Tirar as crianças da frente das telas é uma tarefa desafiadora, mas a natureza pode ser uma grande aliada nessa missão. Árvores, flores, borboletas, a água que se transforma em cachoeira… tudo isso pode despertar a atenção dos pequenos. E mais: também aflora a criatividade, o senso crítico, noções sobre o próprio corpo e habilidades de socialização.
Conversamos com as educadoras ambientais Andreza Livramento e Fernanda Poletto para elaborar dicas de como não só aproximar as infâncias da natureza neste ano mas toda a família. Elas trabalham juntas na Aldeia da Fraternidade, um projeto socioeducativo voltado a crianças e jovens de Porto Alegre/RS.
Dá para começar com atividades simples, como cultivar um vasinho dentro de casa. Mas também vale investir em projetos maiores, como planejar uma viagem com os pequenos para um destino voltado à natureza. As possibilidades são muitas! Confira abaixo algumas dicas e ideias.
1. Mude de ares: explore novos parques na sua cidade ou em cidades vizinhas
Geralmente o parque preferido da família é aquele que fica perto de casa. E não há nada de errado nisso! Mas, de vez em quando, vale a pena mudar de cenário e conhecer novos lugares, ampliando as experiências dos pequenos.
Andreza chama a atenção para o contato com a natureza através do brincar. As atividades ao ar livre também favorecem o contato social e senso de coletividade. A educadora Fernanda complementa que essas possibilidades dão ao parque o caráter de “lugar expansivo” e que ambientes assim são muito importantes para a formação das crianças.
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2. Procure por parques com árvores escaláveis
Complementando a sugestão anterior, vale a pena dar atenção a esse ponto. O ato de subir em árvores é uma atividade ancestral e cria conexões com a natureza. Mas a atividade requer cuidados com a segurança, claro.
“Nunca coloque uma criança em cima de uma árvore se ela não conquistou aquilo”, frisa Fernanda. A subida em árvores deve ser feita aos poucos, respeitando a musculatura, a consciência corporal e a habilidade da criança. O ato de “conquistar” tem a ver com essas características, que vão sendo adquiridas com o tempo. A educadora ambiental Andreza complementa a dica frisando que a criança precisa obter confiança para realizar a escalada.
Outra sugestão é a de que os adultos também subam nas árvores, em vez de atuar apenas como espectadores. Isso aumenta a confiança dos pequenos, além de facilitar o aprendizado e fortalecer a criação de memórias afetivas marcantes.
3. Relembre as brincadeiras da sua infância
Os pais de hoje tiveram uma infância bem menos digital do que seus filhos. Então, por que não resgatar as brincadeiras de outras épocas? Especialmente, aquelas realizadas ao ar livre, é claro.
Fernanda aponta que o simples ato de contar sobre a infância cria vínculos entre pais e filhos. E isso se intensifica quando as brincadeiras são colocadas em prática. A ideia é que os adultos entrem junto na atividade, ampliando o tempo de qualidade com os pequenos.
Para quem está sem criatividade, Fernanda dá uma dica de brincadeira. Recorte pedaços de algum papel resistente e, em cada um, escreva letras que formem uma palavra. Esconda as letras em um espaço do parque e peça para as crianças procurarem. Ao final, elas devem formar a palavra.
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4. Liberdade e assistência: conceitos para ter em mente
O contato das crianças com a natureza pode gerar muitas dúvidas a respeito de como os adultos devem proceder, especialmente no que diz respeito à segurança. Ao falarem sobre “liberdade e assistência”, as educadoras entrevistadas apontam caminhos para essa interação.
Os adultos precisam estar sempre atentos à integridade dos pequenos, mas também devem dar espaço para a livre expressão das crianças. Como já dissemos, propor brincadeiras é muito válido, mas, em outros momentos, permita que a criança tenha autonomia para interagir com o espaço.
5. Incentive a criança a cuidar de uma planta
Essa planta pode ser cultivada no jardim de casa ou, se a sua família mora em apartamento, num vaso. É possível plantar sementes e ver o desenvolvimento desde o início, ensinando a criança a regar e até podar. Se for comestível, melhor ainda, pois ajuda a criança a aprender também sobre o universo da alimentação.
A escolha da planta vai depender da época do ano e do clima da cidade em que você mora. Manjericão, alface e salsa são opções que costumam dar pouco trabalho no cultivo.
6. Mora em apartamento? Que tal ajudar algum parente ou amigo a cuidar do jardim de casa
Jardins e hortas são locais cheios de oportunidades de aprendizagem. A terra, a água, as folhas, as flores, as minhocas… todos esses elementos despertam a atenção dos pequenos.
Há muito o que aprender nos quintais daquelas pessoas que se dedicam a cultivar plantas. Se você tiver a sorte de conhecer alguém assim, vale a pena propor uma visita em que a criança possa interagir com o plantio e a manutenção do espaço.
7. Frequente feiras de produtores com as crianças
Fernanda e Andreza dão a dica de conversar com os produtores, fazendo com que as crianças descubram mais sobre esse universo. Isso desperta curiosidade e faz com que os pequenos consigam elaborar perguntas, facilitando a compreensão sobre como a natureza está diretamente ligada à alimentação.
Para que esse diálogo aconteça, é importante buscar por feiras agroecológicas, em que os vendedores sejam também produtores e não atravessadores dos produtos.
8. Trilha em família: os caminhos podem estar mais próximos do que você imagina
Mesmo grandes metrópoles, como São Paulo, têm possibilidades de trilha – e muitas são gratuitas. Se a sua família vai passar uns dias na praia, é mais fácil ainda.
Caso você não tenha muita intimidade com trilhas, vale a pena se atentar a alguns detalhes. Sempre pesquise sobre o nível de dificuldade da trilha e inicie pelas leves. Choveu nos dias anteriores? Então talvez seja melhor mudar os planos, para não correr o risco de encontrar trechos escorregadios e com muita lama.
Mesmo na praia, a depender do tamanho da trilha, opte pelo uso de tênis com boa aderência na sola (e carregue o chinelo na mochila). Roupas leves e confortáveis também são importantes – e chapéus são ótimos companheiros. Além disso, lembre-se do protetor solar, do repelente, da água e, a depender do tamanho da trilha, dos lanchinhos.
O ideal é que sempre um adulto seja o primeiro do grupo e outro seja o último. Instrua as crianças sobre ter atenção aos lugares em que pisam e onde colocam as mãos para se apoiar – troncos e galhos podem ter espinhos ou aranhas, por exemplo. Dê preferência a mochilas em vez de bolsas que ficam penduradas no ombro, assim o peso é mais bem distribuído e o corpo tem mais estabilidade em trajetos que exigem equilíbrio. Também se lembre de não exagerar no peso da mochila.
9. Tirolesa, rapel, sandboard… as atividades na natureza podem ser muito empolgantes!
Tá difícil competir com o tablet e o videogame? Tente encontrar lugares em que a natureza se torna palco para a prática de atividades dinâmicas. No interior, há diversos locais voltados à prática de arvorismo, por exemplo. No litoral, aulas de surf podem ser uma boa opção.
Lembre-se de procurar informações sobre a idade ideal e as habilidades necessárias para cada atividade, além das roupas e calçados adequados. Verificar as condições de segurança também é fundamental.
10. Pesquise sobre parques de conservação próximos à sua cidade ou ao seu destino de férias
Quando o assunto é natureza, nosso país é privilegiado! Há parques de conservação em todo o território nacional e acessá-los pode ser mais fácil do que você imagina.
O Parque Nacional da Tijuca, por exemplo, fica dentro da cidade do Rio de Janeiro, e o Parque Nacional de Brasília é um oásis na capital federal. A cerca de 2h de Belo Horizonte, você encontra o belo Parque Nacional da Serra do Cipó e a 1h40 de Ilhéus fica o Parque Nacional da Serra das Lontras.
Antes de visitar esses e outros parques, não esqueça de buscar informações, como horários de visita, dificuldade das trilhas, balneabilidade das águas e preços para o acesso (muitos tem entrada gratuita, mas nem todos).
11. Conheça as iniciativas de preservação da natureza próximas a você
Nas praias, no campo e também nas grandes cidades, projetos ambientais oferecem atividades educativas e visitação a espaços de conservação. O Projeto Tamar, por exemplo, é dedicado às tartarugas marinhas e tem centros de visitantes em seis estados do litoral brasileiro – de Pernambuco a Santa Catarina.
12. Vai planejar as próximas férias? Opte por destinos que facilitam o contato com o meio ambiente
Em vez de um hotel convencional, que tal procurar uma casa em meio ao verde? Nos sites de aluguel por temporada, as opções são muito variadas. Em cidades do interior há casas com trecho de rio dentro do terreno e outras situadas em condomínios com áreas de preservação permanente. Hotéis fazenda também são ótimas opções, com atividades como passeios a cavalo e arvorismo.
Hoje em dia, até mesmo acampar está menos complicado. Diversos campings contam com serviço de aluguel de barraca – e você não precisa nem se preocupar em montá-la.
13. Aproveite os passeios ao ar livre para explicar que nós
também fazemos parte da natureza
Vivendo em áreas urbanas, é muito fácil esquecer que os seres humanos são parte da natureza. Quando visitamos locais em que o meio ambiente está preservado surgem ótimas oportunidades para que essa reflexão seja feita com os pequenos. Isso pode despertar neles um maior interesse pelas atividades ao ar livre e traz consciência sobre a preservação do planeta. Aproveite para falar sobre o respeito às plantas e aos animais e a importância do descarte correto do lixo.
Estante Quindim
Conheça 3 livros infantis já selecionados pelo Clube Quindim que são ótimas dicas para ler em família e incentivar o contato com a natureza.
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