Setembro veio cheio de boas leituras! A seleção deste mês do Clube Quindim, pensando no Setembro amarelo, trouxe diversas reflexões sobre a nossa identidade, sobre autoestima e até mesmo sobre a ditadura da felicidade. São obras que nos fazem pensar em nós e no outro com mais carinho, com mais tolerância e refletir sobre a forma como as expectativas de outras pessoas nos afetam.
Além disso, o lançamento exclusivo do mês permite conhecer melhor o povo Maraguá, seus costumes, suas vivências, sua língua. O Quindim envia obras para conhecer e valorizar a natureza brasileira e todos os seus povos, algo tão importante hoje e sempre.
Livros infantis para falar sobre identidade:
Pré-leitor (0 a 2 anos)
Três desejos para o sr. Pug
O Sr. Pug acordou tarde e ficou muito mal-humorado. Pra piorar, não tinha leite, café ou cereal, e a chuva tinha arruinado o seu jornal. Há dias em que parece mesmo que era melhor nem ter levantado da cama. Lidar com as frustrações é um importante aprendizado – uma experiência com a qual teremos de enfrentar a vida toda. Mas também é importante saber diferenciar as necessidades dos desejos – aquelas sim precisam ser atendidas. E, mesmo no campo do desejo, quem que não quer ser acolhido e atendido em dias ruins como o do Sr. Pug?
Tudo é questão de equilíbrio, e tem horas em que nada melhor do que um colinho, a comida preferida, o desejo atendido.
Bola vermelha
Uma pessoa encontra uma bola vermelha. O que será aquilo? Procurando daqui e dali, ela compara o objeto com formas do mundo até devolver a bola ao seu devido lugar. Este livro quase não tem texto, traz apenas algumas onomatopeias que reforçam a expressão do personagem.
A autora brinca com os enquadramentos das imagens, com a aproximação e o distanciamento, criando expectativa a cada comparação que o personagem faz entre a bola vermelha e o que vê ao seu redor. É um convite para uma leitura divertida e cheia de surpresas.
Leitor iniciante (3 a 5 anos)
Uma canção de urso
Ursinho viu uma abelha e não teve dúvidas, foi atrás. Papai Urso vai procurá-lo pelo livro todo e o leitor é convidado a fazer o mesmo. As ilustrações de Benjamin Chaud são ricas em detalhes e contam muitas outras histórias que não estão presentes no texto escrito. É um livro para ler muitas vezes e passar muito tempo curtindo as narrativas de cada página dupla.
Benjamin Chaud criou esta obra logo após o nascimento de seu primeiro filho. Na verdade, primeiro ele criou um cartaz sobre uma ópera, mas que também falava do nascimento de seu filho. Gostou tanto do resultado que resolveu fazer um livro inteiro com ilustrações detalhadas como no famoso livro Onde está Wally? Deu tão certo que o livro já foi publicado em vários países.
Boniteza silvestre
Nos poemas de Lalau, poesia e informação se encontram de maneira lírica e delicada. Eles têm um ritmo e uma musicalidade que tornam a leitura muito divertida. Além disso, no texto os leitores podem encontrar algumas pistas sobre o animal homenageado, seu habitat e suas características.
O formato alongado do livro dá destaque e espaço para as lindas ilustrações da artista plástica e ilustradora Laurabeatriz. A dupla Lalau e Laurabeatriz já publicou mais de 60 livros juntos. O primeiro foi Bem-te-vi e outras poesias, em 1994. A fauna, a flora e o folclore brasileiros são temas recorrentes em seus livros, com os quais já ganharam muitos prêmios.
Leitor autônomo (6 a 8 anos)
Guayarê: o menino da aldeia do rio
Este livro conta uma história, mas não é uma história inventada. O personagem pode até não ser real, mas, a partir dele, o autor nos traz informações sobre uma realidade que talvez não conheçamos. O pequeno Guayarê fala de seu povo, de seu cotidiano e das suas brincadeiras. Os Maraguá vivem na Floresta Amazônica, assim como aproximadamente 50% dos quase um milhão de indígenas brasileiros. Mas grande parte dos brasileiros pouco conhece sobre eles. Conhecer outras culturas como essa amplia nosso universo, nos fazendo entender a pluralidade de realidades e olhares sobre o mundo.
Nesta obra bilíngue, os textos são apresentados tanto em português quanto em Maraguá. Muitas línguas indígenas brasileiras originalmente não eram escritas, eram aprendidas e repassadas apenas oralmente. Criar um registro escrito, definindo as regras gramaticais, é um passo importante para a preservação dessas línguas e, por consequência, desses povos.
Meu filhote dragão
Um dia Jorge encontra um ovo enorme no galinheiro e resolve cuidar dele. Do ovo nasce um dragão! De uma hora pra outra, Jorge vira pai! E ele é responsável e quer ensinar tudo o que um filho, quer dizer, um dragão precisa para viver, inclusive atormentar donzelas.
Em Meu filhote dragão, o autor faz referências a várias histórias em que o dragão aparece em seu papel mais conhecido: ele cospe fogo, atormenta donzelas, voa e enfrenta cavaleiros. Na verdade, Jorge se preocupa em educar o dragão para que ele saiba cumprir este papel, apesar de logo de cara ter perdido o medo do seu filhote. Mas, ao longo do livro, nós também percebemos que a história não é bem assim.
Leitor fluente (9 a 12 anos)
Konrad: o menino da lata
Dona Bartolotti vivia uma vida tranquila tecendo tapetes, comprando coisas pelo correio e saindo com o namorado duas vezes por semana. Um dia o carteiro traz uma lata e de dentro dela sai um filho. E a partir daí nascem uma mãe, um pai e uma família. É a história de Konrad, um menino fabricado que chega literalmente enlatado. Cheia de situações “malucas” a obra agrada as crianças e os adultos. Nela podemos refletir sobre as expectativas que colocamos nas crianças, o que consideramos como bom comportamento, o que é um defeito.
A história acontece no mundo real, com personagens bizarros porém reais e em que a ideia de um menino fabricado é aceitável. Mas sua origem, criação e personalidade não correspondem à lógica da realidade e este é ponto de partida para os conflitos e para muitas situações engraçadas durante a narrativa.
Inveja
Mariinha mora na fazenda, Roberta mora na cidade. Elas só se encontram nas férias escolares. Mariinha adora brincar com a amiga, mas não gosta muito quando outra menina vem da cidade para brincar junto com elas. Inveja tem a ver com comparação, com enxergar no outro aquilo que gostaríamos de ser ou ter, mas não nos sentimos capazes. Segundo especialistas, o ser humano aprende a lidar com a inveja de maneira mais madura ao longo da vida, conforme vai se conhecendo mais. Trata-se de um sentimento que está ligado diretamente à autoestima.
Por isso a importância de se conversar sobre os sentimentos, percebê-los e entendê-los, nomeá-los. A literatura torna-se assim um ótimo instrumento para ajudar nesse processo.