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Você sabe como oferecer uma educação antirracista para o seu filho?

Educação antirracista

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, nos diz Angela Davis. Mas o que isso quer dizer na prática?

Você sabe o que é ser antirracista?

Para falarmos de uma educação antirracista, precisamos primeiro entender o que é ser antirracista. A famosa frase “não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” da filósofa, escritora, professora e ativista Angela Davis diz muito sobre qual é o nosso papel para, de fato, conseguirmos mudar as estruturas dessa sociedade ainda tão racista. Para ser antirracista, a pessoa precisa se inserir em ações propositivas e oposição ativa ao racismo. Como? Questionando pautas que normalizam atos racistas, desde os mais escancarados aos disfarçados – como a ausência de pessoas pretas em locais frequentados geralmente por pessoas brancas.

O constante incômodo também faz parte de um indivíduo antirracista. É preciso se incomodar com políticas públicas que excluem pessoas pretas, que tiram delas o poder de consumo, o poder de transitar em todos os lugares. É preciso se incomodar com crenças, comportamentos e quaisquer valores que fortaleçam a discriminação.

A educação antirracista começa de casa

O racismo é estrutural no Brasil e está presente em todos os lugares, o tempo todo. Portanto, criar crianças antirracistas é o único caminho pra construção de um futuro um pouco diferente – quando falamos “um pouco” sabemos que ainda precisam vir muitas novas gerações para mudar de fato um comportamento tão naturalizado na nossa sociedade.

Por onde começar? Dentro de casa, obviamente. Primeiro, pais, cuidadores e familiares que convivem com os pequenos precisam adotar o comportamento antirracista para que os questionamentos, ações e inquietudes sejam naturalizadas pelas crianças. Nada mais simples para elas do que ver e seguir o comportamento de pessoas próximas. Pessoas brancas também podem e devem observar seu círculo de amizades e no trabalho: há pessoas pretas em seu convívio? Seus filhos convivem com pessoas pretas na escola, na vizinhança? Essa pergunta pode parecer simples, mas diz muito sobre o racismo estrutural. Procure entender a História e as pessoas que estão na condução de uma empresa ou um serviço. Reconhecer e consumir a cultura e produções da população preta é um outro passo importante, como ler com seu filho livros infantis com personagens negras.

Veja também: A importância da autoestima da criança negra

E a educação antirracista na escola?

Com o objetivo de silenciar as matrizes africanas e indígenas no Brasil, a nossa História recebeu forte influência europeia, trazendo às escolas paradigmas educacionais que não valorizam a cultura brasileira. Pais e cuidadores precisam entender e questionar nas escolas de seus filhos se são abordadas histórias afro-brasileiras. Procure saber, por exemplo, se no ambiente escolar a Lei 10.639/03, que afirma ser obrigatório o ensino da História e cultura africana e afro-brasileira, está sendo cumprida.

Esse é um dos mecanismos importantes para corrigir esse cenário e mudar a forma de educar. Em caso de escolas particulares, faça o exercício e pergunte até mesmo para a gestão em relação à quantidade de estudantes negros na escola, pois um espaço que exclui pessoas negras apenas alimenta o racismo estrutural. Na escola, há o debate sobre racismo e, consequentemente, sobre o antirracismo? Entender nosso papel nessa construção e assumir que o Brasil é um país que tem um projeto muito bem estruturado que visa ao silenciamento das discussões raciais são passos importantes.

Toda a rede de gestão educacional, incluindo os professores, precisa ampliar a diversidade e conhecimento para a descolonização do Brasil. Há um caminho longo ainda para o reconhecimento da sociedade sobre a importância de ser antirracista. Mas as direções estão à nossa frente. Basta olhá-las com carinho, respeito, empatia e verdadeiro desejo de mudança para um mundo um pouco melhor. Nossos pequenos agradecem!

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