Uma importante celebração da cultura brasileira, a Congada é formada pelo encontro da cultura africana com a portuguesa. Nessa festa, a batida das palavras rimadas nos leva a dançar, mesmo que a gente nem saiba os passos. O reizinho nos convida para conhecer a história de seus antepassados e ouvir, junto a ele, o que os mais velhos têm a nos ensinar. Já com a Rainha-Menina aprendemos, sobretudo, sobre os vínculos entre avó, mãe e filha, e os segredos que a sabedoria feminina vem guardando desde os tempos primeiros.
A obra de Edimilson de Almeida Pereira fala sobre o Congado, esse folguedo brasileiro tão importante quanto a Festa Junina e o Carnaval, que resiste à passagem do tempo, principalmente entre as tradições do centro-sul do nosso país. Com influências do Congo, de Angola e também de Portugal, esta celebração é uma mistura de teatro, dança, poesia e espiritualidade, tanto de religiões de matriz africana quanto cristãs, especialmente católica.
A prosa de Edimilson de Almeida Pereira se dá num ritmo bastante poético, como o movimento do mar que é o narrador destas histórias-memórias. O tom de sua voz é marcado pela oralidade, o que torna o texto ideal para a leitura em voz em alta, além de trazer o recorte de pequenos versos que leva o leitor aos refrães de antigas cantigas. Por sua vez, nas ilustrações de Graça Lima podemos ver a riqueza dos trajes utilizados no festejo, com toda riqueza de cores, contas e miçangas. O livro, enfim, traduz cenas e afetos que precisamos para jamais esquecer os absurdos impostos aos povos escravizados, ao mesmo tempo em que honramos toda sua beleza, força e resistência.