Ícone do site Revista | Clube Quindim

Videogame: quando deixa de ser diversão e se torna um problema?

Videogame. Benefícios e malefícios

Crianças e adolescentes hipnotizados em frente a telas de videogame. Antes da pandemia o cenário já era comum, depois, então, nem se fala. Em outubro do ano passado, foi divulgado o estudo Game Brasil 2021 (PGB) que trazia um contexto sobre o consumo de jogos no país: aumento em 75%, devido ao isolamento, quando comparado com o ano de 2020. A partir desse cenário, o Clube do Quindim bateu um papo com a psicóloga Keila Outeiral sobre os cuidados e os sinais relacionados a esse mundo. Confira:

Clube Quindim: A partir de qual idade a criança pode jogar videogame e por quê?

Keila Outeiral: O uso de jogos de videogame e apps deve ser supervisionado pelos pais e cuidadores, para garantir que o conteúdo dos jogos seja compatível com a fase do desenvolvimento da criança. Sendo assim, é fundamental respeitar a idade recomendada em cada jogo. É importante destacar, ainda, que antes dos dois anos não é recomendado o uso de nenhum eletrônico. Nesta fase, acontecem os primeiros processos de aprendizagem sobre o mundo ao seu redor, sinapses e conexões cerebrais acontecem a todo vapor, e é importante que essas primeiras aprendizagens sejam produto de experiências táteis, da audição ligada aos movimentos, da vida acontecendo no aqui e agora e não por uma tela. Pensemos, por exemplo, numa criança brincando com um cubo. Ela o vira, toca, derruba, sente o peso, escuta o barulho que faz. São estímulos necessários e bem diferentes de estar frente a uma tela, onde há informações também, mas que não proporcionam experiências e vivências desejáveis para essa fase da vida.

Veja também: Os perigos do uso dos tablets, celulares e telas por crianças

C.L.: Quando deixa de ser diversão e se torna um problema?

K.O.: O uso de videogames e apps passa a ser um problema quando outros contextos da vida da criança passam a não funcionar direito. Como o convívio familiar, o desempenho escolar, a socialização, a regularidade do sono, a rotina diária. É quando os eletrônicos passam a tomar espaço do restante da vida das crianças. Isso se torna um grande problema.

C.L.: O que causa o vício em videogames?

K.O.: Os jogos eletrônicos oferecem recursos audiovisuais requintados, intensos e altamente sedutores. A região do cérebro acionada é a da recompensa e prazer, a mesma acionada pelo uso de algumas substâncias químicas. É um estímulo muito potente.

Veja também: Os perigos da internet e como garantir uma navegação segura para as crianças

C.L.: Quais são os sintomas/características do vício em jogos das crianças?

K.O: Os sintomas que indicam que o uso dos jogos é excessivo são falta de interação social da criança, falta de interesse em outras atividades, desregulação do sono, irritabilidade, mudanças negativas no desempenho escolar, dificuldade de concentração, entre outras.

Veja também: Netspeak, como o internetês influencia o aprendizado das crianças

C.L: Quais os efeitos e o tratamento?

K.O.: Os efeitos do vício em jogos acontecem no ambiente externo, quando os estudos e a rotina ficam prejudicados, quando a criança passa a não participar de outras experiências importantes com a família e os amigos. E acontecem também no mundo interno da criança já que, muitas vezes, por estarem a maior parte do tempo absorvidas pelos jogos, as crianças não treinam habilidades sociais e começam a sentir-se inseguras, tímidas, com dificuldades relacionadas à autoestima e à autoconfiança. O tratamento deve começar em casa. Os pais e cuidadores devem envolver a criança na solução do problema. Fazendo com que ela entenda as consequências do uso abusivo dos jogos e buscando novos acordos a serem cumpridos. Se estiver difícil, a psicoterapia infantojuvenil poderá auxiliar bastante, tanto a criança quanto a família.

Créditos

Keila Outeiral CRP: 01/10863

Instagram: @keila.outeiral

APROVEITE ESTE MOMENTO PARA INCENTIVAR A LEITURA!


Sair da versão mobile