O luto nas crianças é um assunto bastante complicado, mas, em alguns momentos, é preciso abordá-lo.
Abordar o tema da morte não é fácil nem para nós, adultos, imagine então o luto na infância. A perda de uma pessoa especial ou até de um bichinho de estimação muito querido desperta emoções bastante complexas para os pequenos.
Estudos apontam que, quando acontece essa perda, viver o luto na infância é importante, uma vez que a criança deve aprender a elaborar esse sentimento, embora seja comum não querer falar sobre a morte ou até mesmo abordar o assunto de uma forma fantasiosa.
Porém, evitar o tema ou buscar analogias não costuma ser a melhor maneira de ter essa conversa.
Se você não sabe como falar sobre a morte e tem dúvidas sobre o luto infantil, este texto pode ajudar a dar uma luz sobre essas questões. Acompanhe.
A criança e a perda de alguém querido
Apesar de sabermos que a morte pode acontecer a qualquer momento, dificilmente temos a preparação necessária para lidar com a perda de alguém que amamos.
A morte de uma pessoa próxima é um dos momentos mais difíceis que as crianças podem vivenciar. Durante esse processo, são despertados sentimentos muito profundos, entre eles a impotência e o desamparo.
A criança não consegue entender muito bem o que está acontecendo. Além disso, o mundo que ela conhecia desmorona de um momento para outro. O processo de luto é um grande desafio emocional, uma vez que é preciso aprender a lidar com uma falta — muitas vezes imensurável.
A psicologia descreve o luto como o processo em que o ego tenta se adaptar à perda de um objeto amado. A partir disso, o luto é baseado na reconstrução e reorganização da vida, tornando- se um desafio emocional e cognitivo.
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O entendimento das crianças em cada idade
As crianças têm personalidades distintas e cada uma reagirá de forma particular diante da morte de alguém querido. No entanto, quanto mais nova, mais difícil de processar o acontecimento, pois elas ainda não têm os recursos internos necessários que ajudam a superar esse momento difícil.
Um dos aspectos mais importantes é a linguagem adequada para dar a notícia. Por exemplo, crianças de 3 anos enxergam a morte apenas como a ausência da pessoa.
Depois dessa fase, já é possível conversar sobre o ciclo da vida e mostrar exemplos, como as flores. Então, conta-se que elas já foram um botão, depois elas crescem e se abrem e um dia elas caem.
Além de escolher as palavras certas para comunicar a morte, também é necessário ter em mente que os pequenos percebem e absorvem o comportamento das pessoas ao redor.
A ideia de não falar sobre o que aconteceu e tentar distrair dizendo que a pessoa está viajando ou até contar outras histórias não resolve. Em algum momento, será preciso contar a verdade.
Nós costumamos fazer isso como uma atitude de proteção, mas essas ações podem corroborar sentimentos negativos, entre eles o desamparo, abandono e até rejeição.
As crianças precisam viver o luto, só assim elas poderão lidar com os sentimentos que surgirem nesse período difícil.
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Como falar de morte na educação infantil?
Falar de morte na educação infantil é uma tarefa que deixa até os adultos receosos, visto que é um assunto tão delicado. Além do mais, a curiosidade das crianças também levanta aquele medo de não saber como lidar com as perguntas que podem surgir.
Conversar sobre a finitude humana e dar outros exemplos ajudam na compreensão, pois a criança percebe que aquele não é um evento único. O apoio da família, educadores e outras pessoas próximas também é essencial nesse processo.
Antes de tudo, é preciso entender o que é o luto e quais são suas fases:
- Negação: a criança nega que a pessoa faleceu e tem dificuldade de acreditar no acontecimento. Afinal, é um choque de realidade que gera grande desconforto;
- Raiva: o pequeno pode apresentar alguns comportamentos mais agressivos e hostis, seja em casa ou na escola;
- Negociação: essa é a etapa em que a criança começa a entender melhor o que aconteceu, mas ainda deseja rever a pessoa falecida. Por mais que isso a ajude a se acalmar, ainda é doloroso e leva ao próximo estágio do luto infantil;
- Tristeza: a consciência de ter perdido um ente querido leva a criança a uma tristeza enorme;
- Aceitação: por fim, mesmo que seja muito doloroso, a criança entende e aceita o fato. A tristeza continua presente, mas entende-se que a morte é algo irreversível e que temos de aprender a lidar com esses sentimentos.
É muito comum que o primeiro ano seja mais intenso. Durante a infância, as crianças descobrem uma gama de emoções que nem sempre conseguem expressar ou nomear o que estão sentindo. Essa dificuldade de transformar sentimentos em palavras pode ser acompanhada de comportamentos mais agressivos.
Dessa forma, pais, responsáveis e cuidadores precisam ter atenção ao comportamento da criança, bem como sinais de tristeza. Por isso, é fundamental ter uma conversa franca e estar presente ao lado dos pequenos.
Sinais de alerta para buscar apoio psicológico
Por mais que sejam tomados todos os cuidados para dar a notícia a uma criança, dificilmente saberemos como ela vai reagir. O mundo interno de cada pessoa é diferente e isso influencia o modo como encaramos as adversidades da vida.
Nesse sentido, muitas crianças apresentam uma mudança de comportamento quando não conseguem expressar o que estão sentindo. Observe alguns sinais que os pequenos podem mostrar quando estão precisando de ajuda para lidar com o luto na infância:
- Aparentam indiferença em relação à morte;
- Demonstram sentimentos de raiva e culpa;
- Utilizam simbolizações para expressar seus sentimentos (desenhos, brincadeiras etc.);
- Ficam mais ansiosas ou deprimidas;
- Apresentam comportamentos de regressão (como voltar a fazer xixi na cama);
- Têm medo excessivo de ficarem sós;
- Deixam de conseguir realizar suas atividades rotineiras como antes;
- Apresentam alterações de apetite, sono e inibição psicomotora;
- Tentam ocupar o lugar da pessoa que faleceu (imitando comportamentos, gestos etc.).
O luto na infância pode deixar a criança com a sensação de vazio e desamparo. Portanto, encontrar ajuda especializada para que a criança possa elaborar suas dores é fundamental.
Além disso, o ambiente em que ela está inserida deve ser acolhedor e aberto para que os pequenos possam reformular a relação com a pessoa falecida.
A leitura de histórias é uma estratégia muito benéfica nesses momentos, pois é possível desenvolver as emoções ao ouvir um relato parecido com o que a criança está passando, por exemplo.
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