A internet faz parte da rotina de todos nós, inclusive das crianças e dos adolescentes. Discussões sobre hiperconectividade, o tempo que gastamos online, a idade certa para se ter um celular ou a segurança de crianças na internet não são exatamente uma novidade. E, para que os pais monitorem o que os filhos acessam, existem diversas ferramentas de controle parental disponíveis para celulares, tablets e notebooks.
Os riscos do uso da internet desenfreado e sem acompanhamento são muitos, como a exposição à pornografia, contato online com criminosos e possíveis abusadores, além de impactos físicos e mentais, como a diminuição do convívio social e a piora na qualidade do sono. Então, antes de liberar ou proibir o acesso a redes sociais e ao vasto mundo dos sites e portais, devemos ser capazes de transmitir às crianças o motivo pelo qual limitamos determinados conteúdos. “O papel das famílias precisa ser mais do que restringir, mas o de mediar e guiar a experiência no digital, para que as próprias crianças ganhem consciência dos riscos e aprendam a se proteger de acordo com suas habilidades”, explica Maria Mello, coordenadora do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.
Assim como as restrições devem ser feitas segundo à idade e maturidade, as estratégias e reflexões sobre como uma criança pequena usa a internet são diferentes das que devem ser feitas para um adolescente. “Quando se trata de um adolescente, por exemplo, a mediação deve ser guiada mais pelas ideias de acompanhamento e supervisão e menos pela ideia de controle, no sentido de ajudá-lo a identificar riscos e encontrar formas de se proteger, auxiliando a selecionar conteúdos em relação à sua qualidade, apresentando a discussão sobre privacidade e segurança nas redes, e estimulando pausas e outras atividades para além das telas.”
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O que é controle parental?
É um mecanismo utilizado pelos adultos para controlar o acesso que as crianças podem ter a diferentes sites, jogos, redes sociais e aplicativos. Por meio do controle parental podemos monitorar a navegação, restringir conteúdos impróprios para menores e bloquear páginas ou usuários que possam ser uma ameaça para as crianças. Há também ferramentas que limitam o tempo de uso do aparelho em jogos e nas redes sociais, e algumas ainda rastreiam a localização do aparelho utilizado pela criança ou pelo adolescente.
Quais são os riscos do acesso irrestrito à internet?
Pesquisadoras da London School of Economics (Sonia Livingstone e Mariya Stoloiva) desenvolveram uma classificação chamada de “4Cs”: riscos de conteúdo, contato, conduta e contrato quanto à presença das crianças online. “Os riscos de conteúdo estão relacionados à qualidade do conteúdo com o qual elas têm contato na internet, por exemplo, vídeos e textos com teor extremista, com desinformação, além de violentos ou inapropriados para a idade”, afirma Maria Mello.
Já os riscos de contato se referem à possibilidade de que um adulto mal-intencionado entre em contato com a criança, tornando-a vulnerável quanto a roubo de identidade e à exploração sexual. “Também há os riscos de conduta, relacionados às interações com outras crianças na internet, e estão nesta lista prática de bullying, sexting ou ‘trollagens’”.
E há os riscos de contrato, que se ligam à exploração comercial de crianças no mundo online. Muitas vezes, crianças e adolescentes acabam cedendo seus dados para empresas. “Uma pesquisa realizada pelo sociólogo sueco Erling Bjurstrom demonstra que apenas por volta dos 8-10 anos as crianças conseguem diferenciar publicidade de conteúdo de entretenimento e que somente após os 12 anos conseguem entender o caráter persuasivo da publicidade e fazer uma análise crítica sobre a mensagem comercial. As crianças da faixa etária de 7-9 anos, portanto, são muito vulneráveis a esse tipo de exploração.”
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Quais ferramentas usar?
A escolha deve ser feita com a criança ou o adolescente, no sentido de ajudar a estabelecer uma relação de confiança e troca respeitosa. A ONG SaferNet fez uma relação das ferramentas de mediação parental dos principais aplicativos e jogos. Entre os destaques está o modo Kids do Youtube e Messenger – o primeiro filtra os vídeos impróprios para crianças e recomenda conteúdos infantis, o segundo oferece um meio de os responsáveis analisarem e gerenciarem os contatos das crianças usando o Painel para Pais.
Há também o aplicativo Family Link, criado pelo Google, que permite que os pais estabeleçam regras digitais e orientem seus filhos enquanto eles aprendem, brincam ou jogam, sejam eles crianças ou adolescentes. E o Controle Parental Windows, em que se pode ativar funções de controle dos pais sobre os conteúdos e o tempo que os perfis de crianças podem acessar. Por exemplo, é possível programar para que o computador ou o tablet seja desconectado da internet durante a noite ou em certos intervalos do dia.
Boas alternativas ao tempo gasto nas telas
Longe da vida virtual, são muitas as opções para a diversão em família, começando pelo tempo para brincar ao ar livre, que é fundamental, e o estímulo à leitura compartilhada. O clube de assinatura Quindim propicia diversas opções de leitura para todas as idades da infância. “É importante estimular e mostrar os benefícios do convívio pessoal, do estudo, da alimentação e outras ações que podem ser muito divertidas dentro de casa. Para isso, é preciso que as famílias sejam exemplo, mas também que o Estado se comprometa a garantir espaços públicos e outras opções acessíveis de lazer”, conta a coordenadora do programa Criança e Consumo Instituto Alana.