Todo mundo sabe que um dia no ano é muito pouco para celebrar a existência das mães e todo o esforço que elas fazem, muitas vezes sozinhas, para gestar, parir, criar, cuidar e educar um ser humano, preparando-o para o mundo. Ainda assim, pode ser interessante aproveitar essa data para, ao menos, refletir sobre tudo isso.

Mais do que presentes físicos e almoços (em que, muitas vezes, a parte pesada do trabalho ainda acaba sobrando para elas mesmas), é fundamental pensar em como todos nós, como sociedade, poderíamos ajudar a tornar a maternidade um pouco mais leve – e menos exaustiva – todos os dias, e não apenas em datas especiais.

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Foto: Canva

Aqui, a palestrante, publicitária e comunicadora Deh Bastos, criadora de conteúdo na iniciativa antirracista @CriandoCriancasPretas, mãe de José, 7 anos, levanta quatro pontos de reflexão fundamentais, não só no mês de maio, mas ao longo de toda a jornada da maternidade. Afinal, só é possível criar indivíduos felizes, saudáveis e funcionais com apoio, com compartilhamento de responsabilidades e vivendo em uma sociedade menos injusta e violenta com as mães.

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1. Poder dividir carga mental

Dividir as tarefas é ótimo, mas não é apenas isso: saber o que precisa ser feito, quando, como, lembrar de marcar o pediatra, perceber que o inverno está chegando e que as calças das crianças estão curtas, que o fim de semana está acabando e você esqueceu de colocar o uniforme na máquina, que acabou o papel higiênico e a pasta de dente está nas últimas… Ufa! Isoladamente, parecem apenas pequenas tarefas, mas somadas viram um fardo imenso. É, de fato, um peso gigante que costuma recair sempre sobre os ombros – ou sobre a cabeça das mães. Tanto que não é raro ouvir aquela (péssima) piadinha, dizendo que o “marido é o filho que dá mais trabalho”.

Faz toda a diferença quando outro(s) adulto(s) responsável compartilha de verdade essas responsabilidades, percebendo o que precisa ser realizado em casa ou no cuidado com as crianças sem ter de receber orientação para colocar a mão na massa. Afinal, bem sabemos, demandar também é uma tarefa, não é mesmo?

Veja também: Sobrecarga materna: você sabe o que é carga mental?

2. Não precisar ser duas vezes melhor em tudo

Dia das Mães 4 presentes que elas gostariam de ganhar de verdade
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Será que existe mesmo um troféu de melhor mãe por aí? Às vezes, parece que sim. Como mãe, precisa ser a melhor em todos os quesitos para não ser julgada. Como profissional, tem de provar ser mais eficiente e disponível que os homens, na maioria das vezes, para conquistar o mínimo de respeito, ganhando menos.

Desde pequenas, somos criadas para fazer, servir e mediar. A sensação é de que é preciso acertar sempre, ser grata por tudo e demonstrar excelência em absolutamente todas as áreas da vida, para receber uma espécie de “aprovação” (que – spoiler – nunca vem). Seria ótimo poder ter o direito de errar ou, ao menos, de ser suficientemente boa, sem culpa.

3. Não precisar do triplo de argumentos para defender uma ideia

A maternidade é cercada de expectativas. Todos esperam que as mães sejam perfeitas, impassíveis de erros e que consigam equilibrar todos os pratinhos. E “ai” daquela que deixa cair algum! É como se elas estivessem sendo avaliadas o tempo todo: quando tomam uma decisão, seja sobre tipo de parto, escolha do pediatra, amamentação, escolha da escola, formas de educação, limitação ou não de tela… Cada passo dado parece precisar de um milhão de justificativas, porque tem sempre alguém questionando ou duvidando da sua capacidade de defender uma ideia. Parar com isso seria um belíssimo presente.

Veja também: 9 filmes para refletir sobre o que é ser mãe e lembrar que cada maternar é único

4. Não ser lida como maluca e intransigente

Quando um homem decide que quer algo e faz tudo o que estiver ao seu alcance para conquistar esse objetivo, a sociedade aplaude e elogia tanta efetividade, ousadia, ambição. Porém, quando uma mulher faz o mesmo, se posiciona, defende suas ideias… A figura muda.

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Se uma mãe coloca o filho pequeno na escola porque quer investir na carreira, ela é lida como egoísta, que não pensa na criança. Se decide se dedicar à criação dos filhos, dando o um tempo do trabalho, já logo julgam que ela quer facilidade, quer ser sustentada ou que está abandonando sua carreira, errando nas escolhas num mundo moderno e competitivo. Tem como embrulhar um “cuida da sua vida” para presente?

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Conheça três livros infantis já enviados pelo Clube Quindim aos seus assinantes que retratam a a relação entre mães e filhos e trazem reflexões sobre os desafios da maternidade.

Crec (autoras Nora Hilb e Marcela C. Hilb, ilustradora Nora Hilb, editora Pingo de Luz)
Crec, de Nora Hilb e Marcela C. Hilb
Muito bem, Mamãe Pinguim (autor Chris Haughton, tradução de Camila Werner, editora Rovelle)
Muito bem, Mamãe Pinguim, de Chris Haughton
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Minha mãe caminha, de Isabel Malzoni e Laura Gorski