Nunca consumimos tanta informação quanto hoje. Se antes a informação estava em jornais, revistas e na TV, atualmente está ao alcance da palma da mão: as telas de nossos smartphones enchem nossos olhos com posts em redes sociais e com notícias de todos os cantos do mundo, por meio de vídeos, textos e imagens. As crianças são expostas a essa profusão de dados cada vez mais cedo, por isso é fundamental que se garanta a educação midiática para elas.

Renee Hobbs, doutora em educação e desenvolvimento humano pela Universidade Harvard e especialista no assunto, explica que para entender a educação midiática é preciso compreender que o conceito de alfabetização tem se transformado. “A alfabetização vem se expandindo por 3 mil anos. Em tempos antigos, uma pessoa era alfabetizada se sabia falar e ouvir; depois, isso passou a envolver ler e escrever; e, agora, na era da mídia digital, pensamos em alfabetização midiática como ser capaz de analisar criticamente e também ser capaz de criar conteúdos com ferramentas digitais”, diz.

Renee defende ainda que a comunicação de massa, tradicional, nos colocou em um lugar de consumir informações passivamente. Dessa forma, acabamos absorvendo informações como estereótipos e mal-entendidos que dificultam nossa compreensão de acontecimentos complexos. Com a educação midiática, passaríamos a ser leitores mais críticos e contestadores daquilo que acessamos, algo fundamental para o exercício da cidadania.

Crianças numa sala com computadores

Educação midiática na escola

A educação midiática é um assunto tão importante que foi incluída na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se de um documento que foi construído pelo governo com colaboração da sociedade civil e que define as aprendizagens essenciais que crianças e jovens devem adquirir na educação básica. Esse documento vai servir de referência para que as escolas públicas e privadas criem os currículos que serão adotados em sala de aula.

Entre as competências listadas na BNCC está a de que o aluno consiga ler de forma crítica as informações que vêm de revistas, jornais, da internet e das redes sociais. Também prevê que jovens treinem habilidades ligadas ao jornalismo, produzindo notícias, e com isso possam desenvolver a autonomia, o pensamento crítico e a habilidade de diferenciar a liberdade de expressão de discursos de ódio, algo tão confuso nesses tempos de discussões polarizadas pela internet e nessa era da anti-intelectualidade.

Para especialistas como Renee Hobbs, a educação midiática é a principal ferramenta para combater as fake news. Afinal, à medida que se formam crianças e jovens para uma leitura crítica de notícias, eles se tornam capazes de identificar teorias da conspiração e fatos que são noticiados sem fundamento. Também aprendem que uma reportagem deve ser construída com o ponto de vista de vários lados, entendem a importância de recorrer a fontes confiáveis e se tornam eles mesmos capazes de construir um conteúdo responsável.

Hoje, segundo Renee, sabe-se que as crianças passam mais tempo interagindo nas mídias do que na própria escola, e muitas fazem posts em redes sociais ou têm canais de YouTube, o que reforça a importância dessa educação para as mídias.

Veja também: Competências Gerais da BNCC: o que são e qual a sua importância

Educação midiática em casa

À luz de tudo isso, é importante que os pais entendam se a escola de seus filhos está trabalhando com projetos de educação midiática, seguindo as normas da BNCC. Além disso, em casa, é possível trabalhar essa competência tão essencial no século XXI com algumas dicas básicas, que listamos a seguir:

Pai e mãe incentivando as crianças a estudarem

1. Leia e discuta notícias relevantes

O jornalismo de qualidade nunca foi tão importante. Uma forma de mostrar isso ao seu filho é ler com ele notícias relevantes, de uma fonte confiável. Depois da leitura, vocês podem debater o que leram, pesquisar mais sobre o tema e identificar pontos de vista diversos na matéria.

2. Consuma jornalismo para crianças

Ajude seu filho a identificar fontes de qualidade. Há muito conteúdo na internet, no YouTube e nas redes sociais, que se apresenta como feito para crianças, mas que acaba por apenas estimular o consumo, reproduzir informações não fundamentadas ou comportamentos questionáveis. Por outro lado, há uma série de iniciativas que produzem jornalismo de qualidade para os pequenos. Uma boa indicação é o Jornal Joca.

Veja também: 5 jornais informativos para crianças que sua família precisa conhecer

3. Produza um jornalzinho com seu filho

Brincar de fazer jornalismo pode ser outra boa ideia. A criança pode criar um jornalzinho, desenhando fatos que presenciou, escrevendo sobre um membro da família ou sobre uma história de vocês. Enquanto ela constrói as próprias notícias, vale apontar a importância de pesquisar e investigar os fatos para reportar tudo direitinho, de forma confiável e verdadeira.

4. Leia com uma criança

Como já falamos por aqui, a literatura infantil de qualidade tem o poder de desenvolver o senso crítico e despertar questões importantes na criação dos pequenos. No Clube Quindim, contamos com um time estrelado de curadores, dedicados a selecionar os melhores títulos para a infância brasileira. Conheça as vantagens de assinar.

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