Quem nunca presenciou brigas entre irmãos? Se você não for filho único, inclusive, é muito provável que já tenha participado de algumas delas ao longo da sua vida, principalmente na infância.
É verdade que ver crianças pequenas brigando e discutindo passa longe de ser uma das situações mais agradáveis do mundo. Porém, se às vezes até os adultos brigam com seus irmãos, como ajudar os pequenos a manter o autocontrole e a paciência e evitar esse tipo de problema?
Não existe uma receita de bolo, mas algumas sugestões podem ajudar bastante a minimizar e evitar algumas brigas entre irmãos. Nos acompanhe neste artigo!
É normal ter brigas entre irmãos?
Sim, totalmente normal. Como dito anteriormente, isso não significa que a situação deve ser permitida sem a intervenção e a mediação de um adulto responsável, mas é algo comum de acontecer.
E não sou eu quem diz isso, mas, sim, a ciência. Este estudo, por exemplo, relata que os conflitos entre irmãos acontecem, em alguns casos, até 8 vezes por hora!
Sim, você não leu errado. De acordo com esses dados, retirados de estudos científicos de 1985 e 1986, ao considerar um período de 16 horas (tirando as 8 horas de sono), ter 128 brigas por dia ainda coloca a situação em um nível “normal”.
Viu como seu caso pode não ser tão grave quanto parece?
Brincadeiras à parte, chegou-se a este número há mais de 35 anos, imagine como seria a situação nos dias de hoje, em que nossa atenção fica ainda mais dispersa entre tantas coisas que acontecem ao mesmo tempo, o que pode potencializar as chances de conflitos.
Lembra quando vimos acima que adultos continuam brigando? Pois é, isso também foi comprovado estatisticamente, como destacado pelo jornal inglês Daily Mail.
A pesquisa, feita com 2.000 britânicos adultos, mostrou que 51% dos britânicos mantêm um relacionamento competitivo com seus irmãos – ou seja, a maioria deles.
As 10 áreas em que os irmãos são mais competitivos são as seguintes:
- Sucesso na carreira
- Sucesso com a casa (quem comprou a casa primeiro, quem tem a casa maior etc.)
- Quem é o filho favorito (acredite, é verdade)
- Destinos de férias
- Sucesso nos esportes
- Habilidades na cozinha
- Quem dirige melhor
- Quem tem as melhores notas na escola/faculdade
- Impressionar os pais com presentes
- Habilidades maternas ou paternas
Tá vendo só? Ora, se até os adultos, com mais maturidade e equilíbrio emocional, continuam brigando, não seria possível esperar algo diferente de brigas entre irmãos menores.
Veja também: 4 livros que ajudam na relação entre irmãos.
Como diminuir e evitar as brigas entre crianças pequenas (de 2 a 8 anos)?
Quando estamos lidando com brigas entre crianças pequenas, há algumas dicas que podem ajudar:
- Busque entender os motivos dos pequenos. Às vezes, a agitação da situação impede que olhemos com carinho e atenção aos motivos que levaram os pequenos a discutir. Algumas vezes eles farão sentido, outras não, mas as crianças devem ser ouvidas e se sentir importantes. Afinal, às vezes, o que elas querem é atenção, e uma das formas que encontram de atrair essa atenção é justamente com as brigas entre irmãos.
- Defina regras claras na família. Os pequenos devem saber o que é permitido e o que não é, e se isso ainda não acontece em sua casa, este é um bom momento para colocar as regras do jogo. Envolva os pequenos nessa definição, escreva as regras e deixe-as em um lugar fácil de ver, como na porta da geladeira. Com esse “regulamento” montado, seguir as regras ficará bem mais fácil.
- Defina rotinas. Quando se tem bem definido a hora de acordar, comer, estudar, brincar, tomar banho, a rotina do sono e de outras atividades cotidianas, torna-se mais fácil assimilar tudo isso. É importante que as rotinas considerem horários para cada pequeno (por exemplo, se são 3 filhos, João pode escolher o programa de TV das 17h às 17:20h; José das 17:20h às 17:40h; e Joana das 17:40h às 18h). Se cada um tiver o seu lugar, tudo fica mais fácil.
- Deixe os pequenos se resolverem. Assim como as crianças entraram na briga, elas também podem sair dela. É claro que às vezes precisaremos atuar diretamente no conflito, mas há casos em que alguns momentos já são suficientes para que tudo volte aos trilhos. Observe com atenção e veja como eles reagem, pois a situação pode ser resolvida ali mesmo, do jeitinho deles.
Veja também: Tarefas para crianças: como os pequenos podem ajudar na rotina familiar (por faixa etária).
Como diminuir e evitar as brigas entre crianças maiores e adolescentes (de 9 anos para cima)?
Ainda que a idade passe, as discussões continuam existindo. Porém, as formas de lidar devem ser diferentes, mais adequadas a cada faixa etária.
Por exemplo, se são dois irmãos com 13 e 11 anos, respectivamente, eles já têm mais autocontrole, autonomia e equilíbrio para analisar a situação de maneira racional e, então, entrar em um consenso um com o outro.
Portanto, conforme o tempo passa, o que vale é lidar com a situação com um comportamento que seja adequado à idade. Nessa fase, conversar e discutir (no sentido de conversar de maneira saudável) devem ser seus aliados.
Como vimos anteriormente, o crescimento não é garantia de que não haverá mais brigas. Porém, quanto maior é a faixa etária, maior também tende a ser a condição de colocar a situação de volta nos trilhos.
A última dica dada acima, de deixar que os envolvidos se resolvam, tende a funcionar ainda melhor conforme eles ficam mais velhos. Porém, ainda assim, seu papel como adulto segue sendo o de mediador – e este deve se manter durante toda a sua vida, diga-se de passagem.
Afinal, como já diria minha mãe, “mãe é para a vida toda” – e o mesmo serve para os pais, é claro.
Leia também: Mudanças de comportamento nas crianças e adolescentes: como lidar?
Como os adultos podem manter a paciência e o autocontrole durante as brigas entre irmãos?
A situação não passa só pelos pequenos. Afinal, por mais que seja normal, nós, como adultos, temos uma responsabilidade enorme nas mãos durante as brigas entre irmãos.
Algumas sugestões podem ajudar nas tratativas das brigas e discussões entre crianças pequenas ou maiores:
- Converse com outros pais. A experiência é uma bagagem muito valiosa para lidar com os filhos, e não poderia ser diferente quando o assunto envolve brigas e discussões. Escolha aqueles pais que você tem como exemplo e busque conselhos de como eles lidam com essas situações.
- Leia, estude e se prepare. A internet está aí, ao alcance de nossos dedos, com ótimos conteúdos para ajudar os pais a aprenderem como lidar com seus pequenos em relação a uma série de assuntos, inclusive as discussões e brigas. Não podemos deixar de falar aqui sobre a Revista do Quindim, com centenas de conteúdos preparados com amor e carinho para você, mas também há várias outras fontes confiáveis em que você pode se inspirar para aprender a lidar melhor com os pequenos.
- Lembre-se de que você também foi criança. Independentemente de ter tido irmãos ou não, você se lembra de como era seu temperamento e suas reações quando era pequeno, não? Pois bem, o que você está vendo agora é quase como um espelho diante de seus olhos, com a diferença de que você agora está do outro lado do campo, como adulto. Isso não significa que não se deve intervir para ajudar a resolver a discussão, mas entenda que isso também faz parte do amadurecimento das crianças.
- Lembre-se de que você é um exemplo. Se os pais ou responsáveis querem que os filhos sejam calmos e tranquilos, isso dificilmente irá acontecer caso vejam os adultos brigando e discutindo o tempo todo. Seja o exemplo que você quer que eles sigam e, quando agir de maneira errada, chame as crianças e peça desculpas a elas – afinal, estamos longe de ser perfeitos.
O desafio da parentalidade é delicioso, mas também tem seus momentos mais complicados. É neles que evoluímos e crescemos como pais, cientes de toda a responsabilidade que temos em nossas mãos, de criar seres humanos plenos, responsáveis e preparados para lidar com seus desafios.
As brigas entre irmãos fazem parte disso e é através da nossa ajuda que os pequenos podem se entender cada vez mais. Às vezes isso ainda vai acontecer, é claro, mas, como diz aquele velho ditado, a prática leva à perfeição.