No mês de março, o Clube Quindim enviou para os seus leitores livros que falam sobre a força de ser você mesmo. E o que nos tona quem nós somos são as transformações que sofremos durante cada experiência que passamos. É bom refletir que, mesmo a dor, pode deixar traços significativos em nós. Traços que vão ajudar a compôr a nossa personalidade e a nossa identidade. Então que tal conhecer um pouco desses livros tão sensíveis e bonitos que nos fazem olhar para dentro de nós e perceber a importância de cada momento que vivemos?
Pré-leitor (0 a 2 anos)
Então quem é?
Olhos brilhantes, orelhas pontudas, dentes afiados… Será o lobo? Ou apenas o seu amável cachorro Godofredo? Este livro é uma adivinha, que brinca com um medo comum de infância nesta narrativa cheia de humor.
Como pais e mães, é muito comum que queiramos proteger os pequenos de sentimentos que consideramos ruins, como o medo. Entretanto, é inevitável que essas emoções apareçam. E a literatura nos dá a chance de conhecer esses sentimentos, elaborá-los, refletir sobre eles, e a partir disso lidar com eles de uma forma mais saudável. Enfrentar nossos medos por meio da literatura pode ser muito proveitoso, em especial em um livro como esse! A obra nos traz o medo já na primeira página, mas basta chegar à próxima para sabermos que não havia nada para temer. E não é assim com grande parte de nossos medos?
Cultura
Este poema parece um ciclo. Ele fala de inícios, de nascimentos, para então falar de características marcantes dos animais e suas trajetórias ao longo da vida, e então retornar para a ideia de recomeços. Vemos os filhotes de várias espécies, associados uns aos outros pelo que os une: a infância. Passamos pela criação de diferentes relações, como nas páginas em que o pavão atrai a fêmea, ou quando o cachorro se junta aos porquinhos como um amigo. E, por último, temos a cultura de bactérias, onde se iniciam incontáveis vidas.
Leitor iniciante (3 a 5 anos)
Azul, vermelho, transpareço…
Este livro fala com muita leveza sobre a formação de nossa identidade, quem nós somos, e como, de certo modo, todos passamos por um mesmo processo, que deixa diferentes marcas em nós. Todos têm sonhos, energia, imaginação e dor, e esses elementos aparecem em proporções maiores ou menores em cada um. A identidade é complexa. Sua formação acontece durante toda a vida, afinal, sempre há um novo sonho, uma nova dor, que chega para nos trazer novas cores. Como pais e mães, é lindo, e ao mesmo tempo angustiante, assistir nossos pequenos lutando para construir a própria identidade. Entretanto, conhecê-los, entendê-los em suas peculiaridades, é sempre maravilhoso.
Era uma vez duas linhas
Há um conceito matemático que afirma: linhas paralelas nunca se cruzam… até o infinito. A brincadeira do livro faz lembrar essa ideia. Você pode perceber nas ilustrações que as linhas só se encostam logo que saem pela porta aberta e depois ficam lado a lado, bem pertinho, mas sem se cruzar. Até que elas se afastam muito, muito, e se encontram em um nó. E é interessante pensar sobre isso de um ponto de vista simbólico! Por quantos desencontros passamos até que estejamos junto de algo ou alguém? Que forças ou acontecimentos nos aproximam e nos afastam? Existe um momento certo para encontrarmos cada pessoa? São muitas as reflexões possíveis.
Leitor autônomo (6 a 8 anos)
De onde nascem as flores
É natural durante toda a vida que busquemos um grupo ao qual pertençamos. E, nesse processo, a nossa identidade, quem nós somos de verdade, pode parecer quase uma inconveniência. Um incômodo. E é isso o que acontece com a personagem, que se sente tão diferente de todos. Mas, quando a identidade é perdida, a saudade vem. E, então, ela se reencontra consigo mesma, encontra no ato de ser quem é uma grande força. O acolhimento, que, afinal, nunca foi realmente perdido, agora a envolve por completo. E, sobretudo, ela se permite o espaço para florescer. Afinal, a busca pela nossa identidade não é fácil e nunca termina. Estamos eternamente em formação. Ganhando novas flores e novas cores.
Outros mundos
Mário de Sá Carneiro define o conceito de alteridade em sua citação que abre este livro: “Eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio”. A autora reuniu, ainda, outras belas citações para falar sobre isso no final do livro. Para a filosofia, alteridade é colocar-se no lugar do outro ou ser o outro, ou seja, é permitir que sejamos alterados pela convivência com o outro. Este livro fala justamente sobre isso! Você pode perceber como, no primeiro momento, os personagens são apenas o que são. Até que, em seguida, eles encontram uns aos outros e se misturam, cada um mudando à sua maneira a partir desse choque.
Leitor Fluente (9 a 12 anos)
Como mudar o mundo
Nesta obra, podemos conhecer alguns aspectos da cultura de diferentes populações. Afinal, nossas histórias, nossos mitos e tradições têm muito a dizer sobre quem nós somos e como vivemos. O folclore de um povo demonstra quais questões mais aparecem em seu imaginário, ou seja, as dúvidas que eles buscam responder. Mostra sua forma de pensar e ver a vida e, além disso, é sempre interessante conhecer diferentes culturas e ver de que forma elas se aproximam ou se afastam da nossa. Entender o outro pode nos ajudar a entender nós mesmos, pois a partir do contraste ou da proximidade com o outro conseguimos perceber diversos aspectos do nosso eu.
Origens
Você conhece as origens de sua família? Devido a uma História dolorosa de dominação de povos indígenas e africanos, grande parte dos brasileiros não sabem muito sobre seus ancestrais. Este livro, entretanto, nos convida a mergulhar no passado de diferentes etnias a partir da memória desses cinco escritores e conhecer as particularidades de suas experiências no Brasil. A obra celebra a diversidade que forma nossa população e a cultura dos povos que aqui fizeram um lar. É importante manter viva a memória daqueles que conseguiram contar sua história!