As histórias que mães e pais contam para suas crianças são fundamentais para o desenvolvimento infantil. É também por meio das narrativas que os pequenos exploram a fantasia, nomeiam sentimentos, conhecem o histórico familiar, constroem repertório cultural e, claro, fortalecem laços afetivos com quem lhes oferece olhar, cuidado, riso, voz.

O pai, a filha e as historias. Pai e Liz brincando juntos

Conversamos com Márcio Dornelles sobre suas experiências de leitura com a Liz, sua filha de 8 anos, assinante do Clube Quindim. Ele nos revela que gosta de contar histórias para a filha e que faz isso antes mesmo de ela nascer, “Eu e Amanda, mãe dela, já contávamos pequenas histórias quando ainda estava na barriga. Foi crescendo e aumentando o hábito, sempre interessada em personagens e como se manifestavam”. Dessa maneira, Liz cresceu banhada de linguagem, com a oralidade ao seu dispor e depois veio o encontro com os livros, que se tornou mais plural a partir da assinatura do Clube Quindim, segundo seu pai “Sempre que um novo livro chega, sentamos na sala ou na cabeceira da cama para devorá-lo. Não é diário, mas é bem frequente.”

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A IMPORTÂNCIA DAS TROCAS

Para Dornelles, há diversas trocas entre os dois ao lerem juntos “Muitas e as mais diversas possíveis. Dos tipos de personagens às situações inusitadas citadas nas páginas. A magia brota dos olhos dela sempre que incorporo uma nova figura (…) lembro das gaitadas dela ao ouvir a voz esquisita de um novo personagem”. Para que os momentos de leitura ocorram, um dos maiores obstáculos que a dupla enfrenta é uma certa dispersão da criança “A nova geração carrega a velocidade da informação, da tecnologia, então às vezes há uma dispersão, que precisa ser contornada tornando a leitura sempre mais interessante”.

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Aqui no Clube Quindim, costumamos frisar que o adulto, que compartilhará a leitura, não precisa ser um exímio contador de histórias, mas necessita apresentar uma dedicação mínima, disponibilidade para brincar lendo, enfatizar as vozes e a pontuação, por exemplo, ajuda muito no encantamento de pequenos e grandes leitores.

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Uma maioria ainda feminina, mas uma realidade que pode (e deve) ser mudada

Pesquisas revelam que as mães são as maiores formadoras de leitores no país. Mulheres costumam ler mais com as crianças do que os homens e no meio das discussões e revisões de papéis de ambos nas famílias e na sociedade, assistimos aos novos pais que não somente desejam a paternidade, como a exercem. Dornelles disse: “gosto tanto de ser pai” e busca estratégias para estar com Liz apesar do cotidiano permeado pela pressa e obrigações laborais, “A rotina pode ser uma grande vilã ou uma forte aliada nesta construção. O ato de ‘colocar para dormir’ pode ser também um momento de fazer nascer este amor pela leitura e, logo, fortalecer a relação de pais e filhos. Com a Liz, desde sempre, costumo inventar histórias diferentes, improvisadas na hora, sem papel, sem caneta, sem olhos forçados à noite, apenas a imaginação, o pensamento e o aconchego do abraço. Diante de tantas histórias malucas inventadas, uma personagem ficou: a princesa Fylp, uma majestade diferente. Um dia a gente conta essa história juntos”.

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Perguntamos para a pequena o que é mais legal em ler junto com o papai. Advinha só a resposta? Claro! “As vozes dos personagens que o papai faz”. Os momentos de leitura criam conexões duradouras entre pais e filhos, que com certeza surtirão muitos benefícios em sua relação e no próprio desenvolvimento da criança.