Tecnicamente, podemos dizer que o puerpério é o tempo compreendido entre o pós-parto e o retorno do corpo da mulher ao estado anterior à gestação. Esse retorno envolve não apenas as questões fisiológicas e hormonais mas (e, talvez, principalmente) as emocionais também.

Na prática, o puerpério é muito mais do que uma definição técnica. Assim como cada experiência de parto e maternidade são únicas, a duração do puerpério também varia a cada caso, bem como as dificuldades enfrentadas por cada mulher durante esse período. Por isso, é tão importante reconhecer e respeitar as individualidades e as necessidades de cada uma.

Quanto tempo dura o puerpério

Puerpério

Considera-se como início do puerpério o pós-parto, especialmente o momento da saída da placenta do corpo da mulher. O final costuma ser tido como a primeira ovulação ocorrida após o parto, que vem seguida também pela primeira menstruação.

O senso comum indica que a duração do puerpério pode levar de 45 a 60 dias, e que mulheres que amamentam podem experimentar variações para mais na duração desse período. Mas muitos especialistas argumentam que o puerpério pode durar até 12 meses depois do nascimento do bebê. Sendo assim, cada caso é um caso.

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Quais são Os tipos de puerpério e suas características

Há uma classificação que indica que existem três tipos de puerpério, que são:

  • puerpério imediato: vai do primeiro ao décimo dia do pós-parto;
  • puerpério tardio: do 11º ao 42º dia do pós-parto;
  • puerpério remoto: a partir do 43º dia do pós-parto.

O mapeamento dos períodos do puerpério é importante para o acompanhamento da saúde da mulher no pós-parto e a identificação de quaisquer alterações imprevistas e indesejadas que possam precisar de intervenção médica.

Mas, dito isso, a verdade é que as mudanças e as transformações pelas quais a mente e o corpo feminino passam depois do nascimento de um bebê são bem maiores e mais intensas do que pode comportar uma quantidade determinada de dias no calendário.

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Mudanças esperadas no corpo durante o puerpério

Puerpério

Assim como tudo muda durante a gestação, o corpo também se mobiliza e se reorganiza depois do parto para que as coisas voltem à condição anterior à gravidez. Com isso, é natural que a mulher sinta alguns desconfortos em maior ou menor grau, especialmente nas primeiras semanas depois do parto. Os mais comuns são:

  • cólicas provocadas pela contração do útero, que visam diminuir a perda de sangue, que é natural após o parto. Essas contrações podem provocar dores abdominais, que tendem a diminuir naturalmente com o tempo, assim como a dilatação da barriga.
  • corrimentos vaginais compostos por sangue, muco e tecidos uterinos, que também são naturais e esperados após o parto. O volume desse corrimento costuma diminuir ao longo do primeiro mês depois do nascimento do bebê.
  • mudanças nos hábitos intestinais, como gases e constipação, também podem acontecer. O mesmo vale para alterações no fluxo urinário, que pode ser afetado devido às alterações sofridas na musculatura da região durante a gravidez. Essas mudanças são temporárias e tendem a ser normalizadas naturalmente com o passar das semanas.
  • retorno da menstruação, que pode ser influenciado pela amamentação. Segundo os especialistas, mulheres que amamentam podem demorar mais a ter a primeira menstruação depois do parto do que aquelas que não amamentam.

Uma das mudanças mais significativas do pós-parto é aquela sofrida pelas mamas, que além de aumentar de tamanho podem ficar bastante enrijecidas pela produção e armazenamento do leite.

O acompanhamento pelo médico ginecologista é fundamental para evitar problemas mais sérios, como mastite e ingurgitamento mamário. É muito importante ter em mente que a amamentação é um processo natural, mas que nem por isso é fácil para todas as mulheres. Não há problema algum em pedir ajuda.

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Atenção: é possível engravidar enquanto amamenta

Puerpério

Como o retorno da menstruação após o parto é associado à amamentação, muitas pessoas equivocadamente acreditam que não é possível uma mulher engravidar novamente enquanto estiver amamentando. Ainda que não seja tão comum ocorrer ovulação em mães que amamentam com exclusividade, isso não é impossível de acontecer.

Então, atenção: a amamentação não é um método contraceptivo. Se você está amamentando e não deseja uma nova gestação neste momento, converse com o seu ginecologista para definir, junto do profissional de saúde, qual a melhor maneira de prevenir uma gravidez.

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Muito além das mudanças do corpo

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Até aqui falamos sobre as transformações que se passam no corpo de uma mulher durante a gestação e no pós-parto, e elas de fato são inegáveis e muito relevantes. Não é só a barriga que aumenta e os órgãos internos que abrem espaço para acolher o bebê em crescimento: é o jeito de andar que muda, a textura da pele e do cabelo, o humor e até o número do sapato.

Mas as mudanças mais significativas mesmo acontecem debaixo da superfície: a privação do sono, a insegurança, a tristeza, a dúvida sobre a própria capacidade, a solidão acompanhada, a exaustão e a pressão sofridas pelas recém-mães mexem muito com o emocional das mulheres e cobram um preço alto.

Para muitas mulheres pode ser conflitante e exaustivo lidar com a alegria e satisfação de ter o bebê nos braços ao mesmo tempo em que se sente sufocada por não conseguir fazer xixi, escovar os dentes ou tomar banho direito, e muito menos comer uma refeição enquanto ainda está quente, por exemplo.

Cada uma vai lidar com isso de maneira absolutamente individual e particular, e não existe uma régua pela qual se possa medir a dificuldade ou sofrimento de cada uma. O que é fundamental lembrar é que, mesmo que todos esses sentimentos sejam normais e precisem ser respeitados, isso não significa que eles devam ou possam ser negligenciados. Em muitos casos, a situação pode se complicar e tornar necessário um acompanhamento especializado mais de perto.

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O que é o baby blues

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O baby blues, também chamado de blues pós-parto, é caracterizado por sintomas depressivos relativamente leves, como choro frequente, irritabilidade, mudanças de humor, tristeza, ansiedade, insônia e diminuição da concentração.

Esses sintomas se manifestam em cerca de metade das mulheres no período pós-parto, e tendem a desaparecer em até duas semanas. Muito associado às questões hormonais, como a queda nos níveis de estrogênio que ocorre logo após o nascimento do bebê, o baby blues também pode ser relacionado aos aspectos socioculturais das mães.

Geralmente o baby blues não requer tratamento clínico, mas estudos indicam que as chances de desenvolver depressão pós-parto é proporcionalmente maior nas mulheres que passam por ele. Assim, é fundamental ficar atento à mulher, oferecendo todo o apoio e amparo que ela precisa, sem jamais tratar os sintomas como frescura, exagero ou qualquer coisa do tipo.

Depressão pós-parto

A depressão pós-parto apresenta muitos sintomas em comum com o baby blues, sendo que estes costumam acontecer de maneira bem mais intensa, profunda e duradoura. Quadros como ansiedade sobre a saúde e os cuidados com o bebê podem ocorrer, além de desinteresse generalizado, desânimo e até mesmo ideação suicida em determinadas situações. O principal fator de risco para desenvolvimento de depressão pós-parto são os quadros de depressão anteriores à gravidez.

O que chama atenção é que muitas mulheres sequer sabem que estão com depressão pós-parto, e por isso não conseguem pedir ajuda adequadamente. A culpa e o medo de não dar conta das necessidades do bebê podem comprometer sentimentos e pensamentos. A atenção do parceiro ou parceira, da família, dos amigos e dos profissionais de saúde é fundamental para perceber caso algo não esteja bem, agindo o quanto antes.

Psicose puerperal

A psicose puerperal é um transtorno mental severo que pode ter consequências graves e devastadoras, tanto para a mãe quanto para o bebê e a família. Além da irritação, agitação, cansaço e insônia, podem ocorrer delírios, alucinações e confusão mental, com casos de afastamento ou ruptura total com a realidade.

Há situações em que a mulher está tão desconectada da realidade que não consegue reconhecer o bebê como sendo seu, e ideias de infanticídio e suicídio podem ocorrer.

Esse quadro requer tratamento médico e psicoterapia com urgência, sendo que em algumas situações a internação e o afastamento da mãe se fazem necessários. Jamais subestime, ignore ou negligencie uma mãe nessa situação.

O puerpério emocional

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Como estamos conversando sobre as alterações e os desafios emocionais pelos quais passam as mães depois do nascimento do bebê, vale dizer que muitos estudiosos e especialistas vêm falando também sobre o chamado puerpério emocional, além de indicar, inclusive, que esse período pode durar de dois a três anos após o parto.

Parece óbvio dizer, mas cuidar de uma criança não é fácil. Como sabemos, a maior parte desses cuidados recai sobre as mulheres, que precisam adaptar todas as esferas da sua vida: relação com o parceiro ou parceira, posicionamento no mercado de trabalho, interações com família e amigos e entendimento de si mesma como indivíduo.

Nada mais justo do que compreender, portanto, que tudo isso leva tempo. Todas as relações de uma mulher que se tornou mãe sofrem transformações, então é preciso abrir espaço para que isso aconteça com tranquilidade, sem cobranças e culpa. 

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A importância da rede de apoio

Puerpério

O puerpério é difícil e desafiador para todas as mulheres. Umas vão sentir as mudanças com mais intensidade do que outras, mas nenhuma de nós passa batido por essa fase. Mesmo as mães de segunda, terceira ou quarta viagem vão enfrentar momentos complicados, sejam eles provocados pelas dúvidas (já que nenhum bebê é igual a outro), seja pelo cansaço de todas as outras demandas da casa, das crianças, do trabalho e da vida.

Por isso, a rede de apoio formada por pessoas próximas e de confiança da puérpera é tão importante. Pode ser o companheiro ou companheira, a mãe, uma irmã, ou um grupo de amigos. Os profissionais de saúde, como ginecologista, obstetra, enfermeira, doula e consultora de amamentação também são bem-vindos.

A configuração vai mudar a cada caso, especialmente se considerarmos as condições sociais e financeiras de cada mãe, mas o que precisa haver em comum é o desejo genuíno de apoiar ao mesmo tempo em que se respeita o espaço e o momento pelo qual a mulher está passando.

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Oferecer apoio não é invalidar o maternar

Puerpério

As pessoas que fazem parte da rede de apoio de uma puérpera podem ajudar de toda maneira – desde que tudo seja combinado com a mãe com antecedência. Algumas mães vão preferir que alguém lave a louça, coloque roupa na máquina de lavar ou prepare uma marmita de comida congelada, que vai salvar o dia mais tarde, enquanto elas podem se dedicar totalmente ao bebê.

Outras podem querer que alguém fique com o recém-nascido durante uns minutinhos enquanto ela usa o banheiro a sós, dá um pulinho na padaria ou até mesmo estende no varal aquela roupa que foi lavada mais cedo.

Sabe o que nenhuma delas quer? Se sentir invadida ou desrespeitada por alguém que, teoricamente, está lá para ajudar.

A mãe recém-nascida pode estar lutando para pegar o jeito da amamentação ao mesmo tempo em que aprende a segurar o bebê durante o banho, coloca todas as vacinas no calendário para não esquecer de nenhuma e tenta decifrar se o choro da vez é por fome, cólica, sono ou apenas necessidade de colo mesmo. Mas nem por isso ela é menos mãe.

Desrespeitar o esforço e a dedicação dessa mãe com frases como “deixa que eu faço porque você não sabe”, “eu criei dois filhos, sei fazer isso com o pé nas costas” e “me dá o bebê aqui porque você não leva jeito mesmo” é totalmente absurdo.

A relação entre uma mãe e seu bebê é única e insubstituível. Portanto, por mais experiência que se tenha, ninguém deve tentar tomar esse lugar dela, mesmo que tenha boas intenções.

Criticar a maneira como a mãe cuida do seu bebê, dizer que o leite dela é fraco, marcar visitas de parentes sem verificar antes se a mãe está de acordo e tantas outras coisas do tipo não são apenas erradas e inconvenientes: são cruéis. Por isso, se você tem uma puérpera na sua vida, não seja essa pessoa. E, indo além: se vir alguém agindo dessa maneira com uma mulher que ainda está se entendendo como mãe, intervenha.

Não é preciso ser grosseiro, mas é necessário ser firme e agir o quanto antes. Esse tipo de limite jamais deve ser cruzado, especialmente se considerarmos que a mãe recém-nascida acabou de ser inserida em um mundo totalmente novo, com muitas transformações e desafios ao seu redor, ao mesmo tempo em que, certamente, está tentando dar o seu melhor para cuidar do bebê.

Como passar pelo puerpério da melhor maneira possível

Puerpério

Assim como cada mulher e cada bebê são únicos, o puerpério de cada uma também é. Por isso, não há receita de bolo, recomendações milagrosas, dicas infalíveis. Algumas mães têm, ainda, os desafios relacionados à maternidade atípica com que lidar, então não faz sentido criar listas que se apliquem a todas.

O que podemos dizer é: deixe estar. Faça o seu melhor, um dia de cada vez, e espere. Cerque-se de pessoas que gostam de você e tenha paciência consigo mesma.

Não se cobre nem se diminua por não estar com o corpo de antes da gravidez, ou pelo cabelo estar bagunçado e as olheiras de panda não darem nenhum sinal de que vão sumir algum dia. Não se compare com outras mães, principalmente aquelas que mostram um recorte irreal nas redes sociais. A vida não cabe num story do Instagram.

Os dias vão ser longos e as noites vão parecer infinitas, mas esse período vai passar voando. Antes que perceba, seu bebezinho não será mais um recém-nascido e pode ser até que você sinta saudade desses primeiros momentos da maternidade.

A parte boa, deliciosa mesmo, é que ao longo desse processo você e seu bebê vão se conhecer e se entender, criar e estabelecer laços únicos. Ninguém vai conhecer seu pequeno como você, e ninguém vai conhecer você como o bebê.

A maternidade é uma grande e intensa jornada. Aproveite a viagem.