A chegada de um bebezinho traz muitos desafios e, sem dúvidas, lidar com a privação do sono nos primeiros meses (ou anos) é um dos principais deles. Enquanto algumas famílias preferem acostumar a criança a dormir no próprio quarto desde os primeiros dias, em outros casos o bebê dorme no mesmo cômodo que os pais e, muitas vezes, também na mesma cama.
Se você faz parte do grupo que adotou a cama compartilhada na sua casa, mas acredita que chegou a hora de ajudar o pequeno a fazer a transição e passar a dormir no seu próprio quarto, nós vamos te ajudar. Vem com a gente conferir algumas dicas para passar para uma nova fase com o seu filho.
Cama compartilhada: sugestões para levar o filho para o próprio quarto
Assim como quase tudo o que envolve crianças, não existe uma fórmula pronta para encerrar o ciclo da cama compartilhada na sua casa. Existem, sim, algumas atitudes que você e sua família podem colocar em prática para facilitar a transição e tornar essa mudança mais tranquila para seu filho e, consequentemente, para você. Vamos conhecê-las.
1 – Converse com a criança
É importante ser sincero e explicar os motivos pelos quais a criança deve passar a dormir no próprio quarto e cama. É natural que esse diálogo seja mais fácil com crianças mais velhas, que já têm uma compreensão e vocabulário mais elaborados, mas você pode se comunicar com o seu filho sobre isso de maneira que ele entenda.
A conversa não precisa ser em tom sério ou pesaroso. Fale sobre limites pessoais, e sobre como algumas coisas na casa são apenas da criança, apenas da mamãe, apenas do papai ou compartilhadas por todos.
Elogie bastante todas as coisas de “criança grande” que seu filho já consegue fazer. Mostre a parte boa de ter o próprio quarto, e dê espaço para a criança colaborar com a organização daquilo que lhe pertence, como roupas, sapatos e brinquedos.
Lembre-se de demonstrar animação e confiança para passar segurança para o seu filho, e não esqueça que o contrário também é verdadeiro: se parecer que você não está pronta para isso, ou que duvida que seu filho é capaz de lidar com a novidade, é bem possível que ele não compre a ideia.
Veja também: “Posso fazer sozinho!”: Como os pais podem estimular a autonomia infantil desde cedo.
2 – Prepare o quarto
Você não precisa gastar uma fortuna reformando ou decorando o quarto do seu filho para torná-lo atraente. O importante é envolvê-lo no processo! Por isso, se o pequeno vai trocar do berço para a cama, deixe que ele ajude a escolher a cama nova – dentro das possibilidades de tamanho e preço, é claro. Escolha duas ou três opções e leve-o até a loja para experimentar!
Se for possível pintar as paredes, chame seu filho para escolher a cor. Prepare com ele desenhos e pinturas que possam ser pendurados, decorando o quartinho e deixando do jeito que ele preferir. Escolher os lençóis, cortinas, tapetes e que bonecos vão ficar nas prateleiras ajuda bastante também.
Veja: não é o caso de ser condescendente e deixar a criança fazer o que quiser. Pelo contrário! Você pode usar essa oportunidade para mostrar onde e como as roupas devem ser guardadas, como organizar os brinquedos e falar também sobre a importância de arrumar a cama pela manhã.
De um jeito ou de outro, inclua seu filho nas decisões, pois, do contrário, além da mudança na rotina (que não foi a criança que escolheu), tudo o mais também será visto como uma terrível imposição.
3 – Vá com calma
O fim da cama compartilhada e a transição para o próprio quarto não precisa ser de um dia para o outro. Antes de fazer a mudança em si, incentive (naturalmente!) a criança a passar o máximo de tempo possível no cômodo, seja brincando, desenhando, fazendo dever de casa ou até tirando um cochilo durante o dia. O importante é se familiarizar e ficar à vontade naquele espaço que é dela.
Muito provavelmente seu filho não vai se acostumar a dormir sozinho no primeiro nem no segundo dia, então tenha paciência. Seja compreensivo e gentil, mas firme. Algumas famílias estabelecem combinados do tipo: se a criança dormir tantos dias no próprio quarto, poderá passar uma noite na cama dos pais.
Se isso faz sentido ou não, é só você quem poderá dizer. Avalie o que funciona bem para a sua realidade, e não se esqueça de cumprir com os combinados.
Veja também: Ler antes de dormir: 10 motivos para incorporar o hábito ao ritual do sono.
4 – Invista na rotina do sono
Ao contrário do que pode parecer, a rotina do sono não está restrita ao que acontece apenas na hora em que seu filho deita na cama. Ela começa muito antes disso! Assim, observe com cuidado o que acontece no final do dia e procure implementar algumas mudanças simples, como:
- reduzir o ritmo, o volume e a luminosidade da casa como um todo;
- preferir atividades mais tranquilas na hora de brincar;
- evitar ao máximo oferecer qualquer tipo de tela – prefira os livros;
- dar um banho quentinho e fazer uma massagem para ajudar a relaxar;
- conversar sobre como foi o dia na escolinha ou em casa, enquanto você estava no trabalho;
- cantar uma canção de ninar, dar colinho, muitos abraços e beijinhos.
5 – Esteja preparado para os despertares noturnos
É bem provável que a criança acorde mais de uma vez nos primeiros dias dormindo sozinha no próprio quarto, então é preciso saber o que fazer e informar ao seu filho o que vai acontecer.
Dessa maneira, experimente combinar o seguinte: se a criança acordar na própria cama e ficar chorando ou chamando por você, vá até ela, acolha-a e coloque-a para dormir novamente, esperando que pegue no sono antes de sair do quarto.
Caso, em vez disso, o pequeno desperte, saia do próprio quarto e vá procurar por você, querendo deitar na sua cama, você vai acompanhá-lo de volta e colocá-lo para dormir, esperando que pegue no sono outra vez.
Pode ser muito difícil fazer isso, especialmente por conta de todo o cansaço que acumulamos durante o dia. Mas repita o processo quantas vezes for necessário – a consistência vai fazer toda a diferença no resultado.
6 – Tome cuidado com luzes e sons
Enquanto para alguns uma luz fraquinha no quarto pode transmitir segurança durante os despertares noturnos, para outras crianças a mesma luz será o bastante para despertar totalmente, fazendo que queiram pular da cama, brincar e fugir para o seu quarto. O mesmo acontece para músicas de ninar e os chamados ruídos brancos.
Como dissemos, não há uma regra. Você conhece seu filho melhor do que ninguém! Teste aquilo que acredita que vá funcionar melhor na sua casa e não tenha medo de mudar de ideia caso não esteja dando certo.
A mágica da rotina
Nada como um dia depois do outro para fortalecer um hábito. Aprender a engatinhar, andar, falar, a transição alimentar, o desmame, tudo isso demanda, de você e do seu filho, muita paciência, determinação e disciplina. Com a mudança para o próprio quarto e para a própria cama não será diferente!
Por isso, tenha em mente que por mais que seja difícil, encerrar o ciclo da cama compartilhada não precisa ser uma tortura para ninguém. Converse bastante com seu filho, esteja presente na rotina dele, invente uma brincadeira e aproveite para praticar o que vai acontecer quando ele despertar e você não estiver lá.
Mostre que o quarto e os objetos são os mesmos com as luzes acesas ou apagadas, e que você vai estar disponível todas as vezes que ele precisar. A segurança é o principal fator para essa mudança acontecer de maneira natural e tranquila.
Seu filho sabe que pode contar com você, independentemente de vocês estarem dormindo na mesma cama ou não. Dê um tempo para ele. Acredite em vocês.