Todos os meses, os curadores do Clube de Leitura Quindim escolhem, com muito carinho, os livros infantis que toda criança precisa conhecer. Para o mês de fevereiro foram escolhidos histórias apaixonantes. Na lista você vai encontrar autores brasileiros consagrados como Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque, Origenes Lessa e Ziraldo.
Pré-leitores
Muito cansado e bem acordado
Crianças não querem dormir no horário que o adulto estabelece. Muitas vezes, mesmo cansadas, o sono não chega. O que fazer quando isso acontece? A escritora brinca com diferentes onomatopeias – figura de linguagem que reproduzem, com um fonema ou palavra, o som natural das coisas. Os personagens ganham maior destaque com o uso criativo de cores chapadas, apresentando uma leitura e domínio dos elementos gráficos como força narrativa. Esta é uma história divertida pra ser contada antes que a criança queira fugir da cama.
Ladrão de galinhas
Livros como Ladrão de galinhas trabalham o olhar do leitor para a construção de uma narrativa somente com imagens. Ao virar uma página, nos surpreendemos com a mudança de cena, com os personagens, com os movimentos, com o deslocamento do nosso olhar. Temos, por exemplo, que preencher com nossa imaginação o espaço do tempo que está sub-entendido entre as cenas. Cada imagem nos remete a diferentes sensações.
Leitores iniciantes
Os saltimbancos
Os Saltimbancos virou um clássico da literatura infantil. Nessa fábula, quatro amigos resolvem superar seus problemas e buscar aquilo com que realmente sonham. Aos poucos os personagens revelam ao leitor a importância da amizade, de estender a mão para o outro, de buscar melhores condições de vida e de lutar para realizar os seus desejos. Uma peça teatral que estreou no palco em 1977, no Rio de Janeiro, e continua atual, ajudando crianças e adultos a fazer uma leitura crítica da sociedade.
Comilança
Nesta obra, Fernando Vilela apresenta os animais da Floresta Amazônica em uma cadeia alimentar com final bastante inusitado. Por causa da repetição da estrutura das frases, junto com a sedução das rimas, esta obra torna-se uma deliciosa leitura para aqueles que estão adquirindo vocabulário e aprendendo as primeiras letras. Isso porque fica fácil memorizar o texto durante a leitura compartilhada, incentivando a participação da criança.
Leitor autônomo
A ilha
Este livro traz uma reflexão sobre a invasão de tendências, maneiras e costumes. Muitas vezes, supervalorizamos uma cultura estrangeira, criando um desejo na sociedade de consumir essa cultura a preços bem altos, como o de abrir mão dos nossos recursos naturais e da nossa própria cultura. Para esta ilha, a ilustradora Yara Kono brinca com as formas geométricas, criando cenários, personagens e dando movimento à história com recortes e texturas.
O menino e a sombra
Quando Pedrinho repara na própria sombra, é como se ele reparasse na própria existência. Perceber a si mesmo é fundamental para o autoconhecimento. Quando nos tornamos mais conscientes sobre nós mesmos, nos tornamos mais conscientes sobre nossas escolhas e, assim, cidadãos mais autônomos. Para isso, é necessário reconhecer nossos “defeitos”, “falhas” ou simplesmente vergonhas, encarando-nos de frente. O ilustrador trabalha em ângulos que favorecem as silhuetas das sombras. Os tons mais suaves e terrosos, característicos deste ilustrador, trazem também uma ambientação nostálgica, de um tempo de brincar na rua que quase não existe mais nos grandes centros urbanos.
Leitor fluente
História de dois amores
Nesta história de elefantes e pulga, o tamanho é relativizado. Aqui importa o tamanho da ação, da iniciativa, do pensamento, da sabedoria e da amizade. Assim, uma pulga é tão grande e essencial como um elefante, que muitas vezes nem sabe onde meter a sua tromba. O multifacetado artista e curador do Clube Quindim, Ziraldo, emprega o seu inconfudível traço, brincando, estilizando as particularidades de cada personagem, conferindo mais força e dramaticidade às cenas.
O homem que lia as pessoas
O escritor entrega ao leitor um resgate do tempo de menino e das muitas experiências que dividiu com o seu pai. O afeto, a cumplicidade, a amizade e a descoberta de valores são alguns dos temas que o autor revela nessa relação. “As coisas que nós vivemos estão em prateleiras dentro do meu coração” – palavras do próprio escritor.