Sob uma atmosfera cinzenta e sufocante, uma menina e sua mãe observam as plantas de casa murcharem pela falta de água. Também elas estão penando com a seca. Da torneira, escorre apenas um tímido fio de água... Ao saírem de casa, vão andando em meio aos prédios, carros e ônibus que parecem não ter fim. A menina nota uma pequena fresta na calçada. Nela, um novo mundo irá se descortinar: um fio de rio que traz vida às plantas e aos animais, revelando um universo antes desconhecido por ela e, mesmo escondido sob o asfalto, resiste.
O livro de Anita Prades nos faz pensar sobre como seriam nossas paisagens, antes de se tornarem cidades. Onde foram parar os rios, as matas, os animais e plantas que viviam aqui muito antes das interferências impiedosas e egoístas do ser humano.
Ao mesmo tempo, a narrativa pictórica nos convida a apurar a audição e a observar com mais atenção a presença da natureza nos lugares onde estamos. Em meio às buzinas, há pássaros. Entre as quinas dos prédios, há céu. Escondido no asfalto, há rio. Nem que seja um fio.