é o fruto que deita água, que chora, que dá sumo.
  • Aipim (aipĩ): é algo que nasce ou brota do fundo.
  • Capim: (ka’apii): “ka’a” é mato e “pii” é um adjetivo de fino, delgado.
  • Jabuticaba (ïwapotï’kaba): significa a “fruta em botão”.
  • Jerimum (iurumún): vem do tupi e significa abóbora.
  • Mandioca (mandióka): “oka” casa de Mani (essa é a que na cultura indígena deu origem à planta).
  • Pitanga (pytánga): é algo que tem a cor vermelha.
  • Samambaia (çama-mbai): significa algo “trançado de cordas”, e faz referência às raízes da planta.
  • Maniçoba (mandi’sowa): é a comida preparada com a folha da mandioca, chamada de “maniva”.
  • Mingau (minga’u): recebe esse nome por ser uma “comida que gruda”.
  • Moquear (mokaen): a palavra significa assar ou deixar seco o alimento para que fique mais conservado.
  • Moqueca: quer dizer peixe assado embrulhado em folhas, que geralmente é folha de bananeira ou de caeté.
  • Paçoca (pa’soka): vem de “po-çoc” e tem o sentido de esmigalhar o alimento com a mão.
  • Pipoca (pi’póka): é o grão que estoura.

Você com certeza usa essas palavras, não é mesmo? Agora, confira outras que têm uso mais geral e que surgem em conversas no nosso cotidiano.

  • Arapuca (ara-púka): quer dizer armadilha.
  • Caatinga (kaa-tínga): “ka’a” é mato ou vegetação e “tinga” significa claro, branco.
  • Capenga: vem de “akanga”, que é “osso” e “penga”, que significa “quebrado”. Portanto, é algo ou alguém que puxa a perna, é manco.
  • Carioca (kara’ïwa): é como os indígenas chamavam o “homem branco”.
  • Catapora: “ta’ta” significa “fogo”, algo que arde, e “pora” é aquilo que salta.
  • Inhaca: vem de “yakwa” e tem o sentido de “odoroso”, alguma coisa que tem o cheiro forte.
  • Jacaré (jaeça-caré): o bicho recebeu esse nome porque ele “olha de banda”.
  • Jururu (yuru-ru): significa “pescoço pendido” e quer dizer que alguém está triste, que fica de cabeça baixa.
  • Maracanã (paracau-aná): são muitos papagaios juntos.
  • Nhenhenhém (nheeng-nheeng-nheeng): é o famoso “blá-blá-blá”, a conversa fiada.
  • Pereba (pe’rewa): é como os indígenas chamam uma ferida, um machucado, a chaga.
  • Peteca (pe’teka): mostra algo que é para bater com a palma da mão.
  • Pindaíba: “pi’nda” é anzol e “haste” é vara. Portanto, é uma vara de pescar.
  • Sabiá (s-apia): é o pássaro pintado.
  • Sapecar (sa’pek): vem do tupi e quer dizer chamuscar.

Viu só como você conhece essas palavras e nem sabia da origem de muitas delas? Esses são apenas alguns exemplos, pois existem uma infinidade de termos que ainda usamos e que são herdadas dos povos originários.

Conhecer mais sobre a nossa história faz que o respeito pelos muitos povos brasileiros seja fortalecido, até por percebermos que há muitas contribuições suas permeadas em nossas vidas. Além disso, ensinar as palavras de origem indígena para os pequenos é interessante para que eles reflitam sobre como somos constituídos e formados de origens diversas — isso evita racismo, xenofobia e outros preconceitos.

A leitura é uma fonte de informação incrível. Os livros nos permitem entrar em contato com outros mundos e fortalecer a empatia. O clube de leitura do Quindim tem uma curadoria que seleciona obras infantis que agregam ainda mais na vida das crianças, com conteúdos que reforçam a cultura brasileira. Aproveite para conhecer e escolha o plano ideal!

Estante Quindim

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Redondeza (escritor Daniel Munduruku, ilustradora Roberta Asse, editora Criadeira Livros)
Redondeza, de Daniel Munduruku e Roberta Asse
Menina mandioca (escritora Rita Carelli, ilustradora Luci Sacoleira, editora Pallas Mini)
Menina Mandioca, de Rita Carelli e Luci Sacoleira
Livros para 9 a 12 anos: Nós (escritores Diversos, ilustrador Mauricio Negro, editora Companhiadas Letrinhas)
Nós: uma antologia de literatura indígena, organização de Mauricio Negro