Numa certa manhã, a senhora Coelha precisa fazer compras e destina seus quatro filhos a um passeio nos campos ou até mesmo junto à estrada, e lhes atenta para o perigo que seria entrar na horta do senhor MacGregor: “Seu pai sofreu um acidente lá: ele virou o recheio de uma torta que a senhora MacGregor fez!”
Pedro, entre os quatro coelhinhos, deseja chegar à horta tão temida. Ataca alfaces, vagens e rabanetes. Come tanto que passa mal. E tem de correr muito para escapar das garras do dono da horta. Sua fuga é desesperadora! Por um momento, o leitor pode pensar que tudo está perdido.
À moda da época, a voz narrativa dessa história soa como uma lição de moral, mas o diálogo entre texto e imagens é tão inteligente e sutil que A história de Pedro Coelho deve mesmo ser celebrada. A suavidade das ilustrações abraçando a crueldade dos fatos narrados podem despertar sentimentos diversos nos leitores. E, se há algo que a literatura propõe, é tocar as pessoas.
E que especial haver uma edição comemorativa na língua portuguesa, produzida no Brasil. Para além da obra, a celebração se dá ao que representa a artista que rompeu com muitos padrões de comportamento na Inglaterra de séculos passados. Uma mulher que lutou pelo seu ofício e pelo feminino, o que, claro, vem reverberando até nossos dias.