A seleção do Clube Quindim deste mês trouxe livros infantis com diversidade para mergulhar e guardar junto do coração. Nossos leitores receberam livros infantis sobre familiaridade e conexão entre pessoas diferentes, sobre amizade e desenvolvimento de relacionamentos na infância, tão diferentes na vida adulta. Obras cheias de sons e com uma intertextualidade que reverbera em nossa mente, com sua representatividade e diversidade. Livros infantis para ver por outra perspectiva e encher o mundo de flores. Ficamos muito felizes em levar todas essas obras para vocês! Esperamos que a sua leitura traga muitos momentos de afeto e de reflexão.

Pré-leitor (0 a 2 anos)

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Autor: Marcelo Cipis
Editora: Editora do Brasil

Entre tantos

Este livro aborda as relações sociais entre as pessoas. A caracterização dos personagens nas ilustrações é um caso à parte, convidando o leitor a uma leitura mais demorada, que instiga a imaginar as diferentes personalidades de cada personagem e o que pode surgir do relacionamento entre elas. É um livro que fala sobre o que aproxima diferentes pessoas. Como se estivessem todas ligadas por um parentesco, uma afinidade, uma característica em comum, o que nos faz refletir sobre nossas semelhanças enquanto celebramos nossas diferenças.

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Autora: Raquel Matsushita
Editora: Editora do Brasil

Claro, Cleusa. Claro, Clóvis.

Esta obra fala sobre amizade e união. Conta a história de Cleusa, um triângulo, e de Clóvis, um quadrado, que se completam perfeitamente, até que surge uma nova personagem, Catarina, na figura de um círculo, desestabilizando o relacionamento. Segundo a teoria da Matriz de Identidade, de J. L. Moreno, relacionar-se em dupla é uma fase natural do desenvolvimento da sociabilidade infantil. Com o tempo, a criança aprende a se relacionar em trio e, depois, em grupo. E é sobre isso a obra, sobre esse caminho natural, de amadurecimento das relações humanas e busca pela própria identidade.

LEITOR INICIANTE (3 A 5 ANOS)

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Escritor: Emicida
Ilustrações: Aldo Fabrini
Editora: Companhia das Letrinhas

Amoras

Esta é uma obra cheia de sons e com uma intertextualidade que reverbera em nossa mente. Uma obra de tema atual, de representatividade negra, de diversidade, de orgulho, de autoestima. Uma obra que nos faz lembrar do olhar infantil que um dia tivemos. Um olhar mais livre, sem tanto preconceito, sem tanta dor. Que quando colocamos ao lado do olhar do adulto, da experiência, nos lembra que não, a luta não foi em vão. E não é. Obras que tematizem e problematizem as relações étnico-raciais são extremamente necessárias para desfazer ideias enraizadas, como aquelas que trazem os personagens negros em papéis de submissão e/ou retratando o período escravista. É fundamental que crianças e jovens não convivam somente com uma representação eurocêntrica de personagens. É um livro maravilhoso para aprofundar as questões que surgirem desta leitura na mesa de jantar, no trajeto até a escola, no cotidiano. A leitura não é decodificar o alfabeto. É decodificar o mundo.

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Escritor: Tino Freitas
Ilustrações: Ionit Zilberman
Editora: Editora do Brasil

Com que roupa irei para a festa do rei

Este livro faz referência a um conto de fadas de Hans Christian Andersen: A roupa nova do imperador, que fala sobre a vaidade cortesã e a soberba intelectual. É um conto clássico e dificilmente um adulto não conhece a famosa frase “O rei está nu!” – saída da boca de uma criança, com a sinceridade e a espontaneidade características. O livro faz referência a muitos reis: o rei da Espanha, do futebol, do rock, do baião, da selva, do tabuleiro. E ao fazer referência a cada um deles, desmistifica a soberba que associamos a esta palavra e à importância deste “ser mais importante”, o rei. Afinal, fica a reflexão: o que é ser rei para você? A ilustradora traz nas imagens muitos animais e plantas de nossa fauna. Dos animais, tem bicho-preguiça, porco-espinho, onça pintada, capivara. É muito comum reconhecermos vários animais que não são de nossa fauna (urso, alce, leão), mas sequer sabermos os nomes de animais brasileiros. É a famosa “colonização cultural”. Por isso a importância de trazermos na literatura o que é nosso, a fim de nos reconhecermos, desenvolvendo a sensação de pertencimento e valorizando o que é nosso.

Leitor autônomo (6 a 8 anos)

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Escritor: Roger Mello
Ilustrações: Graça Lima e Mariana Massarani
Editora: Companhia das Letrinhas

Vizinho, vizinha

Uma página dupla, três ilustradores, três linguagens diferentes que dançam juntas em um ritmo maravilhoso. Esta obra, feita a seis mãos, já se tornou um clássico da literatura infantil brasileira contemporânea, e precisa ser lida por todas as crianças. Fala sobre encontros e desencontros… com aqueles que estão ao nosso lado, para quem muitas vezes só falamos sobre como está o tempo. É muito interessante como os personagens adultos não interagem entre si, exceto por raras trocas de palavras. Para variar, são as crianças que acabam abrindo as portas para uma relação. São portas que em geral fechamos, que revelam vidas vividas ao nosso lado, e que muitas vezes não nos permitimos, adultos, conhecer – algo tão natural para as crianças e seu olhar infantil, atento, aberto, sensível, livre.

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Autores: JonArno Lawson e Sydney Smith
Editora: Companhia das Letrinhas

De flor em flor

Este livro de imagem conta com muita sensibilidade a história de uma menina que transforma o mundo ao seu redor. Colhendo flores do asfalto, e oferecendo-as aos que cruzam seu caminho, a obra nos lembra da força imensa de um pequeno gesto. Livro de imagem é um livro sem texto, cuja narrativa é contada por meio das imagens colocadas em sequência. É preciso preencher com a imaginação o que acontece no espaço de tempo entre duas imagens. Isso demanda grande esforço criativo. Saber identificar em toda aquela ilustração quais os elementos principais da narrativa, associá-los entre os quadros para construir a história, sem perder as sutilezas dos detalhes, é um exercício que demanda competências que muitos adultos não puderam desenvolver em sua infância.

Leitor fluente (9 a 12 anos)

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Autores: Romana Romanyshyn e Andriy Lesiv
Editora: Editora do Brasil

Assim eu vejo

Uma obra que mescla duas linguagens, a literária e a informativa, para trazer uma história sobre o que vemos – e o que não vemos, mas sentimos, imaginamos, pensamos. É um livro que nos motiva a explorar o mundo para além do que nossa visão alcança. Ao nos propor uma imersão em um mundo cheio de informações científicas e pragmáticas sobre a visão, a obra nos leva também por um caminho poético, rico em metáforas e muitas figuras de linguagem. Uma obra que explica como a visão funciona enquanto desconstrói o que é essa visão. E a verdade por trás dela. Uma obra que questiona os tamanhos e as importâncias. Que fala sobre mistério. Medo. Perspectivas diferentes. E sonhos.

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Escritor: Ricardo Azevedo
Ilustrações: Mariana Massarani
Editora: Editora do Brasil

O livro das palavras

Este livro conta as descobertas de um dicionário que sai em uma jornada para descobrir as diferenças entre teoria e prática, discurso e ação, fatos concretos e teses abstratas. Uma jornada que revela a beleza de uma sabedoria que não se adquire pelas vias pragmáticas mas pela vivência, sensação e empatia. Nesta obra, o dicionário vaidoso acredita que é mais importante que todos os livros da biblioteca, até ficar confuso em uma discussão com um velho e gasto livro de ficção. Tal vaidade lembra o uso da cultura como verniz, daqueles que consideram uma determinada cultura ou saber mais importante que outro. Azevedo, em sua obra, desconstrói essas certezas, iluminando a importância e mesmo a beleza da sabedoria que se adquire pela prática, pela ação e pelo concreto.


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