O medo é um sentimento muito comum na infância, mas, se você prestar atenção, vai notar que ele aparece com características bem variadas. Bebês pequenos podem se assustar diante de sons ou luzes fortes, já os maiorzinhos demonstram temor quando surgem pessoas ou ambientes novos. É só mais ou menos a partir de um ano e meio que as crianças começam a ter medo de escuro, e posteriormente, entre 3 e 5 anos, que temem monstros, fantasmas e outras criaturas assustadoras.

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Imagem do livro “A princesinha medrosa“, livro já enviado à Família Quindim. Crédito: Clube Quindim

Diante do medo na infância, muitos pais tentam minimizar o sentimento – principalmente se o alvo do medo é um elemento fantasioso. No entanto, dizer ao pequeno que o que ele sente é “bobeira” ou que não tem razão de ser pode soar como um silenciamento daquela emoção ou como se os pais não dessem importância para a angústia da criança. O ideal é oferecer acolhimento, comunicar que o medo é um sentimento comum – e em até certa medida benéfico, pois nos ajuda a nos proteger de perigos –, que adultos também sentem medo e dialogar sobre as origens daquele sentimento.

Nesse sentido, a literatura é excelente para ajudar a lidar com o medo. Afinal, ela pode apresentar o sentimento de forma simbólica, apontando caminhos para sua transcendência de modo mais leve e até divertido. Para ajudar pais e mães, o Clube Quindim separou alguns livros ótimos para abordar o medo com os pequenos na infância.

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6 Livros para lidar com o medo na infância

A princesinha medrosa (autor Odilon Moraes, editora Jujuba)
Autor: Odilon Moraes
Editora: Jujuba

1. A princesinha medrosa

Um livro que já se tornou uma espécie de clássico da literatura infantil brasileira, além disso, foi vencedor do prêmio de Melhor Livro para Crianças da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), do Jabuti e até adaptado para peça de teatro.

Nele, uma princesinha tem medo de tudo: do escuro, da escassez e da solidão. Então, com seu poder de princesa, tenta controlar a ação de todos à sua volta para se proteger. Isso até que se perde em um passeio e conhece um menino que gosta de contar estrelas à beira do rio. A partir daí, a menininha vai aprender a enxergar o mundo com outros olhos, descobrindo que pode encontrar força dentro de si mesma.

Chapeuzinho Amarelo (escritor Chico Buarque, ilustrador Ziraldo, editora Autêntica)
Escritor: Chico Buarque
Ilustrador: Ziraldo
Editora: Autêntica

2. Chapeuzinho amarelo

Essa simpática personagem da literatura nacional também tem medo de tudo – não à toa é amarela. Nos traços característicos do ilustrador Ziraldo, ela teme tanta coisa que tem até medo de sentir medo. Mas o maior dos seus temores é encontrar o lobo, essa criatura feroz do imaginário infantil, capaz de comer vovózinhas, caçador, rei, princesa e muito mais. Tudo muda de figura, contudo, quando a garotinha se vê diante do animal: ela vai perceber que é possível encontrar estratégias simples para lidar com o temor. E que o medo é menor do que imaginava.

Este livro recebeu o selo de “Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e, além disso, em 1998, Ziraldo conquistou o Prêmio Jabuti na categoria Ilustração.

O animal mais feroz (autor Dipacho, editora V&R)
Autor: Dipacho
Editora: V&R

3. O Animal mais Feroz

Muitas vezes, o que ajuda a driblar o medo é mudar a perspectiva, a forma como olhamos para determinadas situações. É isso que norteia esse livro, assinado pelo autor e ilustrador colombiano Dipacho, que já recebeu vários prêmios por suas obras. No título, entregue pela seleção do Clube Quindim, descobrimos que, se olharmos determinadas criaturas por um ângulo específico, elas podem parecer menos assustadoras do que são. Da mesma forma como olhar uma criatura que não amedronta por certo ângulo pode meter muito mais medo.

Este é o lobo (autor Alexandre Rapazzo, editora DCL)
Autor: Alexandre Rampazo
Editora: DCL

4. Este é o lobo

Esta obra traz um dos maiores ícones do medo: o lobo. Ele é apresentado junto a outros personagens de seu universo, deixando sempre um espaço para o leitor completar: onde foram parar os personagens que “não estão mais aqui”? Assim, o livro brinca com os espaços vazios de significados ao deixar em aberto, durante a narrativa, a pergunta: o que aconteceu com os personagens que estavam com o lobo?

Ao deixarem o lobo sozinho com os espaços em branco, pode surgir a leitura da solidão. O estigma do lobo mau estaria afastando todos dele? Ou será que o lobo os devorou? É um vazio que o leitor preenche, com suas memórias, seu repertório. Até o final da história, com sua resolução inesperada.

Sorteio da morte (escritor Hubert Bem Kemoun, editora Companhia das Letras)
Autor: Hubert Ben Kemoun
Editora: Seguinte

5. Sorteio da morte

O que você faria se soubesse que foi sorteado para morrer daqui a três dias? E se o sujeito estranho que lhe deu a notícia pudesse realizar qualquer desejo seu antes do fim? Esse é o problema enfrentado por Jean Trumel, o protagonista desta aventura em que mistério e ação ganham toques de humor.

Sorteio da morte trata sobre a vida e a morte, sobre o bem e o mal, mas sem apresentar explanação didática. Trata desses temas de uma perspectiva literária, sem apresentar uma conclusão moral. Nessa abordagem literária, sem dar respostas prontas ou uma visão de mundo dicotômica, oferece ao leitor o espaço para que este busque suas respostas, desenvolvendo o pensamento crítico e autônomo.

medo na infância: Menina Amarrotada aline abreu
Autora: Aline Abreu
Editora: Jujuba

6. Menina amarrotada

Nossa última dica de livro para falar sobre medo na infância aborda um tema difícil: a perda de um ente querido. Não apenas pela morte, como também por separação dos pais. Além disso, fala também sobre mudança externa e interna. Aliás, é comum achar que literatura infantil só trate de temas alegres, com imagens bem coloridas. Mas a criança também sente medo, tristeza, saudade, raiva. Ela também tem dias cinzas. Fingir que esses sentimentos não existem não faz com que eles de fato deixem de existir.

Por isso, a literatura é um modo de mergulhar nessas questões sem necessariamente apontar o dedo para elas e ajudar o leitor a identificar e lidar com os amarrotados da vida.

Imagem de capa retirada do livro A princesinha medrosa de Odilon Moraes.

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