Ao entrar na seção infantil de uma livraria, os primeiros livros que você encontrará provavelmente serão as obras com botões sonoros, cheios de abas, com imagens de papel em 3D, que pulam das páginas, recheados de tecidos e texturas ou ainda aqueles com quebra-cabeças em seu interior. Mas será que são esses títulos, chamados também de livro-brinquedo, os que a criança precisa ter acesso primeiro?

Ou ainda mais aprofundado: será que um livro-brinquedo ajuda os pequenos a se tornarem leitores? Podemos dizer que não… e que sim! Calma, vamos explicar!

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como podemos valorizar o livro?

Primeiro precisamos entender que todo livro é um brinquedo. Ao abrir um título, o leitor é convidado a viver uma nova experiência, a conhecer outras realidades e outros mundos, e por que não vivenciar uma aventura? Perceber que a leitura proporciona diversas possibilidades de ampliar a vida, coloca o livro como um objeto de desejo.

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É essencial mostrar desde cedo às crianças o apreço e o valor que você dá aos livros. Você já ouviu que as crianças aprendem com o exemplo? Ter livros em casa, receber e dar livros de presente, mostrar o que você está lendo e se divertir lendo com o seu pequeno são formas de despertar a curiosidade dos pequenos para a leitura. E assim eles também darão valor aos seus livros.

Veja também: Livros para bebês: 10 obras para ter em casa desde o nascimento dos pequenos

o livro-brinquedo desenvolve a coordenação motora?

Livros com várias abas para o bebê puxar e descobrir o que está escondido ou com furos para colocar o dedo são bem-vindos. Mas tenha em mente que todo livro trabalha a coordenação motora da criança, já que o simples movimento de virar a página já é importante e complexo para os pequenos. Aprender a manusear um livro, portanto, estimula o desenvolvimento da motricidade fina das crianças.

Há também livros com imagens em 3D, também chamados de pop-up. Eles são interessantes pelo efeito surpresa e costumam atrair o olhar dos pequenos. Porém, é preciso levar em consideração se esses livros-brinquedo têm qualidade literária ou se promovem apenas uma interação mecânica.

A grande maioria dos livros deste tipo ofertada no mercado editorial brasileiro acaba sendo mais uma espécie de passatempo motor do que um espaço para a exploração da leitura: são obras reativas e não interativas. Reativas porque essa troca entre leitor e objeto se encerra numa única ação (abra esta aba, puxe esta seta etc.), e não explora a pluralidade de interlocuções que a literatura traz.

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Quando temos acesso a uma obra de qualidade literária, seja ela um livro-brinquedo ou não, a cada leitura podemos encontrar algo novo na narrativa, ao mesmo tempo em que mobilizamos novos repertórios para lê-la. Não seria essa troca com o texto muito mais interativa e estimulante do que a exploração de um livro-brinquedo sem qualidade literária?

Mas e se a criança rasgar o livro?

Amassar ou rasgar as folhas dos livros é uma preocupação comum entre pais e cuidadores. Por esse motivo, os títulos cartonados são geralmente os escolhidos para os bebês, como se fossem a melhor opção. Mas lembre-se: a criança só vai conseguir testar a intensidade de sua força se tiver acesso a diferentes livros. E ela só poderá entender aos poucos como manusear sem estragar, se tiver contato com uma diversidade de materiais.

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A diversidade e as possibilidades de experiências estéticas e sensoriais são fundamentais na formação de um leitor. Então, se a criança morder, babar, rasgar, riscar, pisar em cima, não fique triste. Isso mostra que ele está desenvolvendo uma relação com o objeto e com as possibilidades que ele fornece. Muitas vezes essas obras cheias de remendos serão as que as crianças guardarão na memória. Afinal, livro bom é livro gasto!

Veja também: Livros cartonados, livros de pano e livros interativos são os melhores livros para bebês?

Somente o livro-brinquedo estimula os sentidos das crianças?

Os livros sonoros também atraem os pequenos e podem ser divertidos, assim como um brinquedo com sons. Já os livros com texturas têm o objetivo de estimular o tato e a sensibilidade da criança.

Ainda assim é um estímulo pequeno se comparado a um passeio pelo parque ou tantas outras atividades ao ar livre. Por isso, se o objetivo é estimular a leitura, melhor focar em obras que proporcionem experiências literárias, independentemente de terem ou não sons e texturas.

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Os livros digitais podem estimular o gosto pela leitura?

Não podemos descartar as tecnologias, já que cada vez mais elas fazem parte da realidade das crianças. O livro digital está recheado de jogos e possibilidades de interação. Mas a experiência nesta plataforma é bem diferente da do livro impresso.

O livro digital é bastante atrativo e funciona para convidar a criança a se interessar pela leitura e pelos livros. Mas, na maioria das vezes, essas obras digitalizadas trazem elementos que se tornam ruídos na narrativa, em vez de contribuir para seus efeitos poéticos.

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E você já pensou quais seriam os impactos para a formação de um hábito de leitura se oferecêssemos às crianças uma educação apenas com conteúdos digitais? Aqui na Revista Quindim você pode conferir uma matéria com a opinião de especialistas sobre esse assunto.

Veja também: Educação digital: a tecnologia pode afastar a criança dos livros?

Dicas para adquirir um livro-brinquedo

Precisamos ter cuidado ao adquirir um livro-brinquedo. Existem muitas opções desse perfil que trazem ilustrações ruins ou malfeitas e cujo texto apresenta erros de português. Além disso, muitos livros-brinquedo que estão no mercado sequer apresentam o nome dos autores na capa.

Por isso, nossa dica é, quando for adquirir um livro-brinquedo, procure ver se ele traz o nome de quem o criou. Se não tiver nome do autor, só nome de uma empresa, suspeite da qualidade da obra.

Livros-brinquedo focados somente em jogos ou brincadeiras, sendo mais uma espécie de passatempo motor do que um espaço para a exploração da leitura, podem cansar a criança rapidamente. Esses livros oferecem pouco estímulo para criação de um vínculo com uma história. Nossa segunda dica é: procure narrativas que desenvolvam o afeto e a empatia.

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mas afinal, o livro-brinquedo ajuda seu filho a se tornar leitor?

A resposta é: sim! Mas, como vimos acima, a diferença é que um livro focado somente na interação, e que não apresenta uma literatura de qualidade, contribui apenas para estimular a criança para o jogo e para o ato de abrir o livro.

Isso é importante nessa idade. Mas o livro-brinquedo que trouxer literatura em suas palavras e imagens é o que mais vai exercer o papel de estímulo à fruição literária. É ele que vai proporcionar mais possibilidades de leitura, que vai construir um repertório de palavras e imagens e estimular o imaginário dos pequenos leitores.

Aqui no Clube de Leitura Quindim nos preocupamos em oferecer aos leitores essa experiência múltipla. Para nós, o jogo e a literatura são um direito da infância e uma ferramenta insubstituível. Oferecê-la aos pequenos é uma forma de transmitir conhecimento, experiências inesquecíveis e muito afeto.

Estante Quindim

Conheça 3 livros incríveis para ler com seu bebê hoje mesmo!

Elmer, o elefante xadrez (autor David McKee, editora WMF Martins Fontes)
Elmer, o elefante xadrez, de David McKee
Baleia na banheira (autora Susanne Straber, editora Companhia das Letrinhas)
Baleia na banheira, de Susanne Straber
Se as coisas fossem mães (escritora Sylvia Orthof, ilustradora Ana Raquel, editora Nova Fronteira)
Se as coisas fossem mães, de Sylvia Orthof e Ana Raquel