O uso de dispositivos digitais traz uma série de desafios para pais de crianças e adolescentes. Em um momento de transição, em que novas tecnologias surgem com enorme frequência, é muito comum também surgirem dúvidas sobre boas práticas na utilização de celulares, tablets e computadores, inclusive para garantir a segurança digital infantil.

Nesse cenário, os aplicativos de monitoramento podem ser aliados estratégicos. Essas ferramentas entregam aos pais uma série de informações: localização, tempo de uso e conteúdos acessados, por exemplo. Também permitem que o responsável bloqueie o acesso a certos sites e controle as horas de utilização dos dispositivos. 

Mas será que isso é o suficiente para garantir o uso saudável e seguro das crianças? Rita de Cássia Kileber Barbosa, especialista em salvaguarda da instituição Aldeias Infantis SOS Brasil, frisa que não. Ela acredita que, junto ao uso das ferramentas de monitoramento, os pais devem realizar um trabalho constante de aconselhamento e fortalecimento dos vínculos de confiança.

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Como ensinar a criança a navegar pela internet com segurança

Rita fala sobre a importância da alfabetização midiática e alerta para o fato de que esse assunto ainda não recebe a importância que merece. Como o termo explicita, a alfabetização midiática (também referenciada como letramento midiático ou educação midiática) diz respeito ao aprendizado e à reflexão a cerca do uso adequado de canais de informação, redes sociais e do universo digital como um todo. Para ela, “prevenção” é a palavra de ordem nesse contexto. 

Além disso, a especialista frisa algumas boas práticas quanto às idades adequadas. “A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não recomenda o uso de telas do zero aos dois anos. Esse é o primeiro ponto”, sublinha. De dois a cinco anos, fala-se sobre uma hora por dia, preferencialmente com pausas ao longo desse período. Rita também menciona a importância do respeito à idade legal para o uso de redes sociais (que é de 13 anos no Brasil) e de esclarecimento sobre sexualidade a partir dos 6 anos, considerando a necessidade da prevenção contra a pedofilia.

Tendo isso mente, há um aspecto indispensável: o do diálogo. “Não basta barrar. A criança pode estar na casa de um amigo que não tem [ferramentas de segurança digital infantil]. Então, a gente não vai conseguir protegê-la só pelo controle. Precisamos desenvolver consciência e crítica nas crianças”, defende Rita. 

segurança digital infantil
Foto: Canva

“Estar no mundo digital já não é exceção, é a regra. E nós precisamos preparar as crianças para esse mundo”, resume a especialista. Isso inclui não apenas orientação sobre interações perigosas e conteúdo impróprio, mas também conversas profundas sobre padrões de beleza, condição financeira e respeito à individualidade. 

Outro ponto importante é que o diálogo deve existir para que as crianças não mantenham segredo a respeito do uso de dispositivos digitais e para que, tanto elas quanto os adolescentes, tenham uma rede de apoio caso sejam vítimas de crimes sexuais ou ataques de ódio, por exemplo. E mais: a boa comunicação faz com que o adulto responsável seja visto como uma fonte segura para sanar dúvidas de todo tipo, como as que surgem através de notícias falsas ou distorcidas. 

E o que fazer quando sei que meu filho entrou em contato com conteúdo impróprio? Pergunte a respeito do que tem interessado a criança na internet e vá direcionando o assunto, a fim de estabelecer uma conversa cordial, franca e esclarecedora. Exerça a paciência para explicar, por exemplo, que a pornografia não retrata a realidade e sobre o quanto pode ser nocivo esse tipo de representação do sexo.

Diálogos dessa natureza são delicados e desafiadores, mas muito necessários para desenvolver o pensamento crítico e ético das crianças e adolescentes. Assim, eles se fortalecem cognitiva e emocionalmente e conseguem lidar melhor com o enorme volume de informações, estímulos e armadilhas do ambiente digital.

Direto do Instagram: Você sabe o que seu filho faz na internet?

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segurança digital infantil: 5 Ferramentas de controle parental sugeridas pela especialista

Você sabe o que seu filho faz na internet_meio. Família acessando computador
Foto: Canva

1. Google family link

É um app gratuito de monitoramento. Através dele você obtém informações sobre o uso do dispositivo e a localização. Também é possível gerenciar configurações de privacidade remotamente, controlar o tempo de uso e bloquear horários. Assim como outras ferramentas do Google, esta também é simples de usar, com navegabilidade intuitiva. Está disponível para Android e Chrome.

2. Norton family

Trata-se de um aplicativo de monitoramento mais completo do que o Google Family Link e, por isso, têm planos pagos de assinatura. O Norton Family oferece 30 dias de teste gratuito e custa R$ 39* no primeiro ano. Com uma interface simples, nele é possível bloquear dispositivos e aplicativos, filtrar conteúdos da internet, além de possuir um relatório de atividades.

3. qustodio

O Qustodio, também uma ferramenta paga, conta com dois planos diferentes, o básico e o completo. Respectivamente, as assinaturas anuais custam R$ 78,95 e R$ 139,95*. Assim como os demais, o app permite controle de tempo, relatório de atividades, geolocalização e conta com a possibilidade de monitorar mensagens de texto, redes sociais e chamadas.

4. OPNsense e Family shield

Duas opções de firewall, ou seja, ferramentas que permitem o controle do tráfego em dispositivos digitais. São usados principalmente para bloquear o acesso a determinados sites e impedir a entrada de agentes maliciosos nos dispositivos. Esse tipo de ferramenta também gera informações sobre tentativas de acesso a sites considerados impróprios.

*Preços verificados em junho de 2025.

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