Em um ano marcado por tantas adaptações, incertezas e frustações, um dos termos mais falados foi, sem dúvida, o cuidado com a saúde mental infantil e dos adultos. Entre muitos relatos e observações de especialistas, o recorte para as crianças nesse âmbito se faz mais do que necessário, uma vez que o assunto não era, ainda, amplamente discutido. Afinal, qualquer mudança dos pequenos pode ser entendida erroneamente apenas como birra ou manha.
Mas fica o alerta – e não apenas em tempos de pandemia, em que os sentimentos se afloraram e vivemos tudo com muita intensidade: é preciso ter um olhar mais sensível e cuidadoso para a saúde mental infantil. Muitos são os transtornos confundidos apenas com comportamentos problemáticos. Portanto, alterações significativas, como agressividade ou condutas muito pacatas, precisam ser relatadas e acompanhadas de perto por especialistas. Neste artigo, Clube Quindim ajuda a tirar algumas dúvidas sobre a saúde mental infantil do seu pequeno.
Pandemia: falta da escola, isolamento social e saúde mental infantil
O impacto da pandemia na saúde mental de todas as pessoas é indiscutível. Nas crianças, o isolamento e as adaptações necessárias para estudar de forma virtual (isso quando possível) causaram repercussões psicossociais. Quando analisamos o imprescindível recorte social, o problema se apresenta de forma ainda mais grave e distante dos cuidados obrigatórios do estado.
A desigualdade social mostra, mais uma vez, que as pessoas em situação de maior vulnerabilidade possuem uma rede menor de apoio, além de estarem, obviamente, mais expostas ao vírus. Para muitas delas, o isolamento social foi praticamente inexistente desde o início da pandemia. O que se vê são crianças pobres sem acesso à rede de ensino, por falta de internet (vale lembrar que muitas não têm acesso nem mesmo ao saneamento básico, imagina, então, aparelhos conectados à web) e de responsáveis disponíveis para auxiliá-los nas atividades.
Muito mais do que a falta do ensino, da sociabilização entre as crianças da mesma idade, a escola fechada também significou, para muitas, a falta de comida. Além disso, o maior tempo com familiares dentro de casa, em um ambiente estressante, é causador de conflitos e, infelizmente, de um aumento da violência doméstica. No início da pandemia, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) orientou a implantação de serviços de rede de proteção contra a violência da criança e do adolescente – mesmo, em um primeiro momento, sendo programas remotos. Muitos casos, por inúmeros motivos, sequer chegam aos serviços públicos, como sistemas de saúde, ou a qualquer outra rede de proteção.
Como, então, dizer que as crianças não foram ou ainda estão sendo afetadas psicologicamente nesse momento? O adoecimento de entes queridos, a perda deles, as dificuldades financeiras vividas por seus responsáveis são outras características relevantes que implicam no senso de normalidade na vida dos pequenos e na saúde mental infantil. Um estudo da Fiocruz de Brasília revela que a dificuldade para se concentrar, medo, tédio, irritação, alteração no sono e na alimentação, e o sentimento de solidão são algumas das alterações comportamentais das crianças observadas durante a pandemia.
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Essa pesquisa indica que o mais adequado é tentar manter a rotina mais próxima possível do que era antes desses tempos que vivemos. Horário para dormir, acordar, fazer as refeições e as demais atividades do dia é um caminho para diminuir a ansiedade. Os ambientes tecnológicos, quando o recorte social permite esse tipo de recurso, também precisam ser avaliados com cautela.
Embora sejam ferramentas essenciais para essa época, no que se refere à educação e à interatividade com familiares e amiguinhos da mesma idade, o tempo na frente de computadores, celulares e tablets deve ser limitado, seguindo orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. A entidade indica o tempo adequado, de acordo com a faixa etária das crianças.
Consequências para a saúde mental infantil e caminhos a seguir
Qualquer transtorno desencadeado durante a infância é preocupante. Em plena fase de desenvolvimento, as crianças podem levar traumas e prejuízos à sua vida adulta, ajudando na construção de uma sociedade cada vez mais doente. Portanto, não ignore as atitudes fora do comum na personalidade dos pequenos. Ao sinal de mudanças significativas comportamentais, acolhimento e amor são os primeiros passos em busca de um ciclo positivo na vida deles.
Outro importante viés a ser levado em conta, além da saúde mental infantil, é a própria saúde mental dos responsáveis. Sobrecarga de trabalho, culpa por não conseguir oferecer atenção necessária aos filhos, todas as inseguranças emocionais e financeiras do momento atual fazem que os adultos mudem também seus comportamentos dentro de casa, é comum. Essas condutas, no entanto, são transmitidas e absorvidas pela criançada, ocasionando conflitos internos, ansiedade, irritabilidade, entre outros problemas. Conte com apoio dos centros de saúde, sejam públicos ou privados, para que os efeitos dos transtornos possam ser atenuados, na medida do possível. Tratamentos adequados ainda na infância e cuidado com a saúde mental infantil ajudam na construção de adultos mais saudáveis, seguros e felizes. Não se esqueça disso!
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