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O que é cyberbullying? Entenda como proteger as crianças do bullying virtual

menino na frente de computador tampando o rosto com as mãos

crédito: Canva / Arte: Quindim

Como o próprio nome já indica, cyberbullying é o bullying praticado no ambiente virtual. Ainda que as ferramentas e os meios para cometer o assédio e a violência estejam baseados na internet, os efeitos são totalmente reais e, assim, precisam ser prevenidos, denunciados e combatidos.

Neste artigo, vamos falar sobre como esta violência pode afetar as crianças, o que podemos fazer para protegê-las e, também, como agir ao tomar ciência de uma criança que está sendo vítima desse crime.

O que é cyberbullying?

crédito: Canva / arte: Quindim

Vamos começar explicando o que caracteriza o bullying: são agressões físicas e/ou psicológicas feitas de maneira intencional, regular e repetida, contra uma pessoa ou um grupo de pessoas. Lembrando que qualquer indivíduo é capaz de praticar bullying, mas as vítimas geralmente são aquelas que não têm condições de se defender sozinhas, seja por timidez ou por alguma vulnerabilidade.

Se na vida real o bullying é quase sempre acompanhado por agressões físicas, como empurrões e puxões de cabelo, dentre outras, o cyberbullying é principalmente composto por assédio e ataques psicológicos intensos on-line, que podem ou não se tornar físicos caso o agressor e a vítima venham a se encontrar pessoalmente.

A violência psicológica que é tão característica do cyberbullying preocupa tanto pela gravidade quanto pela “coragem” que a internet costuma proporcionar aos agressores: muitas vezes é o anonimato das redes sociais que torna o assediador ainda mais ousado. Outras tantas, o fato de não estar frente a frente com a vítima encoraja o assediador a ser exponencialmente cruel.

O que o bullying e o cyberbullying têm em comum

Como dissemos, o que caracteriza em essência qualquer tipo de bullying é a intenção, a persistência e a repetição das agressões. No entanto, é preciso fazer uma diferenciação entre o bullying no mundo real e no mundo virtual.

Enquanto o bullying costuma ser praticado por alguém que intimida de alguma maneira a vítima, seja por ser mais velho, mais forte ou mais popular, o cyberbullying pode ser praticado por qualquer pessoa – inclusive por quem não conhece a vítima – pois há uma tela separando o agressor do agredido. Por isso mesmo, se torna um tipo de violência muito mais acessível e sistemática.

Veja também: Netspeak. O que é o internetês e como ele influencia o aprendizado das crianças

Confira algumas características que tanto o bullying quanto o cyberbullying têm em comum:

Características específicas do cyberbullying:

Além de todas os itens da lista anterior, o cyberbullying apresenta também:

Veja também: Videogame. Quando deixa de ser diversão e se torna um problema

Termos envolvidos no cyberbullying

crédito: Canva / arte: Quindim

Ainda dentro do universo que envolve a prática terrível do cyberbullying, há uma categorização das agressões sofridas pelas vítimas. Segundo os especialistas, esse entendimento é fundamental tanto para conscientizar e prevenir quanto para denunciar e combater essas agressões.

Alguns termos importantes envolvidos no cyberbullying são:

hater

Palavra em inglês que significa “aquele que odeia”. É a pessoa que agride e assedia por odiar alguém por uma ou mais características suas, sejam elas físicas (altura, peso, alguma deficiência, entre outros) ou não (raça, origem, religião, classe social etc.).

Sexting

Palavra em inglês para descrever a troca de mensagens de texto com cunho sexual. Frequentemente são criados perfis falsos para conversar com a vítima e divulgar prints das mensagens depois, constrangendo e humilhando publicamente.

Nudes

Termo que se refere à fotos em que há nudez total ou parcial. Essas fotos podem ser enviadas pela própria vítima, que confiava no agressor, ou obtidas de maneira escusa (tiradas em banheiros e vestiários da escola, por exemplo, ou pela invasão de uma conta pessoal da vítima).

Revenge Porn

Divulgação de fotos e vídeos de uma pessoa sem autorização. Muitas vezes a própria vítima disponibiliza esses conteúdos para o agressor sem cogitar que poderá ser exposta. Depois, se por qualquer motivo o relacionamento se encerra ou se a vítima não aceita mais as agressões do abusador, o conteúdo é compartilhado com objetivo de constranger e humilhar ao máximo.

Veja também: Quais os impactos psicológicos do uso de redes sociais pelos jovens

O bullying digital pode ocorrer em qualquer local

Se o bullying acontece quando agressor e vítima estão em contato direto, o cyberbullying não tem dia, hora nem lugar para acontecer: a internet torna possível que as agressões continuem mesmo que a vítima esteja em outro país, trancada no próprio quarto.

Por isso é tão importante observar os sinais e agir rapidamente, visto que os efeitos desse tipo de violência são gravíssimos e podem até mesmo levar ao suicídio. Mas como saber se se está diante de bullying ou se é somente uma situação comum de conflito entre crianças ou jovens?

O primeiro passo é jamais se omitir. Deixar para lá, esperar passar e fazer vista grossa são os ingredientes perfeitos para gerar uma situação de dor, tristeza e isolamento social.

Quais as consequências do cyberbullying para crianças e jovens

Segundo a Unicef, o cyberbullying pode ter efeitos mentais, emocionais e físicos nas vítimas desse tipo de violência.

Quando as agressões são descobertas, é fundamental agir rápido. Denunciar, buscar apoio e orientação profissional, proteger e ajudar a vítima é imprescindível para reverter a situação de maneira a tornar possível superar essa fase. Do contrário, as consequências do cyberbullying podem ser muito graves e duradouras, levando até mesmo ao suicídio.

Infelizmente, nem sempre as agressões são descobertas, deixando as pessoas que sofrem cyberbullying sozinhas para lidar com as agressões. Nesses casos, não é raro haver comprometimento do desempenho escolar, baixa autoestima, dificuldade em estabelecer relacionamentos, transtorno de ansiedade, depressão e síndrome do pânico, além de abuso de álcool e drogas.

Veja também: Precisamos falar sobre ansiedade infantil e suas consequências

Como proteger seu filho do cyberbullying?

crédito: Canva / arte: Quindim

Estabeleça uma relação próxima e honesta com as crianças e jovens desde muito cedo, que seja baseada na troca, afeto, cuidado, respeito e diálogo. Saiba que, mesmo assim, não há garantias de que seu filho não irá sofrer cyberbullying, mas as chances de que ele converse com você sobre o assunto, caso venha a acontecer, aumentam consideravelmente.

É preciso que seu filho se sinta seguro e confiante em compartilhar com você o que acontece na vida escolar e no relacionamento com os colegas e professores, especialmente quando você não está por perto. Que ele não tenha medo de contar o que o aflige, por receio de ser repreendido, menosprezado ou diminuído de qualquer maneira.

Além disso, há uma série de boas práticas que podem evitar que agressores façam de informações pessoais, fotos e vídeos disponíveis nas redes sociais uma munição para praticar as agressões. Confira:

O que fazer se seu filho estiver sendo vítima de cyberbullying?

Fazer uma descoberta como essa não é fácil. Se seu filho vier até você contar que está sendo vítima de agressões pela internet, a primeira coisa a fazer é parar tudo para ouvi-lo. Dê a ele toda a sua atenção e valorize esse momento. Mesmo que vocês tenham um relacionamento incrível um com o outro, acredite, nunca é simples dizer em voz alta que se está sendo humilhado e perseguido.

crédito: Canva / arte: Quindim

Reforce que nada do que está acontecendo é culpa do seu filho. Ainda que ele tenha se exposto de forma que você considera inadequada nas redes, esse não é o momento de apontar dedos, mas sim de acolher. Acione os órgãos responsáveis (escola, redes sociais, polícia) e faça tudo o que estiver ao seu alcance para preservar a integridade da criança ou do jovem.

Tudo bem se você não souber imediatamente o que fazer. O mais importante é não deixar nenhuma dúvida sobre a sua disponibilidade para ajudar. É preciso que seu filho tenha a mais absoluta certeza de que pode contar com você para o que der e vier. Do contrário, pode se retrair e passar a agir como se o problema tivesse sido resolvido, quando na verdade pode estar até mais grave. Conte também com ajuda profissional.

E se o seu filho for o agressor?

Além de muita conversa, você deve garantir acompanhamento psicológico para o seu filho nessa situação também. Ele precisa entender a gravidade dos erros que cometeu e ser responsabilizado por eles.

Fique atento: muitas vezes uma criança que pratica cyberbullying foi vítima em um momento anterior. Isso não justifica a atitude, mas explica um pouco o que pode estar acontecendo. Assim, somente punir sem investigar a raiz do problema tende a fazer que ele se repita no futuro, com outras pessoas.

Tratar o bullying como “coisa de criança” ou “brincadeiras de mau gosto” é dar passe livre para que as agressões se repitam. Não subestime seu filho, mostre que esse tipo de comportamento é inaceitável por ter poder de acabar com a vida de alguém, literalmente. Respeito e gentileza são inegociáveis em qualquer ambiente, e isso inclui a internet.

Veja também: Como os padrões de beleza afetam as crianças

Cyberbullying é crime: como denunciar?

Seja presencialmente, na escola, ou via internet, todo tipo de bullying deve ser denunciado. Por isso, ao tomar conhecimento de uma situação desse tipo, o primeiro passo é fazer uma denúncia formal à instituição, sempre que possível embasada por evidências, como prints de tela, áudios, fotos e vídeos que demonstrem a agressão.

Caso a escola não tome medidas cabíveis adequadas ao problema, e que resolvam definitivamente a questão, é possível recorrer à justiça para que os agressores sejam responsabilizados de alguma maneira.

Ao contrário do que muita gente pensa, a internet não é terra sem lei. O Código Penal prevê os crimes de injúria, calúnia e difamação, além de punições para a exposição de conteúdo íntimo que, dependendo da idade da vítima, podem configurar até mesmo pedofilia. Os ataques racistas e homofóbicos também estão previstos na lei.

Além das ações criminais, também é possível acionar os agressores na esfera civil. Quando condenados, há pagamento de indenização às vítimas e suas famílias.

Ficar calado quando o assunto é bullying pode agravar rapidamente uma situação a ponto de torná-la irreversível. Por isso, ao tomar conhecimento de qualquer tipo de agressão repetida e intencional, é preciso agir.

Ensine seus filhos sobre a importância de oferecer ajuda para alguém que esteja sendo vítima de bullying, mesmo que a pessoa diga que está tudo bem. Demonstre a importância de ouvir e acolher a fragilidade do outro, colocando-se à disposição para acompanhar a pessoa num processo de denúncia. A solidão pode ser devastadora nesses casos. Oferecer palavras e ações de apoio pode salvar vidas.

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