Na hora de comprar um livro infantil, as opções são inúmeras. Com vários formatos, cores e às vezes recursos como sons e imagens que saltam das páginas, eles lotam as estantes das livrarias. Diante de tanta variedade, como saber escolher livros infantis de qualidade?
Para Renata Nakano, cofundadora do Clube Quindim, estar aberto para uma conexão com os títulos é fundamental: “O mais importante é: este livro te sensibilizou? Mexeu com você? Muitas pessoas veem os livros infantis como algo menor. Se elas veem os livros ou a infância assim, entregarão livros de menor qualidade para seus filhos. Literatura é aquela capaz de fazer com que vivenciemos outras experiências, ela desenvolve o pensamento crítico, autônomo. A literatura não é neutra. Ela nos sensibiliza, encanta, nos tira da zona de conforto”.
Para ajudá-lo nessa seleção, separamos algumas dicas a seguir:
Entenda as características da criança
Antes de presentear a criança, vale ter em mente o jeitinho dela. Do que ela gosta? É mais chegada em aventuras ou em histórias de terror? Prefere animais ou heróis dos contos de fada? Pensar um livro que converse com os gostos do pequeno é um ótimo jeito de contagiá-la para o mundo da leitura. Outro é saber se a criança tem um autor ou um gênero de que gosta, como quadrinhos ou poesia. Isso não impede, por exemplo, que você entregue uma obra fora dos gostos dela: oferecer diversidade de gêneros e temas em um momento em que ela está formando seu repertório é importantíssimo.
Não existe livro certo para cada idade
Renata Nakano esclarece: “Há algumas particularidades: bebês, por exemplo, são mais sensíveis à sonoridade e a repetições, uma vez que ainda estão começando a compreender o significado das palavras e a repetição auxilia na fixação e permite que eles se sintam mais participantes da leitura, entre outras coisas. Mas em geral as únicas restrições não se referem à idade mas ao repertório de vocabulário e à fluência leitora, o que varia de criança para criança. Proust, por exemplo, com seus parágrafos imensos, demanda uma fluência leitora que nem todos têm fôlego e experiência para acompanhar, sejam jovens ou adultos. Por isso a importância de os pais acompanharem o desenvolvimento da criança. Fora isso, há as convenções em relação à cultura da infância e à cultura do adulto, principalmente no que se refere à temática, que irão variar de acordo com as escolhas educacionais daquela família”.
Variedade nunca é demais
Promover uma gama variada de gêneros literários, como poesia e contos, por exemplo, é fundamental. “Oferecer uma gama de gêneros, temas, histórias de diferentes origens, tempos é oferecer pluralidade cultural e um repertório vasto. É oferecer opções que ampliarão o universo e as possibilidades de escolhas dessa criança. Nem todos irão gostar de ler. Mas no Clube Quindim acreditamos que a literatura é um direito e todos devem ter a oportunidade de gostar de ler”, explica Renata.
Aposte no que nunca sai de moda
Recupere os autores que marcaram sua infância. Você se lembra com carinho de Monteiro Lobato? Ficou encantado com histórias clássicas como “A Fantástica Fábrica de Chocolate” ou “O Pequeno Nicolau”? Investir nas aventuras que marcam gerações é sempre uma boa pedida. O seu olhar de encantamento para aquela obra ajuda a contagiar a criança. Além disso, pode contribuir para deslocar a criança para outros momentos e realidades.
Explore bibliotecas e livrarias
Uma criança familiarizada com livros identifica melhor aquilo de que gosta, amplia seu repertório e seu senso crítico. Para isso, leve-a a livrarias e bibliotecas, deixe que ela conheça os títulos e explore gêneros variados. Esse momento não só ajuda a despertar o interesse nos pequenos pela leitura como fortalece os vínculos com os adultos da família.
Aposte no afeto do seu olhar de pai, mãe ou de adulto cuidador
O afeto é essencial para formar leitores, especialmente quando falamos do afeto do pai ou da mãe daquela criança. Renata pontua: “O olhar de encantamento dos pais é poderoso. Lembro em minha infância que lia muitos livros que não entendia. Mas os amava porque me encantava com o olhar de minha mãe ao lê-los. Anos depois, ao relê-los em minha biblioteca, entendia minha mãe, e o fim da leitura se tornava um sorriso e um suspiro. O afeto é o maior formador de leitor. Por isso, escolher livros que contagie os pais para curtirem esse momento lado a lado com os filhos é fundamental. Também por isso falamos tanto sobre leitura compartilhada. A relação é horizontal: pais e filhos lendo juntos, curtindo juntos, se encantando juntos. Quer algo mais poderoso que o amor?”.
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