A história do Brasil é marcada por contradições, múltiplas culturas e experiências distintas, o que resulta em um presente onde a diversidade é uma das nossas características mais fortes — e também um dos nossos maiores orgulhos.

Essa diversidade, no entanto, muitas vezes passa despercebida quando olhamos para a vida das crianças. Ainda estamos habituados a representações de uma infância universal, mais próxima de um ideal do que da realidade: uma infância que, assim como o nosso país, é atravessada por diferentes contextos, culturas e contradições. Por isso, hoje falamos em infâncias, no plural. Porque são muitas — e bastante distintas — as formas de viver e crescer de norte a sul do Brasil, e tentar unificá-las em uma única vivência é limitar a complexidade dessas experiências.

Pensando nisso, selecionamos 8 livros infantis que revelam a diversidade de infâncias brasileiras. Obras que nos convidam a enxergar o país pelos olhos de diferentes crianças, com suas rotinas, desafios e belezas únicas. Um convite à empatia, perspectiva e à ampliação do olhar.

Clube Quindim

conheça 8 livros que mostram a diversidade de infâncias no brasil

Livro Seu tainha
Escritora: Janaína Figueiredo
Ilustradora: Bruna Lubambo
Editora: Tigrito
Faixa etária: 3 a 8 anos

Seu Tainha

Um menino observa de sua janela um barco pesqueiro passar todos os dias. Ansioso por viver grandes aventuras, ele quer ser como aquele barco, que corta o mar sem qualquer medo. Mas, de repente, o barco não volta mais a cruzar sua janela.

Em Seu Tainha, somos apresentados à comunidade caiçara, tradicional em todo litoral do Brasil e conhecidos principalmente por praticar a pesca artesanal e a agricultura.

Capa Frente Enauene transparente e1747753314703
Escritora: Rita Carelli
Ilustradora: Anabella López
Editora: FTD
Faixa etária: 6 a 12 anos

MINHA FAMÍLIA ENAUENÊ

Neste livro que também é bastante representativo da diversidade de infâncias no Brasil, conhecemos a história de uma menina da cidade que é adotada por uma família do povo indígena Enauenê-nauê e as peculiaridades da sua experiência inserida nessa nova cultura.

Minha família Enauenê é uma obra de autoficção da autora Rita Carelli, filha de uma antropóloga e de um cineasta indigenista, que passou um tempo de sua infância na aldeia indígena do povo Enauenê-Nauê, no estado do Mato Grosso.

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Amanhã (autora Lúcia Hiratsuka, editora Pequena Zahar)
Autora: Lúcia Hiratsuka
Editora: Pequena Zahar
Faixa etária: 6 a 12 anos

Amanhã

Como você se sentiu antes do seu primeiro dia de aula? Você se lembra? Amanhã conta, com muita delicadeza, três histórias, colhidas na memória familiar de Lúcia Hiratsuka, que cresceu no interior de São Paulo.

Nesta obra, a autora expõe questões culturais de uma infância nipo-brasileira nos menores detalhes, como na marmita que uma das personagens leva à escola, mas também revela uma situação de discriminação e racismo sofrida pelos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.

Fevereiro (autora Carol Fernandes, editora Caixote)
Autora: Carol Fernandes
Editora: Caixote
Faixa etária: 3 a 12 anos

Fevereiro

Neste livro, encontramos a magia da tradição do Carnaval e das memórias que se constroem ao longo da vida pelo olhar da infância, em uma delicada homenagem ao bloco de rua soteropolitano Filhos de Gandhy.

Em Fevereiro, Carol Fernandes celebra a herança africana e o protagonismo afrobrasileiro presente nesta festa tão tradicional, em que as populações negras do Brasil entram em evidência pela arte que produzem com seus corpos, seus instrumentos, seus olhares e seu afoxé.

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Chupim CapaTransparente e1742503986431
Escritor: Itamar Vieira Junior
Ilustradora: Manuela Navas
Editora: Baião
Faixa etária: de 6 a 12 anos

Chupim

Pela primeira vez, Julim é encarregado por seu pai de espantar as pragas do arrozal. É quando ele chega à plantação que descobre que as tais pragas, que lhe pareciam tão terríveis, eram apenas passarinhos.

Com muita sensibilidade, as palavras de Itamar Vieira Junior e as pinturas à óleo de Manuela Navas nos convidam a refletir sobre as vivências dos trabalhadores rurais e as relações que ali se constroem, entre crianças, entre famílias, entre homem e natureza. Mais um livro bastante representativo da diversidade de infâncias no nosso país.

FioDeRio CapaTransparente e1716402958307
Autora: Anita Prades
Editora: WMF Martins Fontes
Faixa etária: 3 a 8 anos

FIO DE RIO

Em um período de seca, uma menina vê uma fresta de rio escondida sob o asfalto. Isso a leva por uma viagem pela natureza que imagina um dia ter existido por ali, onde hoje só se veem prédios cinzentos.

Quantos rios se escondem por baixo do asfalto de sua cidade? Em Fio de rio, Anita Prades, uma autora paulistana, instiga uma reflexão sobre a forma como muitas cidades são construídas, com seus rios desviados, sua mata ciliar desmatada, e outros tantos rios soterrados para abrir espaço a construções.

Leia mais: Sobre crianças e rios: como o incentivo dos pais muda a relação que os pequenos tem com a natureza

DiarioDasAguas CapaTransparente e1747751217201
Escritora: Gabriela Romeu
Ilustrador: Kammal João
Editora: Peirópolis
Faixa etária: 9 a 12 anos

DIÁRIO DAS ÁGUAS

Este é um diário de viagem, mas de um tipo diferente de tudo o que você já viu. Em suas páginas, acompanhamos uma jornada pelos rios do nosso país, expressa em versos, poemas e receitas que testemunham a experiência de viver no entorno das águas.

Ao longo dos meses registrados em Diário das águas, embarcamos nessa canoa para testemunhar as vivências de Gabriela Romeu ilustradas por Kammal João, compartilhando da sua admiração pelas palavras e seus significados, pela sabedoria dos povos ribeirinhos e pelas dualidades que residem dentro do menor dos seres e na mais ampla imensidão das águas brasileiras.

ReizinhoCongo CapaTransparente e1702415147520
Escritor: Edimilson de Almeida Pereira
Ilustradora: Graça Lima
Editora: Paulinas
Faixa etária: 6 a 12 anos

Os reizinhos de Congo

Neste livro, que encerra nossa seleção de obras que dialogam com a diversidade de infâncias no Brasil, observamos toda a expectativa de um menino e uma menina que ganham protagonismo na festa da Congada em uma história que fala de ancestralidade e de troca de experiências: quando o mais velho fala, o reizinho ouve, e o mesmo acontece com a rainha-menina.

Tal como o Carnaval ou as Festas Juninas, o Congado é uma festa tradicional brasileira, com influências do Congo, da Angola e de Portugal, tornando-se um movimento que mescla cultos católicos e religiões de matriz africana e que, hoje, aparece sobretudo no centro-sul.