O Clube de Leitura Quindim fala sobre como a ditadura da beleza, a pressão estética e os padrões de beleza, que podem afetar as crianças desde cedo. 

era tecnológica traz incontáveis benefícios à sociedade, como fácil acesso à informação e a possibilidade de se conectar com pessoas em todo o mundo. Mas a tecnologia, sobretudo nas redes sociais, também traz um recorte irreal da vida. Exemplos clássicos e muito atuais são a pressão estética, a busca do corpo perfeito dentro dos padrões de beleza e as intervenções que cada vez mais estão normalizadas.

Não é de hoje que sabemos o quanto esse movimento pode afetar a vida de uma pessoa, fazendo que ela questione se está “de acordo” com o “aceitável” dentro da sociedade. Enquanto o mundo caminha para quebras de padrões de beleza e milhares de pessoas buscam o fim de estereótipos, há ainda incontáveis casos de pessoas e empresas que “ditam regras” sobre estética. 

Se uma pessoa adulta é afetada diretamente por essa pressão estética, imagina as crianças? Sim, elas são impactadas, cada vez mais, por imagens, propagandas, comentários e conteúdos que reforçam essa imposição de padrão de beleza. Todo esse movimento afeta a identidade das crianças, o entendimento de seu papel na sociedade e, muitas vezes, trazem dores profundas e problemas com a autoestima que são carregados para a vida adulta.

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Ditadura da beleza: como a pressão estética pode afetar a criança

Padrões de beleza. Como a pressão estética e ditadura da beleza podem influenciar as crianças

Estudos já comprovaram que padrões e culturas possuem importante influência sobre as crianças, sobretudo quando eles são impostos sob o ponto de vista de pessoas próximas. Outra importante base, que influencia diretamente no entendimento do que é padrão de beleza, são os conteúdos consumidos pelas crianças. Se por acaso um pequeno assiste apenas desenhos de princesas com “padrão clássico e aceitável” branca, magra, cabelo liso e comprido, o que ele vai ter como parâmetro de beleza? O mesmo acontece com narrativas contadas apenas por super-heróis fortes, cheios de músculos e que sempre vencem no final de uma história.

Por isso, é tão importante o consumo de diferentes desenhos, filmes, séries e livros com diversidade, com personagens plurais em todos os aspectos. Esse assunto é de extrema importância e os pais e cuidadores precisam ficar atentos ao tipo de informação que a criança está consumindo. Nosso maior desejo é criarmos pessoas livres, podendo ser quem elas quiserem, certo? O acesso à pluralidade ajudará nesse processo.

Padrões de beleza e o impacto das percepções em cada idade

Padrões de beleza. Como lidar com a ditadura da beleza na infância

Um estudo da Universidade Federal do Paraná observou o comportamento de crianças em diferentes faixas etárias em relação à percepção de padrões estéticos. Os pequenos de quatro anos relacionam beleza com afetividade, como pai, mãe, amigos, professores. A faixa etária de seis anos também apresenta a mesma justificativa de que pessoas mais próximas são as bonitas. Algumas respostas do estudo trouxeram a perspectiva de pessoa bonita sendo aquela que brinca, e não briga. Já os pequenos de oito anos apresentaram a perspectiva de beleza interior, além de levantar características externas, como maquiagem e roupa nova.

Aos dez anos, já houve uma relação de beleza com pessoas que inspiram e que são educadas. Também foram expostos argumentos de “ficar na moda” e vínculos com conteúdo da internet e televisão. Com 12 anos, a criançada relaciona a beleza ao cuidado com o corpo, às vestimentas e à higiene. Nessa idade, muitos já afirmam a importância de ser bonito e associam o tema à aceitação em grupos de amigos e familiares. Por meio dessas análises, é possível perceber a influência da família e escola em todas as idades e, a partir dos dez anos, a presença de mídias para a formação do que é “bonito” e “feio”.

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Como elogiar as crianças sem reforçar ainda mais os padrões de beleza

Padrões de beleza e pressão estética. Como lidar com a ditadura da beleza

O elogio pode ser feito de diversas maneiras. É comum elogiarmos as crianças com argumentos relacionados à beleza. “Nossa, como você está linda ou lindo”, “Essa roupa é linda”, “Vamos fazer tal penteado pra você ficar bonito ou bonita”. Essas são apenas algumas das expressões comuns de pais e cuidadores. O elogio não é um problema em si, a questão é que não podemos apenas enaltecer beleza física. Procure engrandecer a inteligência, a educação, a pessoa amiga e companheira que seu filho é, além de sempre encorajá-lo em todos as etapas de sua vida. As crianças devem crescer entendendo que beleza não pode ser prioridade. Elas precisam valorizar o que é mais importante na vida e nas relações: a parceria, o amor, as trocas e o companheirismo.

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