Dante é um garoto comum, que entra em uma nova escola. Em pouquíssimo tempo, ele deixa de ser apenas mais um dos alunos para se tornar o centro das atenções de um grupo, que começa a persegui-lo por sua classe social e aparência física.
Além de agredirem Dante por não ter as mesmas condições que eles, e de listarem incansavelmente todas as boas coisas da vida que o menino jamais será capaz de ter, o grupo destila um ódio impressionante quando fala sobre suas características físicas. E, mais: se favorece e se fortalece no anonimato proporcionado pela internet, que faz com que mais e mais crianças se juntem para ridicularizar e agredir Dante, dizendo coisas incrivelmente cruéis.
A obra de Luís Dill é toda construída de uma maneira bem diferente dos livros a que estamos acostumados. Primeiro, porque a narrativa não é linear: nós ficamos sabendo do que acontece por meio de fóruns online, transcrições de diálogos e recortes de blog. Segundo, porque a história nos leva para trás e para frente no tempo, de maneira que sejamos nós mesmos os responsáveis por construir uma sequência de fatos em nossa cabeça.
Mas o mais impactante, sem dúvida, é que esta se trata de uma história inspirada em fatos. O que ocorre com Dante no livro é reflexo direto de acontecimentos reais e devastadores que destruíram a vida de uma criança e sua família.
Obviamente precisamos nos manter atentos e acolher as vítimas desse tipo de violência. Mas a pergunta que nos assombra durante esta leitura é: o que estamos fazendo, concreta e diariamente, para evitar que nossos filhos se tornem preconceituosos, violentos, adeptos do bullying e do cyberbullying?
Este é um livro sério e importante, que pode servir de caminho para conversar com nossas crianças e jovens sobre esses temas, cada vez mais relevantes diante das violências que vemos diariamente na TV e nas redes sociais.