Você sabia que apenas 27% dos autores publicados no Brasil são mulheres? A biblioteca de uma criança precisa ser formada pela diversidade da literatura infantil, abrangendo diferentes temáticas, gêneros literários, estilos de escrita e diferentes vozes de artistas. Por isso, para o mês do Dia Internacional da Mulher, principal incentivadora da leitura e da educação no Brasil, o Clube Quindim selecionou livros de literatura infantil e juvenil de importantes autoras brasileiras de diferentes épocas – porque se é para comemorar a mulher, que ela seja a protagonista.
Pré-leitores
Maré baixa, maré alta
Este livro é um convite para acompanhar um dia da menina Luísa na praia. Uma história de Ana Maria Machado, ganhadora do Prêmio Hans Christian Andersen, que traz, na simplicidade, a poesia do dia a dia. A maré alta limpa a praia toda e deixa a areia lisa de novo, para um novo dia. Assim como uma boa noite de sono, que traz no raiar de um novo dia um recomeço. E como é bom poder recomeçar, diariamente… tudo de novo! A ilustradora Marilda Castanha com seu traço dá movimento e dramaticidade a história.
A curiosidade premiada
Glorinha era uma menina muito curiosa que teve sua curiosidade acumulada e chegou a fazer 200 perguntas por dia. Felizmente Dona Domingas, uma senhora muito jovem, morava perto de Glorinha e sabia como dar um jeito nisso. Nesta obra, o ilustrador Alcy Linares usa a linguagem do cartoon, com traços e estilo muito bem-humorados. É a união entre palavra e imagem que torna este livro divertido e profundo em um clássico da literatura infantil brasileira.
Leitores iniciantes
Quase de verdade
A escritora usa um tom coloquial para contar essa história por meio do personagem-narrador que é um cachorro. Ulísses, cachorro da Clarice, adora latir para sua dona aquilo que aconteceu em suas andanças. Certo dia, ele fez uma visita ao quintal de outra casa, da senhora Oniria, onde encontrou muitos galos felizes, galinhas que botavam muitos ovos e também uma figueira invejosa que não dava figos. Será que o que Ulisses contou à sua dona é verdade? As ilustrações de Mariana Massarani, com seu traço de humor, colaboram para manter um tom de surpresa a cada virada de página.
Menina amarrotada
A menina morava do lado de lá. E lá havia tudo o que ela mais gostava: biscoito, balanço e abraço de pai. Mas o pai um dia viajou pra longe e a menina começou a amarrotar. Por dentro, por fora, o aperto só aumentava. O livro aborda temas difíceis, como a separação e o abandono. São temas importantes porque dialogam, muitas vezes, com as angústias da criança. Aline trabalha a emoção da personagem também com as cores, realçando na narrativa visual as diferentes sensacões e emoções.
Leitor autônomo
Doze Reis e a moça no labirinto do vento
Nesta obra, Marina Colasanti reúne uma série de contos de fadas, que abordam por meio do simbólico temas profundos da natureza humana. Os contos de fada são uma preparação para a criança entrar no mundo dos sonhos, ou seja, o mundo interior. Seus símbolos substituem uma ideia, uma forma de sentir. Nem sempre a criança capta as camadas de leitura mais profundas. Mas a literatura deixa suas pistas, e se num momento inicial a criança lê apenas o aspecto concreto da história, obras como as de Marina Colasanti começam a abrir caminho para a compreensão de novas camadas mais adiante.
Diga Astrasgud
Esta obra reúne onze contos que têm as palavras, os nomes próprios e a língua portuguesa como temas em comum. São situações cotidianas em que um léxico, uma expressão, uma forma de dar um recado podem provocar constrangimento, graça, mal entendido, entre outras confusões e surpresas que os usos da linguagem fazem. O conto que dá nome ao livro é baseado em uma história que a própria autora viveu.
Leitor fluente
Tchau
Tchau reúne quatro contos com narrativas densas, onde Lygia transita com inteira liberdade entre o realismo e o fantástico. Aqui, ela nos fala de paixão, de amizade, de ciúme, separação e da necessidade de criar. Lygia Bojunga é uma das maiores escritoras brasileiras e do mundo. Vencedora do Prêmio Hans Christian Andersen – considerado Nobel da literatura infantil – e do Astrid Lindgren Memorial Award – prêmio dado pela rainha da Suécia.
Pena de ganso
Este livro traz a saga de uma autora que, como muitas meninas, não tem acesso à leitura. Sofre a exclusão na escola por questões culturais, pela discriminação por ser mulher, e por outras questões que são abordadas com maestria pela escritora e pesquisadora Nilma Lacerda. Nilma se utiliza do recurso da metalinguagem – é a linguagem que fala sobre ela mesma, ou seja, a escrita que fala sobre a escrita – para abordar o processo de produção textual. A metalinguagem é bastante utilizada na literatura contemporânea. As ilustrações de Rui de Oliveira corroboram para dar dramaticidade a história.