Quando começar a oferecer alimentos sólidos aos bebês? E água? Posso dar doces a partir de qual idade? Papinhas são alternativas saudáveis? Qual a quantidade de alimentos ideal?
Essas são dúvidas que atormentam muitas mães de primeira viagem. E para as quais todo mundo tem uma resposta na ponta da língua: a sogra, o vizinho, a colega de trabalho. A maternidade e o recém-nascido são muitas vezes vistos como de domínio público, e a mãe, que já vive momentos de muita ansiedade, deve tomar cuidado para não deixar comentários leigos atrapalharem esse momento tão especial que são os primeiros meses com seu bebê.
À principal dúvida, quando começar a oferecer alimentos, a Organização Mundial da Saúde responde: até os seis meses de vida, o aleitamento materno exclusivo é o suficiente para o desenvolvimento adequado dos bebês. Mesmo se antes dessa idade eles já demonstrarem interesse por outros sabores, os alimentos sólidos não devem ser oferecidos, pois podem elevar risco de alergia alimentar. Apenas a partir dos seis meses os bebês desenvolvem um bom controle da mastigação e da direção da língua, com diminuição do reflexo de propulsão.
É por isso que apenas aos seis meses de vida iniciamos a oferta de novos alimentos à criança, sempre de forma gradual e respeitando a vontade e o interesse dos pequenos. Uma boa opção é começar por frutas, que são mais doces e de fácil aceitação ao paladar infantil. Nesse momento, a água também já deve ser ofertada diversas vezes durante o dia, mas nunca substituindo o leite materno. Algumas frutas devem ser evitadas no início, por conterem grandes quantidades de agrotóxicos e serem mais alergênicas, como o kiwi e o morango. É bom também evitar suco até o primeiro ano, por causa do grande teor de açúcar, que aumenta bruscamente a glicemia da criança, e por ser coado, não tem fibras. Suco também não estimula a mastigação, gera saciedade exacerbada e, quando introduzido antes dessa idade, está relacionado a maior risco de obesidade na adolescência e diabetes.
A alimentação de legumes deve ser acrescentada apenas após a rotina das crianças com as frutas. Será mais um novo gosto a estimular o paladar. A partir deles, não se deve restringir nenhum alimento saudável. São muito bem vindos os ovos, com clara e gema, peixes, carnes e feijão. E não pode demorar muito para ofertá-los: quanto mais postergada essa introdução, maior o risco de alergia. Usar bastante tempero natural, de modo variado, como salsinha, cebolinha, hortelã, cebola, manjericão, é uma ótima opção, além de excelente estratégia para se evitar o uso de sal e acostumar a criança a hábitos e paladares mais saudáveis.
Essa diversidade de paladar, cor e texturas deve compor as refeições em alimentos diversificados e nutritivos, ofertados separadamente para criança ter tanto o estímulo visual do alimento quanto para desenvolver o paladar. Por isso, os alimentos precisam ser oferecidos separadamente e não misturados ou como papinhas. É muito importante a oferta ser variada e ampliada progressivamente.
Vale lembrar que até um ano a mucosa gástrica infantil é bastante sensível, portanto não ofereça café, enlatados, industrializados e refrigerante, que comprometem a digestão e a absorção dos nutrientes, além de terem baixo valor nutricional. Os alimentos doces também devem ser evitados, e esses de preferência até os dois anos, pois geram desinteresse pelos alimentos saudáveis. Além de o açúcar ser inflamatório para o organismo, o paladar da criança é formado até os três anos, então, quanto mais saudável for a alimentação do pequeno até essa idade, mais chance teremos de ele ser um adulto que não tenha interesse por alimentos doces – o bebê não tem referência desse sabor, então vamos deixar ele descobrir sozinho, sem sermos responsáveis por apresentar.
Outra preocupação frequente dos pais é a quantidade de alimento adequada. Devemos lembrar que cada organismo tem uma necessidade, baseado em um gasto energético, no metabolismo, e o que vai gerar a saciedade do bebê apenas ele vai saber. O importante é não forçar a alimentação, oferecer alimentos variados e não substituir alimentos saudáveis por leite ou guloseimas, ou restringir a alimentação apenas às preferências iniciais da criança.
BLW
O método BLW (do inglês – Baby Led Weaning – desmame guiado pelo bebê) consiste em deixar alimentos cortados ao alcance da criança, que se serve da maneira que desejar. Assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria, costumo indicar mesclar esse método com a oferta direcionada com colher à criança, tendo o cuidado de supervisionar a criança durante esse processo e de cortar os alimentos de maneira segura. O importante é oferecer diferentes sabores e consistências ao bebê para aprimorar seu paladar, com diversas texturas e lhe dando autonomia, desenvolvendo uma relação lúdica e prazerosa com a comida, sem a insistência na ingestão de uma quantidade maior de comida do que criança deseja.
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Dr Camila é pediatra do meu filho , ótima escolha que eu fiz . Com ela me sinto segura e sei que ele está bem assistido . Orgulho vê-la falando de um assunto tão importante
Dra. Camila é uma grande parceira nossa, Bianca. Que bom que gostou! Teremos novos textos dela em breve, não deixe de acessar para ler. Abraços