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Brincadeiras fora das telas: preservar tempo e espaço para atividades é fundamental

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A Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas e fortalecida pela Convenção dos Direitos da Criança de 1989, enfatiza: “Toda criança terá direito a brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantirem a ela o exercício pleno desse direito”. Mas, em tempos de hiperconectividade, aceleração e consumo desenfreado, há espaço para as brincadeiras e a plenitude na primeira infância?

“A brincadeira desenvolve a criança em todos os aspectos, motor, cognitivo, afetivo e social e ainda colabora para a sua aprendizagem. Brincar se aprende brincando, portanto, é importante que a criança brinque desde o seu nascimento”, define Maria Angela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP. 

Segundo ela, a família pode pensar que para brincar são necessários muitos brinquedos e diferentes dispositivos materiais, mas existem atividades que se fazem com o corpo e, principalmente, com a imaginação. “É importante considerar que crianças pequenas repetem a mesma brincadeira e nem sempre os pais têm paciência para isso. A repetição é necessária para a criança aprender.”

Com a hiperdigitalização, e nos contextos sociais desiguais que atravessam o Brasil, o tempo dedicado à diversão e à imaginação muda de acordo com a realidade em que a criança está inserida. Assim, as brincadeiras fora das telas tornam-se ainda mais importantes para garantir a criatividade e a conexão dos pequenos com o ambiente e com as outras pessoas. “É preciso temperança, não podemos condenar os celulares, os computadores e todas as telas como ruins por princípio”, explica Michelle Prazeres, pesquisadora e fundadora do Movimento Desacelera SP. 

Existe uma concorrência entre o tempo de brincar nas telas e o brincar de outros jeitos. “Há grandes desafios, mas deve-se limitar o tempo de uso das telas, já que é fora delas que o brincar é livre, com imaginação e as crianças são preservadas, principalmente na primeira infância, da lógica de consumo e trabalho que as tecnologias impõem”, acrescenta.

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Recomendações da ciência sobre o uso de telas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de até 2 anos de idade não tenham contato com nenhum tipo de tela. Dos 2 aos 8 anos o uso de telas está liberado para o período de, no máximo, uma hora por dia, com a mediação e o cuidado de um adulto. O uso prolongado de dispositivos tecnológicos pode atrapalhar o desenvolvimento das habilidades sociais e de linguagem da criança, além de impactar o sono, prejudicar o desenvolvimento neurológico, acarretar problemas emocionais, como depressão e ansiedade, e causar sedentarismo.

Outros problemas apontados mostram a possível dependência digital como fator importante para o desenvolvimento de problemas visuais, como a miopia, transtornos alimentares, problemas auditivos, de postura, e a exposição prolongada aumenta ainda a possibilidade de cyberbullying e o risco de abusos sexuais e pedofilia. Com isso, a mediação de um adulto é essencial para que a criança não utilize dispositivos eletrônicos sozinhas e se exponham ao perigo.

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Diversão fora das telas: estimule as brincadeiras offline

“Não existe uma fórmula, precisamos caminhar para uma mediação crítica e conciliatória em relação ao uso de telas na infância”, defende Michelle. Para isso, as possibilidades de brincadeiras sem essas tecnologias devem ser exploradas e são muitas, como ler e contar histórias, ouvir as narrativas que a criança traz, brincar de esconder, conhecer diferentes jogos de tabuleiro, imitar personagens, cantar, pintar e desenhar. “Estar na natureza, como em parques na cidade, passear com a família, brincar com amigos, tudo isso movimenta o corpo, esse é o encontro com a vida.”

“A brincadeira é uma das linguagens da criança e está ligada a outras, como arte, teatro, música, dança”, explica Maria Angela. “Hoje as pessoas querem brincadeiras e jogos prontos, algo estimulado pelas tecnologias que enfatizam a extrema rapidez, mas é necessário criar e refletir, porque brincar permite explorar, descobrir, ordenar, classificar e significar. É a base do pensamento.”

Para a professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, as brincadeiras offline são tão boas quanto as online. “É possível fazer máscaras, desfile de modas, pequenos aviões de papel, criar objetos com palitos e outros materiais que se têm em casa, brincar com parlendas e adivinhas, criar ambientes imaginários sem objetos e muito mais”, reflete. “Temos a Semana Mundial do Brincar e 28 de maio é o Dia Internacional do Brincar. A atividade não deve ser contemplada apenas nessa época, mas durante o ano todo. Criança que brinca é e será sempre um adulto feliz.”

Aqui no Clube Quindim, você pode conhecer muitas dicas de brincadeiras para estimular a criatividade das crianças, por exemplo ao propor brincadeiras com caixas de papelão, e também relembrar jogos e brincadeiras antigas para ensinar as crianças e se divertirem juntos. E, como já dissemos, a leitura também é uma ótima opção para juntar a família e garantir bons momentos de diversão. Para isso, conte o Clube Quindim para entregar livros selecionados por especialistas em literatura infantil direto na sua casa!

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