Ler é fundamental. E nós do Clube de Leitura Quindim acreditamos tanto no poder da leitura que não cansamos de ressaltar os motivos para amar os livros. Afinal, a leitura contribui para o desenvolvimento da criança, amplia o vocabulário, estimula a criatividade e favorece a empatia. Apesar de ser uma experiência rica e divertida, há crianças que não gostam de ler.
De acordo com Elizabeth Sanada, doutora em psicologia e professora do Instituto Singularidades, esse fenômeno está relacionado ao contexto da leitura em casa e na escola: “O que se trabalha com a criança nos anos iniciais forma repertório. Se no espaço familiar a leitura for presente desde cedo, é mais fácil que a criança desenvolva interesse por ler”. O papel da família, aliás, é o mais importante nesse processo. Desde a primeira infância, o ideal é que os livros sejam apresentados no ambiente familiar do pequeno. “Os próprios pais precisam ver a leitura como algo que acrescenta à criança e à família. Fica difícil mostrar que leitura é importante se o pai ou a mãe não acham que pode trazer prazer e agregar ao repertório”, explica Elizabeth.
Como despertar a paixão por livros nas crianças que não gostam de ler
1. Crie uma rotina
Ler com seu filho pode ser um ritual poderoso. Não só estreita os vínculos de afeto como promove um momento de diversão que desperta a paixão por livros. Proponha a prática de ler em família três vezes por semana, por exemplo.
2. Ofereça variedade
Se a criança não gosta de ler, pense no tipo de literatura que você está oferecendo. Mostre títulos clássicos, contemporâneos, textos simples e complexos, com mais ou menos ilustrações, poesia, prosa e lendas. Com maior variedade, o pequeno tem mais chance de construir suas preferências.
Veja também: Ler o que gosta é tão importante quanto a leitura escolar e deve ser incentivado
3. Mostre que ler é prazeroso
É importante mostrar que a leitura não é algo meramente funcional. Ler proporciona diversão e prazer, não pode ser visto como um dever. Ajudar a criança a encontrar suas preferências pode ser fundamental nesse processo também.
Veja também: Literatura como prazer: como incentivar a leitura além da obrigação
4. Crie um diário
A troca entre vocês na hora da leitura enriquece muito esse momento. Depois de ler, vale conversar atentamente com a criança e ouvir o que ela tem a dizer. Uma ideia interessante é usar um diário, como o que o Clube de Leitura Quindim disponibiliza, para registrar as impressões da leitura.
5. Fique atento durante a fase da alfabetização
Enquanto os pequenos ainda não sabem ler, muitos de nós, pais e mães, lemos histórias para eles. Criamos, assim, aquele delicioso clima de afeto fundamental para que a criança se desenvolva e para que adquira interesse pela leitura. Pequenos que vivenciam essa rotina com frequência demonstram esse amor pelos livros e seguem pedindo aos adultos próximos que leiam histórias.
O cenário muda, entretanto, quando a criança entra na fase da alfabetização. No intuito de apoiar o filho nesse importante aprendizado, os pais acabam trocando a leitura compartilhada pelo estímulo de que a criança leia sozinha os livros que consegue, ou para que se leia em conjunto – quando um adulto lê uma página, e a criança lê outra, por exemplo, estimulando a leitura autônoma. Acontece que o momento de aquisição das competências de ler e escrever é bastante desafiador para a criança, e o que antes era prazer, se não for cuidado, pode se transformar em obrigação. Resultado: a criança pode deixar a leitura de lado.
E se você quiser saber mais sobre a fase da alfabetização, pode conferir em nosso blog 11 atividades de alfabetização e letramento, 10 livros para a fase de alfabetização e por que ler com uma criança já alfabetizada: veja 5 razões.
Veja também: 10 livros para a fase de alfabetização
6. Veja se a criança não está com vergonha de ler
Sabemos também que, a partir dos 6 anos, quando a criança começa a tomar contato com a alfabetização, e mais tarde, quando vai se desenvolvendo rumo à pré-adolescência, ela pode ficar suscetível à opinião dos colegas. Ao ouvir, por exemplo, que “ler é chato”, o pequeno que tem prazer na leitura pode se sentir envergonhado com o seu gosto e passar a escondê-lo ou refutá-lo.
Cabe, aos adultos próximos, ter cuidado e tecer diálogos afetuosos com a criança: falar sobre a importância de ler, dos prazeres de ler, de que aquela prática, então desafiadora, vai se tornar mais fácil, e de que não é vergonha alguma fazer o que se ama.
Para driblar essa situação, é importante também que os pais respeitem o tempo dos filhos e esse desafio, evitando forçar a criança a ler, o que pode aumentar sua resistência diante desse hábito. Se possível, leve-a a espaços agradáveis que promovam a leitura, como bibliotecas e livrarias, permita que ela se aproxime dos livros que mais a interessem e deixe que, em seu tempo, ela vá recuperando ou adquirindo o prazer diante da descoberta de histórias. Compreender o espaço do seu filho e seus processos é um dos maiores desafios da criação, mas também um dos maiores presentes que podemos dar a eles.