Na linha de livros para crianças com discursos de inclusão e respeito à multiplicidade de jeitos, gostos, tendências e condições sociais em que vivem as pessoas do mundo, temos aqui um grande álbum ilustrado que mescla algumas linguagens de comunicação impressa. É uma cartilha, no sentido mais tradicional, de uma mensagem que se volta para os pequenos leitores, numa apresentação com um sabor vintage. As ilustrações apresentam diferentes cenários apenas em traços azuis — começando por descrever o quarto de um menino, um piquenique numa floresta, o pódio de uma competição desportiva, o palco iluminado de uma banda, ou simplesmente a sala de casa ou o espaço exíguo de um elevador apinhado de gente. Uma, duas, muitas pessoas, com suas alegrias, frustrações, envolvimento emocional e os pensamentos dos mais diversos. Às vezes uma coisa ou outra coincidem e dizemos que elas estão compartilhando experiências — e também expectativas. Às vezes nada parece casar ou combinar-se entre as pessoas — então dizemos que são indiferentes entre si. O desenho mostra gente de todas as idades e variados tipos físicos: o velho e o novo, o loiro, o rúbeo e o moreno, pessoas de bem e pessoas suspeitas, gente que fala ou espia o celular, gente que não fala nada, meninas participando de um time de futebol, todas as crianças uniformizadas, pessoas em um enterro, todos ali vestindo luto. Tais personagens são pessoas anônimas que podemos ver, conhecer ou simplesmente esbarrar rapidamente no dia a dia, sem um contorno demarcado, mas com suas variadas cores e expressões no rosto.
O texto verbal que acompanha cada ilustração é uma legenda que sempre indica, dentro de um número cada vez maior de pessoas, as suas pequenas histórias pessoais — são como fagulhas narrativas, uma breve informação — evidenciando quão divergentes são todas as gentes quanto ao que sentem e pensam, aguardam e sonham, caminham lado a lado uma das outras. Quantas pessoas moram na mesma rua que você, e quantas mais na mesma quadra? Quantas ao mesmo tempo frequentam a mesma escola, ou um shopping center? Caberá mais gente em um estádio esportivo, e quantas cruzam as estradas para se aproximarem de outras pessoas? Na quantidade, sabemos, existe a diversidade em um mundo que salta aos números num correr de olhos pelos noticiários, pelas estatísticas, pelas manifestações de inúmeras pessoas que são únicas, mesmo tendo um gêmeo, um sósia! São pessoas ao redor do planeta (e também no espaço sideral) que somam mais de 7,8 milhões de vidas e histórias. Quantas tramas e alegrias conseguimos acompanhar no caótico e colorido dia a dia?