Vamos imaginar o seguinte: você e suas crianças já fazem parte da Família Quindim, seu filho gosta de ler e há, até mesmo, uma rotina de leitura bem estruturada na sua casa, que pode ser no final da tarde, de manhã cedinho, antes de dormir ou nos fins de semana, por exemplo.
A criança já demonstra ter seus temas de interesse, vocês conversam sobre as histórias, leem juntos e compartilham momentos de muita conexão e afeto. Mas eis que, um dia, vocês recebem o pacotinho com os livros do mês selecionados pelo Quindim para a faixa etária do seu filho e ele parece não demonstrar nenhum interesse pela história recebida. O que fazer?
Existem muitos fatores que podem desencadear esse comportamento e que podem, inclusive, ser relativamente simples de resolver, como situações momentâneas, como fome, sono, vontade de ir ao banheiro e ansiedade para brincar ou sair para passear. Mas, e se não for nada disso e a criança realmente não estiver interessada em ler aquele livro específico?
Quando o livro não desperta interesse e curiosidade imediata
Primeiro, vale pontuar que não é preciso forçar a barra com determinado título. Tá tudo bem a criança não apreciar todos ou os mesmos livros que os pais. No entanto, sempre vale a pena entender as razões.
Se você fez a “checagem geral” para sanar as questões que podem estar incomodando sua criança e impedindo que ela se concentre na leitura e, ainda assim, o livro não desperta interesse, temos algumas dicas que podem ajudar.
Rafaela Rodrigues é pedagoga formada pela UniRio e pós-graduada em Neurociências Aplicadas à Aprendizagem pela UFRJ, com muitos anos de experiência em sala de aula. Por isso, quando o assunto é despertar a curiosidade das crianças para os livros, além de prática ela tem uma série de técnicas também.
Rafaela começa falando sobre a importância de tentar entender o motivo de a criança não querer ler um livro específico, em vez de apenas presumir. “Existe mais de um fator que pode acabar gerando desinteresse. Depende muito da faixa etária da criança, dos assuntos… É importante perguntar o porquê que essa criança não quer ler e negociar com ela a leitura” explica.
Depois de compreendida a situação, mães, pais, professores e cuidadores podem tentar retomar o livro em outro momento. Para isso, Rafaela explica que a ludicidade é um recurso excelente e que costuma trazer resultados muito positivos. “Pode ser a encenação da história, uma outra entonação, uma toalha que se transforma em capa, ou até procurar em casa objetos que possam se transformar num cenário para realizar uma leitura diferente” diz Rafaela.
“Em uma leitura compartilhada, a criança pode se tornar um personagem, contar histórias para as bonecas, fazer uma plateia e dizer quem vai fazer parte desse espetáculo. Isso ajuda muito na questão da oralidade também, da timidez. E montar esse espetáculo em uma parte da casa que a criança escolheu, mesmo que seja debaixo do chuveiro, faz com que seja algo marcante e que ela jamais vai esquecer. A ludicidade sempre vai vencer”, complementa a professora.
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6 dicas práticas para dar segundas (ou mais) chances para os livros
Confira algumas técnicas que você pode experimentar para despertar a atenção da criança para um livro específico.
1. Observe os sinais
Se a criança não está disposta a ler naquele momento, respeite. Assim como acontece conosco, pode ser que ela prefira ler um outro tipo de história naquele momento, ou que queira ler novamente uma de suas obras favoritas. Forçar a barra pode criar uma resistência ainda maior, e não é isso o que queremos, certo?
2. Conte a história
Se a criança não quiser pegar o livro por conta própria, que tal montar um teatrinho com fantoches ou fazer uma contação oral com vozes bem caprichadas? Seu empenho pode despertar a curiosidade do pequeno para a narrativa. Para ajudar, você pode até mesmo usar alguns dos bichinhos de pelúcia e bonecos favoritos do seu filho nesse processo.
3. Visite uma biblioteca ou livraria
Durante a visita, você pode procurar o livro recebido e, junto da criança, encontrar pontos em comum entre ele e outras obras, como o mesmo autor, ilustrador ou tema geral. Assim, de uma maneira bem sutil, será possível mostrar para as crianças como aquele livro também é interessante e tem bastante potencial. Vocês podem até mesmo ler a história na livraria, voltando para casa com um gostinho de quero mais.
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4. Pesquise por vídeos de contadores de história no YouTube
Será que o livro em questão já foi lido por algum contador de histórias? Que tal pesquisar? Existem vários contadores de história super legais que podem ajudar nesse processo de despertar a atenção para uma determinada obra – ou várias!
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5. vamos compartilhar histórias?
Com esse recurso, você escolhe um livro que será contado para a criança, e ela escolhe um livro que será contado para você. Mas o desafio aqui não é ler a história um para o outro, e sim falar sobre ela.
Para isso, os livros deverão ser lidos com antecedência e vocês podem marcar um encontro literário, em que vão conversar sobre a narrativa, falando sobre o que acontece, que personagens aparecem, qual foi a parte mais interessante, se algum acontecimento deu medo ou fez gargalhar… Se seu filho não quiser ler o livro em questão, você mesmo pode fazer isso. Depois, vocês combinam de trocar as obras entre si. Aqui, vale convidar irmãos, primos, amigos da escola e quem mais vocês quiserem!
6. Tenha paciência
Você já deve ter percebido que, quando a questão são as crianças, raramente as coisas acontecem da maneira como imaginamos. Mas, muitas vezes, elas acontecem de um jeito ainda melhor! Então, tenha calma e respeite o momento do seu filho. Pode ser que o livro não desperte a atenção agora, mesmo com todos os recursos e técnicas que sugerimos aqui, mas isso não significa que ele nunca será lido.
Mas e se for uma tarefa da escola?
Uma certa persistência, com muito respeito e calma, pode ser bastante proveitosa até mesmo para ensinar que existem coisas na vida que precisamos fazer mesmo sem gostar muito. Rafaela Rodrigues fala sobre como, com as crianças maiores, pode acontecer de um professor pedir uma atividade com alguma leitura que a criança não tenha escolhido, por exemplo. Então, será preciso fazer um trabalho de programação: se precisamos ler esse livro em tantos dias, quantas páginas por dia serão necessárias para alcançar o objetivo?
Afinal, também é nosso papel mostrar para as crianças que ninguém faz apenas aquilo que gosta e o que quer, mas é totalmente possível fazê-lo de maneira empática, respeitosa e gentil. “Isso ajuda na organização de outras tarefas da vida e do dia a dia, em que nem sempre vamos querer fazer mas, se estivermos com tudo bem ajeitadinho, será possível dar conta de realizar coisas que são necessárias, mas nem sempre são prazerosas”, finaliza a pedagoga.
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Quando um livro não desperta interesse das crianças, procure novas opções para aquele momento. Conheça 3 livros já enviados pelo Clube Quindim que fizeram sucesso entre os pequenos leitores!
