Junto ao nome de Robin Hood ressoa o velho bordão — tirar dos ricos para dar aos pobres — e completamos imediatamente tal preceito com a imagem moral da justiça. À frente de um bando de homens fora da lei, Robin apresenta-se como um bem-humorado herói inglês que devolvia ao povo oprimido o que dele fora tomado à força de impostos e da espada, pela nobreza, donos de terras e castelos, pelos governantes e altos funcionários, pelos juízes e magistrados que condicionavam as leis severamente contrárias à mínima manutenção de bens e da própria sobrevivência. Muitas vezes, a figura ágil de Robin Hood surpreendia os incautos pelas estradas e pela floresta de Sherwood, nos arredores de Nottingham, manejando arco e flecha, vestindo um chapéu com capa que lhe daria o notório codinome que significa o encapuçado ou capuz de pintarroxo.
Numerosas façanhas de Robin Hood foram narradas por meio de de baladas e lendas medievais que nasceram justamente em torno de seu caráter mítico. Supostamente, ele também era um nobre que viveu nos tempos de Ricardo Coração de Leão e testemunhou, no século XII, a ostensiva exploração do povo mais humilde para financiar e depois saldar as dívidas da campanha militar com o insucesso da Terceira Cruzada. Fato é que tudo o que a História esconde vai se transformando em canção e matéria literária — e os primeiros textos escritos a respeito de Robin Hood apenas puderam ser encontrados a partir do século XV.
Com a prosa ligeira de Louis Rhead na tradução de Tatiana Belinky, esta edição é uma espécie de sumário investigativo a respeito do herói. Mesclando o propósito das antigas crônicas à forma de uma novela, em capítulos, o autor inglês conectou as aventuras de Robin Hood ao contexto histórico e aos costumes de época que se imagina tenha ele vivido. Desde o nascimento de Robert Fitzooth, em Locksley, e ver-se como moço alto e bem-posto, num incidente aos quinze anos que o obrigaria a mudar seu nome para escapar da Guarda Real, aqui veremos outras origens e caminhos para o personagem... Na edição de 1912, o próprio Louis Rhead ilustrou o livro, sendo um renomado desenhista, gravurista e pintor. Suas artes, nesta publicação, foram substituídas pelas imagens de Daniel Araújo que trabalha com uma linguagem familiar às histórias em quadrinhos.