Todos nós vivemos em nossas bolhas. E na infância, não é diferente. Por isso a importância de se apresentar diferentes etnias, culturas e especificidades à criança: isso irá levá-la a mundos além do seu, tornando-a mais consciente e tolerante.
E você sabia que os livros de literatura são especialmente potentes para isso? Esse é o tipo de texto mais eficiente para desenvolver a empatia, ou seja, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Por meio da literatura, podemos não só entrar em contato com diferentes mundos, mas vivenciá-los, entendendo diferentes olhares e perspectivas.
Por isso, reunimos aqui uma lista de 15 livros selecionados pelo Clube de Leitura Quindim para ampliar o mundo do pequeno leitor! Confira:
15 livros para falar com crianças sobre diversidade
Abaré
Este livro de imagem narra um dia de um índio mati e seus abarés (amigos). Os matis têm grande amor pela floresta e pelos animais, e para eles todos são abarés! O Clube Quindim acredita na importância de se apresentar diferentes visões de mundo desde as primeiras leituras, e assim ampliar o universo do leitor. A literatura de temática indígena contribui nesse papel, pois promove a percepção da pluralidade cultural brasileira, desenvolve competências leitoras de textos de diferentes características, valoriza obras de diferentes tradições e visões de mundo e nutre o diálogo intercultural.
Amoras
Esta é uma obra cheia de sons e com uma intertextualidade que reverbera em nossa mente. Uma obra de tema atual, de representatividade negra, de diversidade, de orgulho, de autoestima. Uma obra que nos faz lembrar do olhar infantil que um dia tivemos. Um olhar mais livre, sem tanto preconceito, sem tanta dor. Que quando colocamos ao lado do olhar do adulto, da experiência, nos lembra que não, a luta não foi em vão. E não é. Obras que tematizem e problematizem as relações étnico-raciais são extremamente necessárias para desfazer ideias enraizadas como aquelas que trazem os personagens negros em papéis de submissão e/ou retratando o período escravista. É fundamental que crianças e jovens não convivam somente com uma representação eurocêntrica de personagens.
Assim eu vejo
Uma obra que mescla duas linguagens, a literária e a informativa, para trazer uma história sobre o que vemos – e o que não vemos, mas sentimos, imaginamos, pensamos. É um livro que nos motiva a explorar o mundo para além do que nossa visão alcança, abordando também a realidade daqueles que não veem. Ao nos propor uma imersão em um mundo cheio de informações científicas e pragmáticas sobre a visão, a obra nos leva também por um caminho poético, rico em metáforas e muitas figuras de linguagem. Uma obra que explica como a visão funciona enquanto desconstrói o que é essa visão. E a verdade por trás dela. Uma obra que questiona os tamanhos e as importâncias. Que fala sobre mistério. Medo. Perspectivas diferentes. E sonhos.
Caderno de rimas do João
Todo mundo tem seu caderno de anotações. O que será que encontramos no caderno de rimas de João? Um olhar poético com temas da infância, com palavras que ele vai descobrindo, com relações que estabelece com outras crianças e com o adulto. Lázaro Ramos entrega nas páginas deste livro algumas memórias do seu universo infantil e outras tantas das observações do seu filho. O caderno de anotações é nosso confidente, e este nos mostra as relações de afeto que se estabelecem de forma diferente entre adultos e crianças. Também encontramos alguns diálogos sobre amizade, leitura, amor e autoestima… e outros com temas bastante complicados, como perda, arte, política, diversidade cultural e étnica.
Com que roupa irei para a festa do rei
Este livro para crianças faz referência a um conto de fadas de Hans Christian Andersen: A roupa nova do imperador, que fala sobre a vaidade cortesã e a soberba intelectual. É um conto clássico e dificilmente um adulto não conhece a famosa frase “O rei está nu!” – saída da boca de uma criança, com a sinceridade e a espontaneidade características. O livro faz referência a muitos reis: o rei da Espanha, do futebol, do rock, do baião, da selva, do tabuleiro. E ao fazer referência a cada um deles, desmistifica a soberba que associamos a esta palavra e à importância deste “ser mais importante”, o rei.
Conversas de vaga-lumes
Esta é uma história que traz a diferença social, que faz um contraponto entre duas infâncias, o cenário de dois meninos e seus desejos, a solidão de quem vive em prédios e a convivência de quem vive em comunidade. Apesar das dificuldades que ambos os meninos têm, cada um na sua família, estão presentes no livro a possibilidade de um novo horizonte, de novos encontros, de maneiras de diminuir as diferenças, e as distâncias sociais.
Direto do Instagram: 8 livros para falar sobre pertencimento
Elmer
Elmer é um elefante diferente de todos os outros: ele é xadrez. Um dia, cansado de ser diferente, ele resolve se pintar de cinza, para ficar igual a todos os outros. Esta obra fala sobre a sensação de ser diferente e a busca por pertencimento. E o modo como aborda esse tema permite diferentes leituras sobre o que é ser diferente, podendo falar tanto sobre uma diferença clara, como uma deficiência, quanto sobre a diferença como uma percepção de si mesmo na busca pelo pertencimento. Uma busca que pode nos levar por diferentes caminhos, da imitação ao outro para se sentir parte daquele grupo à simples (e difícil) compreensão e estima de si, com as características e potencialidades que o fazem único.
Entre tantos
Este livro aborda as relações sociais entre as pessoas. A caracterização dos personagens nas ilustrações são um caso a parte, convidando o leitor a uma leitura mais demorada ao instigar a imaginar as diferentes personalidades de cada personagem e o que pode surgir do relacionamento entre elas. Este livro fala sobre o que aproxima diferentes pessoas. Como se estivessem todas ligadas por um parentesco, uma afinidade, uma característica em comum, o que nos faz refletir sobre as nossas semelhanças enquanto celebramos nossas diferenças.
Falando Tupi
Os povos indígenas habitam o Brasil há milhares de anos. Existem diferentes nações indígenas como os Yanomamis, Caingangues, Carajás, Guaranis e Tupis. Estima-se que na chegada dos europeus ao Brasil, em 1500, havia 1.175 línguas indígenas. A grande maioria dessas línguas está extinta. Sobreviveram cerca de 274 línguas indígenas em todo o território brasileiro. Logo no início do livro, o escritor Yaguarê Yamã se apresenta ao leitor e propõe um diálogo direto por meio de perguntas e respostas. Essa brincadeira cria uma certa curiosidade no leitor, que identifica em algumas palavras usadas no dia a dia a origem tupi.
Histórias da Preta
Quem inventou o nome da cor das pessoas? Como é ser uma criança negra? “Preta”, é assim que sua tia Camila a chama. É sua tia quem lhe conta as histórias que ouviu, viveu e imaginou. Histórias dos povos da África, de menino japonês, de menina transparente. Diferentes histórias, histórias de diferenças. Nesta obra, Preta nos conta histórias de um povo africano que veio para o Brasil como escravo, que sofreu, mas construiu aqui um novo lar. A personagem conta assim histórias sobre a sua ancestralidade, “histórias sobre a sua própria história”. Trouxe-as, junto de seus costumes e crenças, por meio da oralidade, passada de geração a geração. Trata assim da importância de preservarmos as nossas histórias como uma forma de não perdermos nossa memória e nossa identidade, e assim a nossa autoestima.
Malala, a menina que queria ir para a escola
O que uma menina que nasceu no Paquistão tem a ver com as meninas no Brasil? A menina Malala, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, nos mostra a importância da Educação para o desenvolvimento de uma sociedade sem intolerâncias e que valoriza o outro. A voz dela ecoou pelo vale de Swat, no Paquistão, atravessando fronteiras e relatando o sofrimento de uma população que foi reprimida por questões culturais e religiosas. Malala ganhou o prêmio de Melhor Livro Informativo e Adriana ganhou o prêmio de escritora revelação pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ.
Meninos do mangue
A maré divide o dia em 4: duas marés altas e duas baixas. Neste cenário e inspirado na crônica “O ciclo do caranguejo”, do escritor recifense Josué de Castro, o livro Meninos do Mangue conta a história das pessoas que sobrevivem da riqueza do mangue, paraíso dos caranguejos. Apesar de a história mostrar os problemas sociais da comunidade como o trabalho infantil e escravo e o lixo jogado no meio ambiente, o autor busca, por meio da escrita e das imagens, evidenciar o lado humano das pessoas, a espontaneidade e felicidade das crianças que se divertem pegando caranguejos. Esse livro recebeu vários prêmios: FNLIJ Melhor Livro para Criança e Melhor Ilustração; Jabuti Melhor Livro para Criança e Melhor Ilustração; Prêmio Espace Enfants 2002 (França).
Quando me descobri negra
“Tenho 30 anos, mas sou negra há 10. Antes, era morena.” É com essa afirmação que Bianca Santana inicia uma série de relatos sobre experiências pessoais ou ouvidas no círculo de mulheres negras que organizou. Com uma escrita ágil e visceral, denuncia com lucidez – e sem as armadilhas do discurso do ódio – nosso racismo velado de cada dia, bem brasileiro, de alisamentos no cabelo, opressão policial e profissões subjugadas. Esta obra traz uma série de situações de racismo que parecem sutis para quem não as vivencia, dando margem a uma interpretação ambígua. Mas, para quem as vive, são situações dolorosas. Falar sobre a consciência negra nos ajuda a compreender e nomear o que é racismo, tanto para quem o vivência quanto para quem o observa ou o comete.
Veja também: Podemos falar de protagonismo negro nos livros infantis?
Tapajós
Nesta obra de Fernando Vilela, acompanhamos o cotidiano de Cauã e Inaê, que vivem em um vilarejo às margens do rio Tapajós. Eles moram em uma casa de palafitas, e o tempo é marcado pela estação das chuvas, quando eles têm de se mudar de casa. Os rios e as bacias hidrográficas do Brasil formam uma das mais extensas e diversificadas redes fluviais do mundo. E mesmo assim, nos grandes centros urbanos, aprendemos a dar as costas aos rios e cobri-los com concreto… ou transformá-los em esgotos. Nas cidades, também pouco conhecemos da realidade daqueles que vivem em torno dos rios, como nos apresenta esta obra de Fernando Vilela. Nela, vemos que há outras formas de viver além daquela restrita ao nosso pequeno universo pessoal.
Uniforme
Este livro, de Tino Freitas e Renato Moriconi, lança um olhar poético sobre a construção de identidade. As ilustrações e as imagens em diálogo compõem um texto profundamente sensível e afetuoso, despertando nossa empatia por Clóvis, o pequeno camaleão que deseja estar em harmonia com seu ambiente. Enquanto participamos da deliciosa brincadeira de procurá-lo em cada página, acompanhamos a trajetória do personagem rumo à construção de sua identidade, algo que só acontece plenamente quando ele aprende a ser livre.
Boa tarde! Como faço para adquirir os livros.
Olá, Jaqueline, todos esses livros foram enviados para os assinantes do Clube Quindim