Anorexia, bulimia e tantos outros transtornos alimentares em adolescentes parecem estar se tornando cada vez mais comuns. São milhares de jovens declarando insatisfação com seus corpos nas redes sociais e tomando decisões ruins sobre como conduzir seus hábitos alimentares.
Já é sabido que a adolescência é uma fase de muitas mudanças e desafios para os jovens, e é justamente nessa época que os distúrbios alimentares costumam se manifestar. O que os especialistas concordam é que essas alterações podem ser prevenidas precocemente, ainda na infância.
Neste artigo, vamos falar o que é anorexia e bulimia, como prevenir e tratar, e o que é possível fazer para evitar transtornos alimentares desde cedo.
O que é anorexia e bulimia?
Para começar, vale dizer que ambas são consideradas patologias mentais. A anorexia é caracterizada por uma redução e uma restrição totalmente inadequada da ingestão de alimentos, pelo medo excessivo de engordar e também pela distorção da autoimagem corporal.
Já a bulimia é caracterizada por episódios intensos de compulsão alimentar, ou seja, grandes quantidades de alimento ingeridos de maneira descontrolada em um curto período de tempo. Esses episódios são seguidos por um esmagador sentimento de culpa e pelo desejo de reverter ou compensar a ingestão compulsiva dos alimentos.
Assim, as pessoas com bulimia tendem a fazer jejuns, praticar exercícios à exaustão, utilizar laxantes e induzir vômitos, buscando com isso perder peso.
As causas para a anorexia e para a bulimia são diversas. Segundo médicos, os transtornos podem ser disparados por fatores psicológicos, relacionados ao ambiente familiar e à sociedade em que o jovem está inserido, além de serem agravados pelo padrão estético de beleza presente nas redes sociais e na mídia de maneira geral.
Sinais e sintomas da anorexia e da bulimia em jovens
O acompanhamento médico regular de crianças e jovens é fundamental para garantir que seu crescimento e desenvolvimento estejam ocorrendo de acordo com o esperado. No entanto, em caso de sinais ou sintomas de que algo não vai bem, é preciso que os pais ou cuidadores busquem imediatamente ajuda, evitando que o quadro se agrave ainda mais.
Alguns sinais e sintomas de anorexia e bulimia são:
- Comparação frequente com os corpos de outras pessoas;
- Distorção da autoimagem;
- Perda de interesse em outras atividades e assuntos, focando exclusivamente na questão do peso;
- Prática excessiva de atividades físicas;
- Evitar comer em família ou com amigos;
- Comer escondido;
- Uso de medicamento para perder peso;
- Ganhar e perder peso bruscamente;
- Ir ao banheiro logo depois das refeições;
- Interrupção da menstruação;
- Presença de refluxo ácido;
- Tonturas e desmaios;
- Fraqueza e arritmia cardíaca;
- Constipação;
- Problemas bucais;
- Problemas capilares.
Esses são apenas alguns dos sinais e sintomas físicos da anorexia e bulimia em jovens. No que diz respeito à saúde mental, além de ansiedade, depressão e isolamento, os jovens podem ter ataques de pânico, se autoagredir e mutilar, por meio de cortes ou queimaduras.
É preciso estar atento e disponível para ouvir, acolher e ajudar o jovem, jamais encarando manifestações desse tipo como desejo de chamar atenção ou tédio. Não faça de conta que não está percebendo o que está havendo, procure ajuda profissional.
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Como tratar distúrbios alimentares
Como acontece com qualquer outra patologia, obter um diagnóstico preciso é o primeiro passo para definir o tratamento mais adequado para cada situação. O acompanhamento pode ser feito por uma equipe múltipla de profissionais, como psicólogos, nutricionistas, endocrinologistas e cardiologistas, além de terapeutas ocupacionais.
A mudança da relação com os alimentos é fundamental, mas não é o único aspecto a ser trabalhado. As relações com outros jovens e com as redes sociais também precisa ser avaliada.
Muitas vezes o sentimento de inadequação surge da comparação com o que se vê no Instagram e no TikTok, por exemplo, que nada mais é do que um recorte da realidade, escolhido a dedo para gerar engajamento, publicidade e lucro.
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Como prevenir transtornos alimentares desde a infância
Assim como a grande maioria dos hábitos, é durante a infância que estabelecemos nossa relação com os alimentos. Sendo assim, também é nessa fase que podem ser criados mecanismos de prevenção aos transtornos alimentares ou justamente o contrário, as condições ideais para que eles sejam deflagrados.
Existem algumas atitudes que podem ser tomadas para criar uma relação positiva entre a criança e sua alimentação, de maneira a prevenir distúrbios diversos que costumam surgir na adolescência. Essas atitudes podem (e devem) ser adotadas por pais, mães, professores e cuidadores em geral. Saiba mais a seguir.
1. Dieta por si só não resolve nada
Impor ou incentivar a prática de dietas às crianças e jovens não traz resultados positivos a médio e longo prazo. Além de comprometer a ingestão adequada de nutrientes, que é absolutamente fundamental para essa fase da vida em que eles estão crescendo e se desenvolvendo, pode provocar efeitos colaterais terríveis, como deficiência vitamínica e compulsão.
Em vez de restringir a alimentação, invista no desenvolvimento de uma relação saudável com a comida, para que as crianças aprendam a identificar os momentos em que sentem fome e também quando já estão satisfeitas.
No intervalo entre as refeições, quando bater aquela vontade de comer alguma coisinha, ofereça opções de qualidade, como frutas e sucos naturais. O acesso aos alimentos ultraprocessados, cheios de açúcar, sódio e gordura deve ser limitado.
Ainda sobre a alimentação dos pequenos, vale ressaltar que é fundamental respeitar quando a criança indica que já não quer mais comer. Frases como “só mais um pouquinho” e “come se não a mamãe vai ficar triste” devem ser banidas do diálogo com a criança.
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2. O poder do exemplo
Pais, mães e cuidadores que se referem ao próprio peso e aparência corporal de maneira negativa acabam influenciando e validando o mesmo comportamento nos filhos. Por isso, comentários sobre estar magro ou gordo, sobre partes do corpo (braço, barriga, perna etc.) devem ser evitados.
Um ponto de atenção é o seguinte: é claro que você pode elogiar uma criança pela sua aparência, mas evite focar apenas nisso ou agir como se fosse a coisa mais importante de todas. Diga para a criança como ela é inteligente, engraçada, boa companhia, habilidosa, forte, corajosa e esforçada. Demonstre como você é feliz por tê-la em sua vida, em vez de simplesmente dizer que ela é bonita.
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3. Proporcione refeições em família
Compartilhar a comida é uma das maneiras mais antigas de estreitar laços entre as pessoas. Por isso, vale a pena criar uma rotina em que pelo menos uma vez por dia todos da casa se sentem juntos para comer e conversar.
Nesses momentos, desligue a televisão e peça que não utilizem telefones celulares. Fale sobre o seu dia, pergunte sobre o dia dos demais familiares e ouça verdadeiramente e com atenção. Se as refeições puderem ser preparadas em família também, melhor ainda.
Assim é possível fazer escolhas mais saudáveis, com base no valor nutricional dos alimentos e nas preferências de cada um. Quem sabe, talvez vocês criem juntos um cardápio semanal em que a cada dia alguém escolhe o que todos vão comer.
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4. O valor da atividade física
A principal função dos exercícios físicos não é nos manter magros, mas, sim, saudáveis, com energia, tônus muscular, flexibilidade e disposição. Dizer coisas como “você comeu uma pizza inteira no jantar, então amanhã vai ter que caprichar no treino” faz uma associação incorreta e nada positiva entre o alimento e a atividade física.
Procure investir em momentos ao ar livre com a família, andando de bicicleta, correndo, caminhando, jogando bola ou nadando. Além de momentos agradáveis, você mostra para a criança como movimentar o corpo pode ser prazeroso e divertido, e não um sacrifício que deve ser feito para se ter o “direito” de tomar um sorvete, por exemplo.
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5. Cuidado com as redes sociais
Se para os adultos muitas vezes é difícil lembrar que as redes sociais não representam a realidade de ninguém, para crianças e jovens isso é ainda mais difícil. Cabe a nós regular o acesso, orientar e ajudar a construir um raciocínio crítico sobre aquilo que vale ser utilizado como exemplo e referência, separando do que não tem nenhum valor.
Desenvolver a autoestima nas crianças desde cedo é fundamental para que elas cresçam se sentindo bem consigo mesmas, confortáveis em seus próprios corpos e seguras a respeito de quem são. Tudo isso vai muito além do aspecto físico, razão pela qual é tão importante mostrar que cada um de nós é muito mais do que um corpo e uma aparência.
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6. Diálogo e acolhimento
Durante a infância criamos as bases para uma relação respeitosa com a criança, em que o que ela diz tem importância, é ouvido, acolhido e valorizado. Assim, nos momentos desafiadores e estressantes que naturalmente farão parte da adolescência, o jovem saberá que pode contar com os adultos que cuidam dele e zelam por ele.
Sabemos que não é fácil, e que muitas vezes as preocupações com trabalho, com as contas e os desafios do mundo nos afastam dos pequenos, mesmo que nosso maior desejo seja cuidar deles e mantê-los em segurança. Mas não desista! Acredite no poder do diálogo e da mudança gradual, dando passos que sejam constantes, mesmo que pareçam pequenos.