Terrível, com sua pelagem preta, era o lobo mais forte e temido do bosque, assustava até os mais corajosos dos lobos e também gostava de usar esse medo para fazer sua família tremer com a sua presença.
Um dia, seus filhos resolvem aplicar uma peça no pai, decidem tirar as botas e luvas pretas que o tornavam ainda mais feroz, e após o fazer dormir com a sua canção de ninar costumeira, iniciaram o plano traquinas. Porém, ao tirar todos os acessórios, ficaram surpreendidos e mal podem acreditar: o papai era completamente colorido, um pé verde, outro rosa, uma mão amarela, outra azul. Rapidamente correram até o fundo mais sombrio do bosque e enterraram as botas e as luvas em um buraco extremamente fundo.
Ao acordar e ver seu segredo revelado, Terrível se sentiu ridículo e procura de todas as formas voltar à sua cor preta. Recorre ao lobo-pintor, ao lobo-médico e até ao lobo-dono-da-venda, mas a cada tentativa, as cores insistem em aparecer.
Com um texto rápido, Alain Serres desconstrói o mito do lobo mal tão presente nos contos tradicionais, nos levando a pensar como as expectativas da sociedade nos fazem criar armaduras que escondem a nossa real essência e, por outro lado, a importância dos laços afetivos e do acolhimento para expressar as nossas vulnerabilidades. As ilustrações de Bruno Heitz, reforçam essa ideia, com desenhos simples e cores fortes chamativas, contrastando e reforçando a trajetória de Terrível durante a história. Prontos para ficarem terrivelmente encantados?