“Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”. Essa é apenas uma das muitas frases emblemáticas de Alice no País das Maravilhas, um verdadeiro clássico da literatura infantil que já foi adaptado mais de 40 vezes para o cinema, a TV e o teatro, além de ter servido de inspiração para muitas outras produções.
Criados pelo britânico Charles Lutwidge Dodgson, que ficou conhecido como Lewis Carroll, Alice e sua turma vêm influenciando geração após geração e se transformaram em um dos maiores fenômenos da cultura pop mundial. A versão que povoa a mente da maioria de nós ainda é a da Disney, lançada em 1951. Mas o legado dessa personagem carismática, e do mundo psicodélico que ela encontra ao seguir o coelho branco, tem início muito antes, nas páginas de um livro.
Como tudo começou: a inspiração para criar Alice
Dizem que Lewis Carroll, o autor da obra, estaria passeando de barco com um amigo e as três filhas do vice-chanceler da Universidade de Oxford, onde estudava. Uma delas, como você já pode imaginar, se chamava Alice Pleasance Liddell.
Para distrair as crianças, Lewis Carroll teria improvisado uma história, da qual a menina gostou tanto que insistiu para que ele a escrevesse. Muitos estudiosos alegam que Carroll teria se inspirado na Alice da vida real para criar a personagem icônica, mas não existem exatamente provas que suportem essa teoria.
Há, no entanto, inúmeras evidências, como a data de publicação da história original ser a mesma do aniversário de Alice Liddell, e haver um poema no final do livro Alice Através do Espelho cujas iniciais formam seu nome.
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Enfim, a história
A obra de Lewis Carroll traz uma menina que cai na toca de um coelho e é transportada para um mundo fantástico onde tudo é possível. Os habitantes desse universo são criaturas diferentonas, por vezes assustadoras, e algumas têm trejeitos de seres humanos, mesmo que sejam animais.
Nessa mistura de sonho e realidade, palavras inventadas e vários enigmas, a história de Alice, do Chapeleiro Maluco, do Coelho Branco, do Gato Cheshire e da Rainha de Copas, dentre vários outros personagens eternos, trazem para cada leitor uma interpretação única e muito pessoal.
Enquanto para uns é uma bela metáfora do fim da infância e do início da adolescência, para outros pode ser uma alusão ao uso de substâncias alucinógenas. Há quem diga até que o livro é uma crítica do autor ao colonialismo da Rainha Vitória.
Primeiras versões cinematográficas e a adaptação da Disney
A primeira adaptação para o cinema data de 1903, em um filme mudo dirigido por Cecil Hepworth e Percy Stow. Depois disso, houve um filme de 1933 e, enfim, a inesquecível versão da Disney, que chegou com tudo em 1951.
Responsável por construir a imagem que boa parte de nós temos de Alice e dos outros personagens do País das Maravilhas, esse foi o 13º longa-metragem lançado pelos estúdios Disney. Ainda que não tenha feito muito sucesso na época da estreia, o passar dos anos alçou a animação ao lugar de clássico, para sempre nos corações dos fãs de Alice.
Além dessas, muitas outras adaptações foram feitas, tanto para o cinema quanto para a TV e o teatro, além de canções, livros, seriados e muito mais, que se inspiraram na personagem e no seu mundo nonsense.
O encontro entre Alice e Tim Burton
Em 2010, a Disney adaptou novamente o livro para as telonas, num live-action dirigido por Tim Burton, com Johnny Depp no papel do Chapeleiro Maluco, Helena Bonham Carter como a Rainha Vermelha e Mia Wasikowska como Alice. Com algumas indicações ao Oscar daquele ano, incluindo Melhores Efeitos Especiais, os resultados foram bons o bastante para garantir o retorno do elenco na continuação da história de Carroll, chamada Alice Através do Espelho, de 2016.
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Influência que vai muito além da literatura
Como deu para perceber, os efeitos de Alice podem ser sentidos ainda hoje, quase 160 anos depois do lançamento da primeira edição do livro, que aconteceu em 1865. Além das adaptações diretas para o cinema, a TV e o teatro, o mundo está repleto de referências ao universo fantástico criado por Carroll.
Veja alguns exemplos: podemos encontrar menções à Alice em letras de músicas e videoclipes dos Beatles, de Avril Lavigne, Gwen Stefani e Aerosmith, dentre outros. Já nos quadrinhos, o Chapeleiro Maluco virou vilão em uma das histórias do Batman. Aliás, o Homem-Morcego tem uma de suas principais graphic novels abertamente inspirada no mundo de Alice: Arkham Asylum, de Grant Morrison e Dave McKean, tem inúmeras referências ao universo criado por Lewis Carroll.
Se você assistiu Matrix, a brilhante franquia de ficção científica das Irmãs Wachowski, deve lembrar bem da cena em que o protagonista Neo, interpretado por Keanu Reeves, acorda e é compelido a seguir o coelho branco.
Seja qual for a linguagem artística adotada, Alice parece não perder seu encanto, influência e capacidade de inspirar ao longo dos anos, especialmente aqueles que estão dispostos a refletir sobre a loucura da vida e nossas constantes transformações.
Esse é um dos motivos de tirar o chapéu (maluco ou não) para a literatura e constatar que ela pode ser o que quiser. Além disso, é uma boa oportunidade para lembrar que nem sempre as coisas fazem sentido ou têm explicação. Algumas vezes, elas simplesmente são.
Estante Quindim
Conheça a edição do clássico de Lewis Carroll já enviado pelo Clube Quindim: