Muito mais intenso que episódios de tédio e inquietação ocasionais, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) provoca dificuldade de concentração, impulsividade e inquietação, todos em nível acima do normal, trazendo prejuízos para a vida da criança, facilmente percebidos em atividades escolares e por familiares. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno atinge cerca de 3% da população mundial. No Brasil, 2 milhões de pessoas são atingidas pelo TDAH, em sua maioria crianças, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

A pandemia acendeu o alerta para muitos pais e professores. Com as crianças dentro de casa – com atividades ao ar livre e junto a outras crianças restritas, além de maior tempo de exposição a telas – ficou evidente para alguns que o comportamento dos pequenos fugia ao esperado. “Os pais devem ficar atentos à dificuldade de organização, a procrastinação em executar tarefas e dar sequência a atividades escolares, e à instabilidade no autocontrole e na regulação das emoções, como a raiva”, explica Livio Chaves, secretário do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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Apesar de ser o transtorno de desenvolvimento mais recorrente em crianças e adolescentes, é comum não apenas as famílias mas também as escolas e alguns profissionais questionarem a existência do TDAH. “No Brasil, o transtorno é subdiagnosticado, apenas 20% das crianças recebem o diagnóstico e muitas não conseguem fazer o tratamento correto”, afirma.

O transtorno pode acometer qualquer pessoa, tanto meninas quanto meninos, desde a infância até a vida adulta, e se manifesta de maneiras diferentes em cada um. “Existem níveis de gravidade, a depender da estrutura familiar, condição precoce do diagnóstico, e se existem comorbidades, como depressão e ansiedade, que são muito comuns nesses quadros clínicos.”

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Como é o diagnóstico do TDAH?

O TDAH é caracterizado por uma tríade de sintomas: impulsividade, hiperatividade e desatenção. Os prejuízos são observados em diferentes ambientes e não apenas em um, então é comum que os sintomas sejam percebidos em casa, na escola e em outros espaços que a criança ou o adolescente convive. “São crianças com dificuldade de sustentar o foco, esse é um dos relatos mais recorrentes”, observa Livio. É preciso fazer entrevistas clínicas, relatórios psicopedagógicos e testes. “Não é um diagnostico fácil, é clínico e observacional.”

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Os pais devem procurar por médicos especializados em tratamento de crianças com transtorno do desenvolvimento, como pediatras do desenvolvimento e comportamento, os psiquiatras da infância e adolescência e os neurologistas infantis. “Psicólogos e neuropsicólogos podem ser necessários para excluir comorbidades, são análises e intervenções multiprofissionais.”

Como a escola pode ajudar?

Com o diagnóstico feito, é necessário que a escola esteja preparada para apoiar o tratamento. “A primeira ação é não rotular, não tratamos o TDAH, tratamos a criança, é preciso pensar de forma individualizada. Não é requisitado nada fora do contexto global do ambiente escolar, o que evita o possível agravamento da sensação de inferioridade e insegurança que o aluno pode desenvolver em decorrência de questões cognitivas e sociais que o transtorno provoca”, ressalta.

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A maioria das crianças não necessita de um professor de apoio, por exemplo, mas de comportamentos auxiliares, como a atenção direcionada do professor e ações práticas como pensar o lugar em que o aluno se senta em sala de aula. “Pode ser muito proveitoso envolver a criança ou o adolescente como monitor do professor, trazendo-o para perto do educador e o estimulando com outras tarefas.”

Como os pais podem acompanhar?

O tratamento se baseia no tripé: família, escola e criança. O ambiente familiar não é causal, mas ajuda no tratamento do TDAH, quando se tem a compreensão do diagnóstico, o que auxilia na redução dos sintomas. “Estimulamos uma alimentação saudável, não existe uma dieta específica para o TDAH, mas o controle do açúcar e do carboidrato pode ser indicado para a redução da hiperatividade”, explica Lívio. Também é preciso controlar o tempo de exposição às telas, que podem provocar desatenção nas crianças e nos adolescentes, e priorizar o lazer como brincar ao ar livre e gastar energia em atividades físicas coletivas ou individuais.

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Os pais podem ainda participar de brincadeiras e jogos com as crianças, que exigem concentração e atenção, como jogo da memória, quebra-cabeça, outros jogos de tabuleiro e mesmo por meio da leitura. O clube de assinatura Quindim possui um amplo acervo de indicações de livros infantis direcionados a todas as idades e os momentos de leitura podem ser incorporados à rotina da família e praticados sempre que possível, já que desenvolvem o autocontrole e a atenção, e reduzem a impulsividade.