Entender o que é consumo consciente e ensinar a nossos pequenos é fundamental para termos adultos – e um planeta – saudáveis no futuro.

Você sabe o que é consumo consciente? Se sim, já entende a importância de falar sobre o consumo consciente para crianças, mas se ainda não sabe, fique tranquilo, pois ainda há tempo para aprender e, então, fazer mudanças importantes em seus hábitos.

Este é um assunto importante e que tende a ganhar cada vez mais espaço, como mostra uma pesquisa disponível no portal Statista, baseada em entrevistas com 817 respondentes sobre atitudes e ações relacionadas ao consumo consciente na América Latina.

Confira o percentual de participantes que se identificam com as seguintes afirmações:

  • 99% consideram importante que as empresas cuidem do meio ambiente;
  • 89% sentem-se responsáveis por produtos prejudiciais existentes no mercado;
  • 76% verificam que o produtor se preocupa com a preservação do planeta.

Isso mostra como o consumo consciente já é uma ideia que vem sendo assimilada por muitas pessoas, mas sua definição vai muito além disso, e é importante que nós, adultos, entendamos o conceito para repassá-lo às nossas crianças e, assim, causar um impacto ainda mais positivo.

Nos acompanhe na leitura para aprender o que você precisa saber sobre consumo consciente e o que fazer para ensinar aos pequenos o caminho certo em relação aos seus hábitos e comportamentos de compra.

O que é consumo consciente?

consumo consciente para crianças

É um movimento social baseado no aumento da atenção sobre o impacto que as decisões de compra causam no meio ambiente, bem como na vida e na saúde dos consumidores de modo geral.

Sem querer ser repetitivo, o consumo consciente passa por ter mais consciência antes de qualquer decisão de compra, seja na aquisição de itens pequenos, como um fone de ouvido, ou de algo maior, como uma televisão ou até mesmo um automóvel.

Vamos pensar, por exemplo, na compra de um pacote de biscoitos. Aparentemente, parece uma coisa simples: você escolhe o produto no mercado, leva até o caixa, paga e consome o produto.

De fato, essa parte da transação é simples. Porém, algo que nem sempre lembramos é que existem muitos processos por trás disso, do plantio do trigo até sua colheita, além da produção do plástico para resultar na embalagem que reveste o produto.

Logo, cada decisão de compra que tomamos tem um impacto muito maior do que apenas para aquela loja em que a aquisição foi feita. Além de todos os processos produtivos para os itens que lá estão, conforme ocorre sua demanda, a produção precisa aumentar para acompanhá-la.

Uma grande questão nesse sentido é que muitas vezes compramos algo de que não precisamos. De acordo com dados do SPC Brasil e da CNDL, quase 60% dos consumidores aproveitaram a oferta de crédito para fazer compras por impulso.

Ainda de acordo com a pesquisa, as principais categorias de compras por impulso foram as seguintes, lembrando que a pesquisa foi feita antes da pandemia:

  • Roupas, calçados e acessórios (19%);
  • Compras em supermercados (17%);
  • Perfumes e cosméticos (14%);
  • Idas a bares e restaurantes (13%).

Se em dado momento esse comportamento de compra só parece refletir uma “bobagem”, uma pequena aquisição que não deve fazer muita diferença, ele pode acender o alerta para algo ainda mais importante: a compulsão por compras.

O assunto já foi tratado no artigo “Psychiatric and socioeconomic aspects as possible predictors of compulsive buying behavior”, que embora tenha sido publicado em inglês, foi redigido por duas brasileiras: Priscilla Lourenço Leite e Adriana Cardoso Silva.

De acordo com o artigo, a compulsão por compras pode ser caracterizada como uma urgência quase irresistível de comprar vários itens. O transtorno de compras compulsivas é um assunto de grande interesse para os profissionais de saúde e sua prevalência na população global varia de 5% a 8%.

Ora, se a população global tem aproximadamente 7,88 bilhões de pessoas, isso significa que o número de pessoas com transtorno de compras compulsivas varia de 472,94 milhões a 630,59 milhões de pessoas.

Na melhor das hipóteses, o número equivale quase à soma da população da Indonésia e do Brasil, 4º e 6º maiores países em número de habitantes, respectivamente.

Como se não bastasse, ainda de acordo com o artigo, 89,2% dos compradores tinham perfis de HADS compatíveis com depressão. HADS é uma sigla que significa Hospital Anxiety and Depression Scale e consiste em uma escala com 14 itens, sendo 7 deles para avaliar a ansiedade e os outros 7 para depressão.

Logo, além da compulsão por compras ser tão prejudicial para o orçamento e para o planeta, ela ainda traz prejuízos à saúde mental, o que, por sua vez, pode impactar negativamente em várias outras áreas da vida.

Depois de tudo isso, fica claro como nós, adultos e pais, somos responsáveis por falar sobre o consumo consciente para crianças e, assim, evitar que esse percentual aumente – o que já é difícil em um mundo em que o apelo na publicidade é tão intenso e aparece em tantas mídias, da TV à internet.

Leia também: Educação midiática: a alfabetização fundamental nos novos tempos

Como falar sobre consumo consciente para crianças?

consumo consciente para crianças

É certo que queremos que o consumo consciente infantil seja uma realidade nas vidas de nossos pequenos. Para isso, precisamos trazer o tema para debate em casa, no dia a dia, não somente nas palavras mas principalmente nas atitudes.

Por isso, separamos algumas dicas práticas e que farão toda a diferença para ajudar as crianças a se tornarem consumidoras conscientes e, assim, viverem uma vida ainda mais tranquila e saudável:

Fale sobre educação financeira com seus filhos

Pode parecer que este é um assunto voltado aos adultos. Porém, é inegável que os pequenos já presenciam o uso do dinheiro em seu dia a dia, seja vendo os pais e responsáveis fazendo compras no mercado ou recebendo a missão de ir até a padaria para comprar os pães do café da manhã.

Por isso, é uma excelente ideia tratar sobre educação financeira com os pequenos. Assim, eles poderão entender melhor o valor do dinheiro e a importância de ter uma relação saudável com ele, o que tende a trazer ótimos benefícios a longo prazo, até quando eles se tornarem adultos.

Para maiores informações, acesse nosso conteúdo sobre educação financeira infantil.

Compre apenas o necessário

Embora seja uma dica óbvia, ela está diretamente relacionada com o objetivo de incentivar o consumo consciente infantil. Afinal, se os pequenos percebem que seus pais não compram tantas coisas, ele não entenderá esse comportamento como um hábito comum.

Comprar menos não significa necessariamente abrir mão de itens importantes para a família, mas, sim, tomar decisões estratégicas, como investir um pouco mais em um calçado que deve durar mais tempo, por exemplo.

Além disso, sempre fique atento ao que você já tem em casa para evitar comprar coisas que não serão utilizadas, o que vale desde as peças de roupa até as frutas e legumes da geladeira.

Veja também: por que precisamos falar sobre consumismo com as crianças?

Compre itens de segunda mão

Quem nunca viu ou participou de um grupo ou comunidade de desapego, nunca comprou em um brechó, que atire a primeira pedra. Hoje em dia, é super comum encontrar tais oportunidades, tanto nas redes sociais quanto no WhatsApp e em outros apps de comunicação.

Basicamente, esses itens já pertenceram a outra pessoa ou família, mas nada impede que eles pertençam à sua agora. Afinal, eles costumam ser vendidos por preços muito mais baratos do que se fossem comprados novos.

Quando pensamos nas crianças, podem ser encontrados brinquedos, peças de roupa, calçados e uma série de outros itens, decisão que mostra como a família pensa no meio ambiente, já que está comprando algo que não precisou ser fabricado novamente.

Inclusive, comprar um item de segunda mão reduz a pegada de carbono de uma peça de roupa em 82%, o que é fantástico também para preservar os recursos naturais.

Pense na ética além da sustentabilidade na hora de comprar

É provável que você já tenha explicado a importância da floresta amazônica aos seus filhos ou que já tenha tocado no assunto de sustentabilidade alguma vez, o que é fundamental. Afinal, apoiar marcas que se preocupam com o meio ambiente pode fazer uma diferença real a médio e longo prazo.

Porém, para além da sustentabilidade, é importante pensar na ética. Isso se aplica, por exemplo, em marcas que se preocupam com o ambiental, mas também com o social (produção baseada em relações trabalhistas dignas e com valorização dos profissionais).

Para tal, vale pesquisar sobre as marcas e, assim, escolher aquelas que demonstram um cuidado especial com o consumo consciente.

Consumo consciente para crianças: um assunto que deve ser “plantado” desde a infância

consumo consciente para crianças

Ser refém de um comportamento compulsivo nas compras é bastante prejudicial, não apenas para o bolso como também em vários outros aspectos da vida. Por isso, se conseguirmos evitar ao máximo que nossas crianças tenham essa compulsão, todos ganham: elas, nós e a sociedade de maneira geral.

Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar. Por isso, se construirmos uma base sólida de consumo consciente desde a infância, os pequenos perceberão esse comportamento e tendem a replicá-lo em seu dia a dia, transformação fundamental para que eles sejam mais saudáveis e felizes.

Você já falou sobre consumo consciente para crianças? Conhece mais alguma forma de colocar isso em prática? Deixe sua opinião aqui nos comentários!

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