Muito diferente do que é propagandeado pelos filmes de ficção científica, o futuro contará com habilidades cada vez mais humanas e não plenamente tecnológicas. E não para por aí: há relatórios de tendências, como o caso do documento ”Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, lançado em 2022, que mostra que as competências mais importantes desse futuro no mercado de trabalho serão a criatividade, a flexibilidade e o pensamento analítico. Nesse sentido, áreas que alinham tecnologia e inteligência de dados serão, muito provavelmente, as mais promissoras e desejadas entre os profissionais.
A Covid-19 também potencializou a chegada do futuro do trabalho, segundo especialistas. “A aceleração da automação e as consequências da recessão da Covid-19 aprofundaram as desigualdades existentes nos mercados de trabalho e reverteram os ganhos de emprego obtidos desde a crise financeira global em 2007-2008”, disse, em nota, Saadia Zahidi, Diretora do Fórum Econômico Mundial.
Dentre as competências que surgem nesse contexto de automação, Ana Lúcia de Souza Lopes, doutora em Educação e professora do Curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, disse que elenca a inteligência emocional, a criatividade, a resiliência, a reflexão e o pensamento crítico. ”Para incentivar essas competências é importante uma relação estreita entre a escola e a família, na busca de contextualizar atividades, ações que tenham a ver com o cotidiano da criança e permitam que ela compreenda e possa desenvolver tais competências nas relações com os colegas, com os pais e irmãos. O lúdico é essencial para potencializar o desenvolvimento dessas competências”, afirmou.
Para Lopes, as tecnologias deverão ocupar mais espaços e cargos no futuro, porém, o lado humano será cada vez mais demandado.
Conheça as principais competências do futuro
Inteligência emocional
Essa competência com certeza será essencial no futuro: inteligência emocional é a capacidade de lidar com os próprios sentimentos – e dos outros – sem tanto desgaste, sabe? A gente sabe que não é fácil, mas é possível cultivá-la.
Para Elissandra da Mata, CEO do Instituto RH na Prática e Fundadora da RHP Consultoria, é importante que as crianças sejam criadas para serem seguras emocionalmente com os pais realmente presentes, dando suporte para essas crianças, acolhendo choro com contato físico e acolhimento verbal. ”Crianças emocionalmente seguras tendem a ser adultos emocionalmente seguros”, destacou. Assim, a adaptabilidade e a flexibilidade são competências coringas que podem ser trabalhadas desde a infância.
Criatividade e inovação
Em um mundo que muda rapidamente é essencial que o profissional do futuro saiba propor novas soluções. ”Pessoas que conseguem se adaptar a diferentes situações e empresas ganham tempo de resultado e energia. Ou seja, quanto mais rápido eu me adapto mais rápido eu consigo atender às necessidades da empresa sem sofrer tanto nesse processo”, disse da Mata.
Tomada de decisão
A tomada de decisão é um fator essencial aqui. Isso porque ela se alinha com outras habilidades que chefes de equipe costumam ter, por exemplo. Essa característica pode ser incentivada ainda na infância, com exercícios simples para as crianças, como a tarefa de escolher um brinquedo ou a própria roupa. Trata-se, aqui, de colocar a criança no centro e no controle de sua própria vida.
Pensamento crítico
Esse é um dos exemplos de competência extremamente humana que será demandada no futuro. Para Lopes, o profissional do futuro deverá ser capaz de pensar criticamente para conseguir entender as tarefas e julgar o que é necessário – nesse sentido, as crianças poderão ser incentivadas e desenvolvidas. ”O profissional que tem um pensamento complexo desenvolvido, que compreende as transformações e consegue atuar em ambientes em constantes transformações será essencial”, pontuou.
”Além [da importância da rápida adaptação], eu destaco a customização, visão sistêmica e a colaboração como competências do futuro. Isso porque cada vez mais as empresas deixam de crescer se as pessoas estão fazendo apenas as atividades isoladas em suas áreas”, disse da Mata.
Mas como posso incentivar essas competências desde a infância?
A curiosidade é uma característica presente em praticamente todas as crianças. Elas nascem com essa curiosidade na forma como veem o mundo. E é importante dar vazão a isso. ”O lúdico é essencial para potencializar o desenvolvimento dessas competências”, pontua Lopes.
Ler um livro ou ver um filme também pode ser uma atividade divertida e produtiva para as crianças. Após a atividade, é interessante perguntar para ela o que ela entendeu do que viu e deixá-la explicar com suas próprias palavras. O clube de assinatura Quindim conta com grande especialidade na indicação de livros para as crianças de todas as faixas etárias e pode ajudar você na missão de encontrar livros infantis transformadores e que estimulem o pensamento crítico.
A colaboração também pode ser colocada em prática desde cedo, com a divisão de tarefas, como colocar o lixo pra fora e até ajudar com alguma atividade na cozinha.
São muitas as possibilidades, e o estímulo a essas habilidades pode vir das tarefas mais simples. O impacto, no entanto, é visível e duradouro.