As boas histórias nunca ficam velhas, e têm o poder de mobilizar e emocionar gerações atrás de gerações. Recebem, em alguns casos, atualizações do tempo que percorrem, nesse processo de serem contadas e recontadas. É o caso de Aladim, conto que integrou a Seleção Quindim do mês de julho 2019, e que é tão popular e encantadora que inspirou diversas versões na literatura e no cinema.

Aladim integra um livro maior, As mil e uma noites, um conjunto de contos populares árabes que passou a ser reunido no século IX. Nele, uma princesa chamada Xerazade usa sua habilidade de contar histórias para se salvar da fúria de um sultão. Há algumas versões dessa coletânea, mas a mais popular por aqui é a que se baseia na tradução do francês Antoinne Galland, de 1704. Galland incluiu histórias que não existiam nas outras versões, como “Aladim”, que ouviu de um contador de histórias sírio.

Aladim original traz uma série de aspectos diferentes daqueles disseminados em versões mais atuais. Por exemplo, nela, o rapaz vive na China. Ele é filho de um tecelão, mas não quer aprender a profissão do pai, o que acaba por matá-lo de desgosto. Um dia, aparece por ali um suposto tio de Aladim que o convoca a uma missão: encontrar uma lâmpada mágica. Embaixo de uma pedra, ele encontra uma cova cheia de tesouros. Também se vê diante de dois gênios: um de um anel que o tio lhe deu, e outro da lâmpada.

Na versão original, Aladim tem direito a quantos desejos quiser. E, quando conhece a princesa, apaixona-se e mobiliza o poder dos gênios diante dessa conquista. Além disso, precisa enfrentar o conselheiro do sultão, que também deseja se casar com a princesa. Contudo, uma teia complexa de eventos lhe aguarda para que chegue a seu destino final.

As versões do cinema de Aladim

A adaptação animada da Disney, em 1992, certamente é responsável pela versão mais popular dessa história. Nela, Aladdin habita a Arábia e é um rapaz órfão que vive nas ruas e tem bom coração. Um grupo de ladrões o chama para o desafio de pegar a lâmpada mágica dentro de uma caverna. Ali, ele conhecerá o carismático gênio azul, que lhe concede três pedidos.

Aladdin também se apaixona pela princesa Jasmine, e da mesma maneira precisa lidar com o cruel conselheiro do rei, Jafar, que quer a lâmpada mágica e o trono.

Como é característico das produções da Disney, o filme traz um toque mais fantástico, por meio de personagens como o tapete mágico, que salva Aladim de perigos e ajuda a encantar Jasmine. E ainda apresenta animais que capturam nossa atenção, como o macaco Abu, companheiro de Aladdin, o tigre de Jasmine, Rajah, e Iago, o papagaio igualmente cruel de Jafar.

A trama dá destaque ao amor entre os protagonistas e deixa uma linda mensagem de que o rapaz só conquistará o coração da moça se realmente for ele mesmo.

É curioso notar, contudo, como cada versão traz aspectos do contexto histórico. No ano de 2019, a Disney lançou o Aladdin em live-action, ou seja, com atores reais. O filme tem grande parte dos aspectos semelhantes à versão animada: também se passa na Arábia, tem tons mágicos e pinta Aladim como o jovem órfão de bom coração, apaixonado pela princesa.

A novidade aqui é que Jasmine traz a marca de seu tempo: em vez de ser uma princesa que aguarda o casamento com alguém que se tornará sultão, ela mesma está preparada e desejosa para ser a sultana.

A garota demonstra insatisfação ao ser colocada na posição de futura esposa. Justa e cheia de energia, quer assumir o trono e mudar o destino do seu país, sem entrar em conflitos desnecessários com os vizinhos e sem perpetuar a fome do seu povo.

Ela não negará o amor por um bom rapaz, quando chegar sua hora, mas não faz sua vida em torno disso, e quer ser tão atuante quanto seu companheiro na direção de seu país. Trata-se de uma protagonista atual, capaz de inspirar as meninas dessa geração a desejarem mais do que um príncipe encantado e a buscarem a força dentro de si – uma mensagem mais saudável, afinal de contas.

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