Em um tranquilo povoado nasce um bebê, que cresce gostando muito da cor verde. No povoado ao lado, no mesmo instante, surge outro recém-nascido, que por sua vez cresce gostando muito da cor vermelha. Um dia, já adultos, seus caminhos se cruzam. Em vez de apenas dialogarem sobre suas preferências, e quem sabe até ficar amigos, eles passam a noite inteirinha discutindo.
Quando voltam para casa, muito irritados, começam a contar mentiras tenebrosas um sobre o outro, e sobre seus respectivos povoados. Essas mentiras passam a ser repetidas por toda parte e, adivinhe só? O resultado só poderia ser uma catástrofe, afinal, já sabemos: mentiras repetidas muitas vezes acabam se disfarçando de verdade, não é mesmo? E agora?
A obra de Ximo Abadí usa a metáfora das cores para falar sobre qualquer questão em que haja divergência de opiniões e falta de aceitação com os demais. Fala, também, sobre os riscos de confundir cargos de poder com oportunidades para caprichos pessoais e arbitrariedades, sobre o perigo de acreditar em tudo o que se ouve, e sobre as consequências disso para todos os que estão ao nosso redor.
Um livro inteligente e perspicaz, que oferece uma ótima oportunidade para conversar com as crianças sobre fake news, respeito e tolerância, causa e consequência, direitos e deveres. E, claro, em tempos de polarização e absurdos normalizados, não custa nada lembrar: se faz apologia a qualquer tipo de violência e fere os direitos humanos, não é liberdade de expressão.