Entenda as diferenças entre disgrafia e disortografia e aprenda a identificar alguns sinais que seu filho pode demonstrar dessas dificuldades de aprendizagem.
É sempre uma alegria quando a criança começa a fazer os primeiros rabiscos no papel, não é mesmo? Quando começam a estudar, então, que felicidade! Porém, a disgrafia e a disortografia podem estar presentes em alguns casos, e é importante ficar de olho.
Algumas crianças não conseguem acompanhar o ritmo esperado e apresentam problemas na escrita. A disgrafia é quando essa habilidade de escrever é afetada e interfere nos demais processos, como a ortografia, espaçamento entre as palavras, tamanho da caligrafia e até a chamada “letra feia”.
Por mais que seja uma questão preocupante, a disgrafia não tem relação alguma com a inteligência ou capacidade intelectual da criança. Na verdade, o problema pode estar relacionado à habilidade motora, TDAH e outros fatores — e às vezes é até confundida com a dislexia.
Portanto, acompanhe o post para entender o que é disgrafia e disortografia e aprenda a identificá-las!
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O que é disgrafia e disortografia e qual a diferença entre elas?
As dificuldades de aprendizagem são processos ligados à compreensão e ao uso adequado da linguagem. Dessa maneira, é necessário compreender as diferenças entre disgrafia e disortografia e quais as características de cada uma.
Disgrafia
A disgrafia é conhecida por afetar a habilidade da escrita da criança. Por exemplo, uma criança que demora muito tempo para terminar a tarefa da escola ou que precisa fazer um grande esforço para escrever de forma mais organizada.
O problema pode dar sinais como uma dificuldade em desenvolver a caligrafia, ortografia ou que a criança não consegue colocar os seus pensamentos no papel. Isso fica mais evidente ao perceber a grafia ou traçado, em que a escrita é mal elaborada.
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Disortografia
Já a disortografia tem características diferentes da disgrafia, uma vez que essa é uma deficiência que realmente afeta as aptidões de escrita da criança. A dificuldade está em estruturar, organizar e produzir textos escritos, bem como uma construção frasal mais pobre e curta. Além disso, é possível observar uma quantidade maior de erros ortográficos.
A dificuldade de aprendizagem é encontrada a partir da escrita aglutinada, inversões, alterações internas de palavras e desordem nas frases. Assim, a disortografia diz respeito a um processo cognitivo de linguagem incompleto.
O mais importante é buscar a real causa para entender as dificuldades em escrever e processar as palavras. O fato é que essa questão pode ser um pouco difícil para os pais entenderem, mas que não é tão alarmante assim desde que o tratamento seja feito com profissionais especializados.
Quais os tipos de disgrafia que existem?
O distúrbio de aprendizagem de escrita tem diversas classificações e cada uma delas tem características diferentes que a identificam. Por isso, conheça um pouco sobre os tipos de disgrafia a seguir:
- Disgrafia maturativa: são as dificuldades no aprendizado da escrita, também pode ser chamada de disgrafia evolutiva.
- Disgrafia adquirida: pode ser uma consequência de alguma lesão cerebral ou por consequência da falta de qualidade no ensino da escrita.
- Disgrafia perceptiva: é a dificuldade que a criança tem em fazer relações dos sistemas simbólicos às grafias dos sons das palavras. O que é escrito não corresponde ao que a criança quer dizer. Também é chamada de disgrafia disléxica e tem características como a confusão de letras com sons semelhantes, inversão de sílabas, omissões de letras, agregação de sílabas e letras e outras dificuldades.
- Disgrafia motora: são as dificuldades com a coordenação motora fina, onde a criança consegue ler e falar, mas tem grandes problemas em escrever ou reproduzir letras, palavras, números etc.
- Disgrafia espacial: esse é o tipo conhecido pela “letra feia”, em que a escrita é ilegível e há dificuldade para escrever as palavras. No entanto, a velocidade de escrita e a soletração oral são normais.
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Quais as características da disortografia?
É comum identificar o problema quando a criança começa a escrever, mas há situações em que mesmo após alguns anos de escola, o distúrbio ainda permanece sem ser reconhecido. Enquanto o normal é que as crianças desenvolvam as habilidades de escrita ano após ano, quem tem disortografia sente uma dificuldade muito maior no aprendizado.
O National Center for Learning Disabilities (NCLD) aponta que os principais sintomas da disortografia são:
- Dificuldade para formar as letras;
- A criança não consegue organizar e articular os pensamentos aos escrevê-los;
- Falta de organização na página e texto desordenado;
- Letras deformadas ou com pouca nitidez;
- Dificuldade em escrever em linha reta e de permanecer entre as margens;
- Letras grudadas umas nas outras, traços de má qualidade e enlaces malfeitos;
- A criança tenta corrigir o que escreveu várias vezes;
- A pegada é mais firme e desajeitada, chegando a ser dolorosa;
- Dimensões irregulares nas letras (muito grandes ou pequenas);
- O ritmo de escrita pode ser muito lento ou rápido demais;
- Problemas com regras gramaticais e estruturas frasais ao escrever;
- Dificuldade em copiar letras e símbolos que não mostram os padrões motores que devem ser usados;
- A inclinação sobre o papel é excessiva ou há ausência dela quando a criança está escrevendo;
- As hastes e pernas das letras são desproporcionais;
- Os desenhos são mal colocados no papel, distorcidos, planos, sem proporção e pobres em detalhes.
Às vezes, os sintomas da disgrafia podem mudar com o tempo. Além disso, as crianças com o distúrbio geralmente apresentam outras deficiências na coordenação motora fina — como ao tentar amarrar os sapatos.
Como saber se meu filho tem disgrafia ou disortografia?
Assim como qualquer outro distúrbio ou dificuldades durante a infância, o recomendável é sempre buscar ajuda profissional. Nesse sentido, um time multidisciplinar composto de professores, pedagogos, psicólogos e neuropediatras podem ajudar a identificar o problema.
Dessa maneira, a criança é encaminhada para a realização de exames avaliativos, tais como o de quociente de inteligência, a análise dos trabalhos de escola e a observação de outros pontos relacionados.
O que causa a disgrafia e a disortografia?
Depois que crescemos e já estamos acostumados a escrever, essa parece uma tarefa bem simples e banal. Entretanto, a escrita é um processo bem complexo, sobretudo na infância, enquanto ainda estamos em formação.
Escrever ativa a coordenação motora, a memória e os pensamentos sobre as palavras e os significados delas. Desse modo, é preciso avaliar se há realmente a presença de um distúrbio ou se é apenas uma dificuldade passageira.
De modo geral, as causas da disgrafia e da disortografia são desconhecidas, mas sabe-se que envolve um problema com a codificação ortográfica. No entanto, o transtorno de aprendizagem pode estar relacionado com nascimentos prematuros ou com o desenvolvimento pré-natal do bebê.
Em uma boa parcela de casos de disgrafia o problema tem relação com um problema psicomotor.
Tratamento para disortografia e disgrafia
O primeiro passo é identificar se o problema apresentado pela criança é disgrafia ou disortografia, somente a partir de então é que o tratamento será indicado.
No caso da disortografia, o tratamento é iniciado com um fonoaudiólogo e, posteriormente, é feito acompanhamento com um psicopedagogo.
Já o tratamento da disgrafia pode variar, incluindo terapia ocupacional (para fortalecer o tônus muscular, por exemplo), fonoaudiólogo, treinamentos para controlar os movimentos de escrita e habilidades motoras e atividades para melhorar a memória e a capacidade de escrever.
Cada caso precisa ser estudado e avaliado particularmente, só assim será possível traçar um tratamento adequado para a criança, de acordo com as necessidades dela. Estratégias em sala de aula também podem ajudar no aprendizado, bem como a ajuda em casa com as atividades, leitura de livros, ajuda para segurar o lápis, entre outras tarefas.
A disgrafia é um distúrbio difícil de lidar e a criança precisa de todo apoio para conviver com ele. O acolhimento e auxílio dos envolvidos é essencial para que ela consiga se desenvolver.
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