Entenda qual é o momento ideal para começar a falar sobre algo tão importante para os pequenos

Educação financeira infantil. Aí está um assunto que muitos de nós, adultos, gostaríamos de ter aprendido quando éramos menores, o que provavelmente nos faria ter alguns problemas a menos quando o assunto é dinheiro. Por isso, o Clube Quindim lhe ajuda a entender qual o melhor momento de introduzir o assunto com os pequenos!

Uma pesquisa do Ibope Inteligência, encomendada pelo C6 Bank, aborda exatamente esse assunto. Veja só:

  • Apenas 21% dos brasileiros das classes A, B e C com acesso à internet tiveram uma educação financeira na infância.
  • 38% aprenderam noções de educação financeira entre os 12 e 17 anos.
  • 27% tiveram contato com o assunto apenas na juventude, entre os 12 e 24 anos.
  • 14% só aprenderam sobre finanças pessoais depois dos 25 anos de idade.

Este é um retrato bem claro de como a educação financeira para crianças e adolescentes são super importantes, mas menos abordadas do que deveriam.

Suas consequências podem ser vistas de várias formas, como na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de setembro de 2020, elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que mostrou que 67,2% das famílias no país estão endividadas.

Tais dívidas contemplam cheques pré-datados, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa, e mesmo que não possamos desconsiderar as consequências financeiras da pandemia, o indicador é bem alto.

É claro que o tema ainda pode ser aprendido durante a fase adulta, que é quando colocaremos a educação financeira efetivamente em prática no dia a dia, mas quanto antes isso puder ser assimilado e compreendido, melhor será a curto, médio e longo prazo.

Se você não sabe quando é o momento ideal para começar a falar com o seu filho sobre isso, bem como a melhor maneira de transmitir tais ideias e o que fazer para lidar com o assunto de uma maneira natural e leve, fique tranquilo!

Continue conosco para entender mais sobre a educação financeira para crianças, algo que indubitavelmente pode ajudar na formação de adultos responsáveis com o seu dinheiro e que tomam decisões inteligentes e bem planejadas em relação a algo tão difícil de se obter, mas ao mesmo tempo tão fácil de se perder.

Veja também: Mães empreendedoras: conheça desafios e soluções criativas dos pequenos negócios durante a quarentena

O que é educação financeira?

entenda educação financeira infantil

Antes de mais nada, vamos explicar brevemente o que é este conceito, que conta com uma explicação bem bacana na Recomendação sobre os Princípios e as Boas Práticas de Educação e Conscientização Financeira, da OCDE e da CVM.

Basicamente, educação financeira é o processo em que consumidores e investidores financeiros melhoram sua compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros e, por meio de informação, instrução e/ou aconselhamento objetivo, evoluem suas habilidades para tomar decisões mais conscientes.

Além disso, o conceito também contempla saber onde buscar ajuda e tomar outras medidas efetivas para melhorar o bem-estar financeiro.

Logo, em termos mais diretos, educação financeira é entender sobre este universo tão amplo, de modo que seja possível tomar as melhores decisões possíveis em relação ao seu dinheiro, compreendendo os riscos e os potenciais benefícios de cada ação.

Quando começar a ensinar sobre educação financeira para crianças?

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Essa é uma pergunta que parece difícil de responder, já que nem sempre sabemos quando os pequenos já começam a entender sobre o assunto, mas felizmente podemos contar com o auxílio da ciência para isso.

O relatório Habit Formation and Learning in Young Children, elaborado pelo Dr. David Whitebread e pela Dr.ª Sue Bingham, da Universidade de Cambridge, traz uma série de informações importantes sobre a relação entre dinheiro e o aprendizado infantil.

Um dos destaques é que os autores encorajam os pais para começar a ensinar suas crianças sobre dinheiro a partir dos 3 anos de idade, ou seja, a educação financeira para crianças realmente deve começar cedo para ajudá-los a lidar melhor com isso.

Porém, na conclusão do relatório, os autores dizem que, em suma, as evidências indicam que ensinar a crianças pequenas sobre formas explícitas de conhecimento “financeiro”, por si só, provavelmente não as ajudará a moldar ou mudar seus comportamentos.

Isso não significa que não seja possível aprender sobre o tema, mas sim que existem formas adequadas de mostrar a elas como ter uma relação saudável com as finanças, o que deve estar inserido no contexto prático de suas vidas.

Como os pequenos são dependentes dos pais e possuem poucos bens materiais ou recursos monetários que controlam independentemente, são as aproximações e habilidades básicas, modeladas, discutidas e demonstradas pelos pais e adultos de seu convívio, que podem ajudá-las a aprender hábitos e práticas eficientes. Se você se interessa pelo assunto, que tal conferir também a nossa matéria sobre consumismo na infância?

Veja também: Consumismo: precisamos falar com as crianças sobre isso

Então, como ensinar sobre educação financeira infantil?

Um artigo do 1st Franklin Financial Corporation traz algumas dicas práticas bem legais para ensinar os pequenos, as quais estão separadas por idade. Dá só uma olhada:

Educação financeira para crianças de 4 a 6 anos

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  • Contar com moedas. Crianças nessa idade ainda podem ser muito pequenas para entender o valor do dinheiro, mas essa é a idade perfeita para começar a contar com moedas. Ensine a diferença entre as moedas de 5, 10, 25, 50 centavos e 1 real – só tome cuidado para que elas não as engulam!
  • Loja de brincadeira. Dê algum dinheiro à criança para que ela vá pela casa e comece a “comprar” alguns itens, o que a ajudará a entender o valor do dinheiro. Conforme ela fica mais velha, você pode começar a ensiná-la a dar os preços e valores para diferentes itens.

Educação financeira para crianças de 7 a 10 anos

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  • Guardar dinheiro. Nem todos os bancos permitem que crianças nessa idade tenham contas bancárias, mas é possível recorrer aos velhos cofres de porquinho. Na verdade, é ainda melhor dar a elas um recipiente de vidro para guardar o dinheiro, pois assim elas podem literalmente ver quanto têm guardado.
  • Abra uma barraquinha de doces. Poderia ser uma barraquinha de limonada, como diz no artigo, mas como isso não é tão comum no Brasil, pode ser uma barraquinha de doces. Se você dá mesada para crianças, deixe que elas usem esse dinheiro para comprar os produtos, fazer as plaquinhas de divulgação e, então, começar um “pequeno negócio”!

Educação financeira para crianças de 11 a 14 anos

  • Abra uma conta no banco. Transforme a ida ao banco em um evento especial e abra a primeira conta pessoal para o seu filho. Não se esqueça de optar por uma conta que não cobra taxas ou tarifas. Conforme o dinheiro acumula, você pode começar a explicar como funcionam os juros, o que deve incentivá-las a guardar ainda mais.
  • Comece a falar sobre crédito. Este é um dos conceitos mais complicados sobre dinheiro, e quanto antes você começar a explicar como funcionam os cartões e outras modalidades de crédito, antes as crianças e jovens aprenderão sobre seus riscos e recompensas e, assim, estarão melhor preparados para o futuro. Fale sobre como você usa as alternativas de crédito e os eduque sobre os juros – quanto mais se demora para pagar a fatura, maior será o valor devido.

Adendo rápido: educação financeira na BNCC

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Já consta na Base Nacional Comum Curricular, homologada em dezembro de 2017, que educação financeira é um dos temas transversais que devem constar nos currículos de todo o Brasil.

Isso significa que o tema deve ser incorporado às propostas pedagógicas de estados e municípios, assim como educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, educação ambiental e educação para o trânsito, por exemplo.

É fato que a educação financeira para adolescentes e crianças foi sugerida a aparecer como contexto no desenvolvimento de quatro habilidades, no 5º, 6º, 7º e 9º anos, especialmente voltados a matemática financeira, mas é bom ver que o tema está sendo abordado.

Mesmo com a educação financeira na BNCC, é preciso ir além do que é ensinado sobre nas escolas e falar sobre o tema também em casa, já que a preparação sobre este tema é fundamental para a formação de adultos que lidam com o dinheiro de uma forma saudável.

Veja também: Como ajudar seu filho a ser um criança solidária

Educação financeira infantil: um assunto que deve ser ensinado desde cedo

o que você precisa saber sobre educação financeira infantil

Em tempos de educação midiática, de um contato tão próximo com a internet e as mídias digitais e, consequentemente, um bombardeio de propagandas, anúncios e incentivos ao consumismo desde a infância, a educação financeira para crianças e adolescentes desponta como um conhecimento fundamental.

Quem teve a oportunidade de aprender sobre isso quando pequeno sabe da importância que isso teve para o decorrer de suas vidas, e quem não teve acesso ao assunto também entende suas influências na prática. Por isso, nosso papel é o de orientar nossos pequenos sobre algo tão importante.

Mesmo que você não seja um especialista no assunto e ainda que encare alguns problemas com as finanças ainda na fase adulta, não deixe de investir na educação financeira infantil de seus filhos. Certamente, eles serão muito gratos por isso já em um futuro não tão distante.

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