O Senhor Cem Cabeças é, na verdade, uma criatura sem cabeça! Ele acorda cedinho e já aparece ansioso para escolher a melhor cabeça que se encaixe no seu corpo e expresse tudo que sente:
Preciso de uma cabeça bonita
Como um chapéu bem ajustado
Para impressionar minha visita
Uma fina cabeça de apaixonado
E, uma a uma, ele vai experimentando não só muitas cabeças, mas as dúvidas e as alegrias que sentimos à espera da pessoa amada. Nesse processo incessante de se vestir e se despir, nos deparamos com a representação da vida, os altos e baixos, e as inconstâncias inevitáveis.
A francesa Ghislaine Herbéra, escritora e ilustradora, nos apresenta um leque de possibilidades a partir da rica cultura de máscaras, de diferentes tipos, de várias partes do mundo. Cada máscara traz consigo um grande repertório de expressões e significados. Tem máscara carrancuda, sombria, alegre, raivosa, que provoca risos e até mesmo choro e, assim, cada uma traduz a pluralidade e profundidade das emoções que experienciamos em momentos específicos na nossa vida cotidiana.
As ilustrações, com foco na alegoria das máscaras, buscam reforçar o poder que elas têm em comunicar cada emoção que transita nesse vai e vem das nossas vivências, como as máscaras do teatro nô japonês, que representam medo, ou as da commedia dell’arte italiana, com suas representações de tristeza, alegria e riso.
No final do livro, a autora nos presenteia revelando o lugar de origem das máscaras, na sequência em que elas aparecem na história, tornando ainda mais rico o legado cultural e mostrando como, embora os sentimentos sejam os mesmos, cada cultura tem uma forma poética de representá-los.