O Clube de Leitura Quindim traz à tona uma reflexão sobre uma pergunta comum entre pais e mães: existem livros para meninas e para meninos? Devemos dividir os livros dessa forma?
A nova geração de pais tem uma missão muito importante na criação de seus filhos para evitar estereótipos, segregação de gênero e preconceitos. Afinal, são pessoas que vivem o hoje, um presente cheio de informação, desconstrução e muita vontade de mudar padrões nocivos. O caminho é longo, cheio de desafios e barreiras, mas com certeza vale muito a pena quando pensarmos que as crianças de hoje serão adultos mais respeitosos, livres de preconceitos e empáticos no amanhã. Entre muitos cuidados nessa trajetória intensa de criar filhos, um tema pode parecer simples e inofensivo, mas faz toda a diferença no momento de segregar gêneros: a literatura infantil.
Você diferencia livros de meninas e livros de meninos?
Faça a seguinte reflexão: no momento de buscar um livro para seus pequenos na internet, por exemplo, você procura por termos como “livros para meninas” ou “livros para meninos”? O que espera encontrar nesses resultados? Obras como contos de princesas e histórias de romance? Ou o contrário quando é destinado para meninos: livros de aventura, com reis fortes, que lutam em guerras, contra monstros? Essa reflexão é muito importante, porque traz um viés profundamente relacionado aos diferentes papéis e divisões que a sociedade impõe a mulheres e homens desde a infância.
O papel dos pais se torna ainda mais fundamental para a ruptura dessas concepções que limitam tanto os pequenos. Lembre que na infância os pequenos aprendem comportamentos levados para sua vida adulta. Apresentar o universo da literatura, sem dividir as obras entre livros de meninas e de meninos, é fundamental nessa construção. Meninas e meninos podem ler e ter acesso a qualquer tema, sem distinção de gênero. A criançada precisa crescer com informações diversas, com conteúdos plurais, e pode se beneficiar muito ao conhecer perspectivas de vida diferentes a partir de personagens que sejam mulheres, homens, negros, indígenas, pessoas com deficiência e outras minorias sociais que também devem ser representadas.
Literatura sem rótulos
O universo da literatura é vasto e rico demais para ser limitado entre livros para meninas e para meninos. Oferecer aos pequenos diferentes narrativas vai ajudá-los muito em sua formação como leitores e inclusive em seu desenvolvimento enquanto pessoas empáticas e tolerantes. Aqui no Blog do Clube de Leitura Quindim há muitas dicas e conteúdos variados sobre obras de qualidade literária que você pode ler com seu filho ou sua filha! Quer alguns exemplos? No livro Ops, de Marilda Castanha, o uso da onomatopeia “ops” é explorado de maneira divertida e criativa, algo que chama a atenção dos bebês, e ainda traz situações da vivência desse leitor, transportando o leitor adulto de volta a esse período de descoberta.
Já o livro Manu e Mila, de André Neves, traz a importante reflexão sobre os diferentes caminhos por onde podemos encontrar a felicidade. Para quem gosta de poemas, Cantigamente, do escritor Leo Cunha e ilustradores Marilda Castanha e Nelson Cruz, é uma leitura muito divertida, cheia de trocadilhos e personagens de nosso imaginário cultural. E que tal conectar a criançada ainda mais com o meio ambiente, ajudando-as a entender melhor a relação e a responsabilidade sobre o lugar em que vivemos? Essa é a proposta de Gente, bicho, planta: o mundo me encanta, da escritora Ana Maria Machado e do ilustrador Mauricio Negro.
Nessa seleção, não poderiam faltar também os clássicos da literatura infantil. Chapeuzinho Amarelo, do escritor Chico Buarque e ilustrador Ziraldo, narra o que acontece quando as pessoas têm medo do próprio medo e o caminho engraçado e surpreendente para superar esse sentimento. Outra obra maravilhosa que meninos e meninas vão curtir é A árvore generosa, do Shel Silverstein, que conta a relação de um garoto com uma árvore, algo que pode ser lido como uma metáfora sobre o relacionamento entre mãe e filho e homem com a natureza.
O Clube de Leitura Quindim conta ainda com a melhor equipe de curadoria do Brasil, composta por especialistas em literatura infantil como Ana Maria Machado, Ziraldo, Marina Colasanti e vários outros. Você pode aproveitar e conhecer mais das nossas indicações de livros por faixa etária nas listas de livros para bebês de até 2 anos, para os pequenos de 3 a 5 anos, para a fase de alfabetização e para as crianças de 9 a 12 anos. E o melhor de tudo é que nenhuma delas faz diferenciação entre o que é “livro de menina” e “livro de menino”.
Esses são apenas alguns livros que podem ser apresentados à criançada, expandindo seus conhecimentos e apresentando-os a um mundo diverso, inclusivo e respeitoso, e que nos mostram como a divisão entre “livro de menino” e “livro de menina” não é necessária.